Por Álvaro Blasina
Caros amigos leitores,
É com imenso prazer que faço chegar alguns aprendizados fruto de mais de 25 anos criando canários de cor. Considerando que o tema é extremamente extenso, abordaremos um tópico de cada vez para melhor entendimento do assunto.
MANEJO NA REPRODUÇÃO PLANEJAMENTO
O planejamento do número de casais por cor, é extremamente importante para um bom trabalho à longo prazo.
A seleção genética, nada mais é do que a fixação de genes desejáveis e de alta qualidade e a eliminação daqueles por nós considerados indesejáveis. Isto, tanto para o que refere à qualidade propriamente dos indivíduos, como ao seu comportamento reprodutivo e resistência às doenças, fertilidade e fecundidade fatores também diretamente ligados à genética. É portanto de extrema importância, o uso de um número expressivo de matrizes por cor ou raça criadas para obtermos um universo grande o suficiente que nos permita formar verdadeiras "famílias" dentro das quais possamos efetuar a devida seleção sem necessidade praticamente nenhuma de recorrermos à compra de matrizes de outros criadouros e fugindo ao mesmo tempo do fantasma da consangüinidade.
DESEMPENHO REPRODUTIVO
Todas as matrizes são avaliadas individualmente no final da temporada de cria, sendo eliminadas aquelas que não tenham alcançado metas mínimas de desempenho. Os limites mínimos exigidos são: postura mínima de 10 ovos em toda a temporada, cria mínima de 4 filhotes no mesmo período. Desvios de comportamento tais como baixa fecundidade dos machos, fêmeas que botam no chão, tratam mal dos filhotes, bicam suas penas, quebram os ovos, etc. também são rigorosamente anotados no histórico de cada reprodutor.
TRIAGEM
As fêmeas são divididas em sua avaliação em 3 categorias: 1) qualidade excepcional, excelente criadeira; 2) boa qualidade excelente criadeira; 3) insuficiente como criadeira. As fêmeas de categoria 1 (aproximadamente 40%), são separadas e colocada uma marca na voadeira, assegurando seu uso para o ano seguinte. As fêmeas de categoria 2 (aproximadamente 40%), também separadas e identificadas. A tendência é de que serão superadas pela qualidade das filhotas e comercializadas. As fêmeas da categoria 3 (aproximadamente 20%) são colocadas num recinto separado e identificadas para evitar de serem vendidas a criadores. Eliminados os reprodutores de baixo desempenho, o nível de evolução de qualidade dos filhotes indicará a quantidade de adultos a serem reaproveitados. Normalmente o plantel é formado aproximadamente de 20% de adultos de 1 ano e 80% de filhotes. São raríssimos os casos em que ficamos com reprodutores com mais de 2 anos. A seleção genética, pela sua complexidade, poderá ser abordada em novas edições.
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE DOENÇAS
Dividimos o ano em 3 etapas diferentes, pela sua exigência alimentar, vulnerabilidade, atividade, etc. 1) Muda ( de janeiro à abril) 2) descanso (de abril à julho) 3) cria (de agosto à dezembro)
O calendário anual, é o seguinte:
Janeiro/ Fevereiro final da cria.
São separados os reprodutores e aplicado Ivomec pour-on em todos eles. Utilizamos este produto como aliado para eliminar parasitar externos e internos. Aplicamos o mesmo tratamento em todos os filhotes, aproximadamente 15 dias após separados da mãe. O motivo deste prazo é evitar o excesso de stress caso seja aplicada a medicação imediatamente depois de desmamados.
Março
Vacinação massiva (todos os adultos e filhotes) contra varíola (bouba).
Ano inteiro
A cada 40 dias tratamento preventivo contra micoplasmose com Linco-Spectin ou Tylan. Considerando que o Linco-Spectin é menos agressivo para a flora intestinal, utilizamos o mesmo o ano todo com exceção de 2 aplicações com Tylan na época de "descanso" tendentes a evitar qualquer resistência ao Linco-Spectin.
A prevenção às doenças digestivas é feita mediante o uso de preventivos de última geração não agressivos, tais como lactobacilos vivos, açúcares complexos, acidificantes, etc. adicionados à farinhada o ano todo. Estes produtos tem reduzido muito a mortandade de filhotes depois de separados.
A época de cria é adicionado à farinhada utilizada para tratar dos filhotes, NF180 na proporção de 1gr. por kg de farinhada pronta e Nistatina 4 gotas para 100 grs. de farinhada pronta.
Fornecemos na água ou na farinhada Multi-hepato (Antitóxico e protetor hepático) e Multi-ativo (eletrólitos).
Nos casos de ulcerações, inflamações, feridas, etc. nas patas, utilizo uma pomada chamada Equiderm, de excelente ação contra fungos, bactérias e com função também antiinflamatória.
Possuímos 4 cômodos, sendo 2 para criação e 2 para colocar os filhotes. Assim sendo, os cômodos previstos para criação, são esvaziados com a maior antecedência possível desinfetados etc. para evitar ao máximo a existência de germes na hora do acasalamento. Todas as gaiolas, poleiros, etc. passam por um tratamento rigoroso de desinfeção. Utilizamos o desinfetante Virkon para tal finalidade pois não enferruja o material e é de alta eficácia. Antes de iniciar os trabalhos no criadouro, todas as pessoas devem desinfetar a sola dos sapatos num pediluvio com Virkon e também as mãos com o mesmo produto.
ACASALAMENTO
Começamos na primeira semana de agosto. Considerando a quantidade de fêmeas a serem utilizadas (aproximadamente 500 gaiolas) deve-se realizar um trabalho prévio de organização. Nunca juntamos antes do acasalamento, machos e fêmeas na mesma gaiola ou voadeira. Fazemos a seleção dos exemplares que serão utilizados como matrizes no mês de abril, antes de iniciar a venda. Guardamos aproximadamente 15% de matrizes à mais como reserva para substituir aquelas que falharem na cria, morrerem, etc.
Separamos as matrizes por cor e sexo para uma fácil localização na hora do acasalamento. Começamos pegando as fêmeas por cor e avaliando com extremo cuidado as características de cada uma. As ordenamos por qualidade, colocando nas gaiolas pela ordem descendente ( a melhor primeiro). Desta forma, já sabemos para efeitos de seleção no ano seguinte, que a tendência é de que a primeira metade integre o plantel novamente e a segunda metade seja superada em qualidade pelas melhores filhotas.
Os casais são formados sempre visando multiplicar virtudes e eliminando defeitos. Usamos sempre as melhores fêmeas com os melhores machos.
INSTALAÇÒES E IMPLEMENTOS
Gaiolas
Utilizamos o mesmo modelo há anos. São do tipo de arame, com 6 comedouros externos de meia lua, medida 50x 26 de altura x 30 de profundidade, com divisão ao meio. O fundo sobressai 5 cm, de tal forma que a maioria das cascas das sementes caiam nele e sujem menos o chão.
Ninhos de armação de arame com forro de corda. Cálcio e areia colocamos "pedras" de cálcio que contém areia, ostra moída, casca de ovo. As mesmas podem ser substituídas por "grit".
Separação
Separamos as gaiolas com divisões plásticas semitransparentes para evitar que os casais se vejam.
Material de aninhagem
Utilizamos tecido de juta, cortado em quadrados de aproximadamente 5 cm e prendemos na gaiola com pregador para que a fêmea retire o material necessário para confecção dos ninhos.
Potes
Utilizamos dois tipos diferentes para colocar a farinhada. Um menor preso à porta para as gaiolas que estão sem filhotes, e um maior no fundo da gaiola para as fêmeas com filhotes. Todos eles de plástico.
Identificação de gaiolas
Todas são numeradas e forma criados códigos para rápida visualização da situação de cada gaiola. No canto superior esquerdo, indica-se se está em postura, chocando ou com filhotes. Azul, indica chocando, e vermelho indica com filhotes. No canto superior direito, observações sobre comportamento reprodutivo, tais como rejeição de anel, fêmeas que tratam pouco, etc. etc. No centro, colocamos indicação de alguma observação mais imediata ( ex. suspeita de ter abandonado o ninho, rejeição do anel, etc.)
ANOTAÇÕES
Uma informação precisa e completa é de extrema importância. No momento de acasalar, anotamos o número de anel, cor e características de cada fêmea. Por outro lado, o número de anel, cor, características do macho e gaiolas onde inicialmente irá cobrir. É praticada a poligamia, sendo que por razões variadas, podemos variar os machos utilizados com uma fêmea entre uma ninhada e a outra.
Utilizamos um caderno em forma de agenda, onde serão anotadas diariamente o número das gaiolas que chocaram, número de anel e cor do macho, 10 dias depois, anotamos junto do número da gaiola a quantidade de ovos colocados e quantidade fecundados. Também diariamente os filhotes anilhados, com número, e gaiola da qual são filhos. Finalmente em outro setor, anotamos eventuais transferências de ovos ou filhotes de uma gaiola para outra.
Tudo isto fica na forma de rascunho nesse caderno e é digitado para o computador onde os dados são processados de forma a termos uma informação rápida e completa de tudo que ocorre no criadouro.
ALIMENTAÇÃO
Utilizamos mistura de sementes com seqüestrante de micotoxinas que é um produto que inibe o efeito tóxico de eventuais fungos presentes nas sementes.
A farinhada deve ter um teor de proteína entre 18% e 20%, principalmente para o período de reprodução. Fornecemos farinhada diariamente no período de muda. À partir do mês de março começamos a folgar um dia por semana, depois 2, etc. até chegar a fornecer farinhada 4 vezes por semana. Quando acasalamos, voltamos a fornecer farinhada diariamente, com exceção das fêmeas que estão chocando , que ficam somente se alimentando com mistura de sementes.
TÉCNICAS DE ACASALMENTO NOS CANÁRIOS LIPOCRÔMICOS
Por Álvaro Blasina
Resulta fundamental para atingir o sucesso na criação de canários, a compreensão de que as "técnicas de acasalamento" começam bem antes de efetivamente juntarmos os canários que iremos utilizar na criação. Permito-me enfatizar algumas etapas fundamentais de extrema importância para o sucesso na criação.
Planejamento saber exatamente qual a cor que desejamos criar, o espaço de que dispomos para a criação, fazer uma projeção o mais detalhada possível será o primeiro passo para o sucesso.
Conhecimento Uma vez definida a cor que desejamos criar, devemos nos aprofundar no conhecimento teórico e prático dessa cor. Quais são os critérios de julgamento, e quais os canários de melhor qualidade no momento para podermos dessa forma definir com mais clareza quais os canários do plantel que tem padrão suficiente para aspirar a um resultado animador e quais estão longe o suficiente de nossas aspirações de forma que os mesmos sejam descartados da criação. Considerando que em quase todas as cores evidenciamos uma evolução notória na qualidade dos exemplares apresentados, resulta fundamental uma permanente reciclagem e apurada observação para nos sentirmos mais capacitados para uma justa avaliação dos nossos exemplares e comprar as matrizes mais convenientes.
Fatores de seleção
O acasalamento é o momento mais importante no calendário ornitológico pois cabe a nós extrairmos do material genético disponível, o maior proveito com produtos de alta qualidade. Assim sendo, dependerá das decisões que tomemos, a qualidade dos filhotes resultantes. Para tal fim, creio fundamental lembrar que podemos dividir os inúmeros fatores de seleção, em dois grandes grupos, cuja compreensão é de extrema importância. Chamaria estes grupos de "extremos" e "intermediários". Os fatores de seleção "extremos" são aqueles que visam a máxima expressão sempre. O objetivo é: quanto maior expressão, melhor. Assim sendo, um vermelho, quanto mais vermelho, melhor; a plumagem, quanto mais sedosa melhor. A distribuição do lipocrômo, quanto mais homogênea, melhor. Para estes fatores extremos, não há limites de qualidade e portanto, nos pais devemos sempre procurar a maior expressão possível. Já os fatores "intermediários" o cuidado é maior, considerando que o ponto ideal é um equilíbrio entre os extremos. Temos como exemplo, o fator nevado. A névoa não pode ser nem muito longa nem extremadamente curta. Os fatores que determinam a forma sempre estão sujeitos a um equilíbrio constante. Ex. tamanho entre 13 e 15 cm, cabeça nem muito grande nem pequena, peito nem muito profundo nem muito fino, etc.
Nestes casos, a formação dos casais deve sempre visar o complemento, ou seja, que (considerando que nenhum canário é perfeito), os defeitos de cada componente do casal sejam compensados com as virtudes do outro.
Prioridades Finalmente, devemos lembrar na hora do acasalamento, quais as prioridades que serão levadas em conta na hora dos nosso pássaros serem julgados. São nessas prioridades que devemos concentrar o nosso objetivo de qualidade, é claro, sem desprezar os outros fatores. Nos canários lipocrômicos, por eles não apresentarem melaninas, 50% da pontuação no julgamento corresponde à variedade (cor) e categoria ( intenso, nevado e mosaico). Concluímos portanto que caso desviemos nossa atenção para outros fatores, ( tamanho, forma, etc.) as chances de insucesso estarão aumentando.
Resta apenas desejar aos amigos canaricultores, muito sucesso e excelentes resultados,
Caros amigos leitores,
É com imenso prazer que faço chegar alguns aprendizados fruto de mais de 25 anos criando canários de cor. Considerando que o tema é extremamente extenso, abordaremos um tópico de cada vez para melhor entendimento do assunto.
MANEJO NA REPRODUÇÃO PLANEJAMENTO
O planejamento do número de casais por cor, é extremamente importante para um bom trabalho à longo prazo.
A seleção genética, nada mais é do que a fixação de genes desejáveis e de alta qualidade e a eliminação daqueles por nós considerados indesejáveis. Isto, tanto para o que refere à qualidade propriamente dos indivíduos, como ao seu comportamento reprodutivo e resistência às doenças, fertilidade e fecundidade fatores também diretamente ligados à genética. É portanto de extrema importância, o uso de um número expressivo de matrizes por cor ou raça criadas para obtermos um universo grande o suficiente que nos permita formar verdadeiras "famílias" dentro das quais possamos efetuar a devida seleção sem necessidade praticamente nenhuma de recorrermos à compra de matrizes de outros criadouros e fugindo ao mesmo tempo do fantasma da consangüinidade.
DESEMPENHO REPRODUTIVO
Todas as matrizes são avaliadas individualmente no final da temporada de cria, sendo eliminadas aquelas que não tenham alcançado metas mínimas de desempenho. Os limites mínimos exigidos são: postura mínima de 10 ovos em toda a temporada, cria mínima de 4 filhotes no mesmo período. Desvios de comportamento tais como baixa fecundidade dos machos, fêmeas que botam no chão, tratam mal dos filhotes, bicam suas penas, quebram os ovos, etc. também são rigorosamente anotados no histórico de cada reprodutor.
TRIAGEM
As fêmeas são divididas em sua avaliação em 3 categorias: 1) qualidade excepcional, excelente criadeira; 2) boa qualidade excelente criadeira; 3) insuficiente como criadeira. As fêmeas de categoria 1 (aproximadamente 40%), são separadas e colocada uma marca na voadeira, assegurando seu uso para o ano seguinte. As fêmeas de categoria 2 (aproximadamente 40%), também separadas e identificadas. A tendência é de que serão superadas pela qualidade das filhotas e comercializadas. As fêmeas da categoria 3 (aproximadamente 20%) são colocadas num recinto separado e identificadas para evitar de serem vendidas a criadores. Eliminados os reprodutores de baixo desempenho, o nível de evolução de qualidade dos filhotes indicará a quantidade de adultos a serem reaproveitados. Normalmente o plantel é formado aproximadamente de 20% de adultos de 1 ano e 80% de filhotes. São raríssimos os casos em que ficamos com reprodutores com mais de 2 anos. A seleção genética, pela sua complexidade, poderá ser abordada em novas edições.
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE DOENÇAS
Dividimos o ano em 3 etapas diferentes, pela sua exigência alimentar, vulnerabilidade, atividade, etc. 1) Muda ( de janeiro à abril) 2) descanso (de abril à julho) 3) cria (de agosto à dezembro)
O calendário anual, é o seguinte:
Janeiro/ Fevereiro final da cria.
São separados os reprodutores e aplicado Ivomec pour-on em todos eles. Utilizamos este produto como aliado para eliminar parasitar externos e internos. Aplicamos o mesmo tratamento em todos os filhotes, aproximadamente 15 dias após separados da mãe. O motivo deste prazo é evitar o excesso de stress caso seja aplicada a medicação imediatamente depois de desmamados.
Março
Vacinação massiva (todos os adultos e filhotes) contra varíola (bouba).
Ano inteiro
A cada 40 dias tratamento preventivo contra micoplasmose com Linco-Spectin ou Tylan. Considerando que o Linco-Spectin é menos agressivo para a flora intestinal, utilizamos o mesmo o ano todo com exceção de 2 aplicações com Tylan na época de "descanso" tendentes a evitar qualquer resistência ao Linco-Spectin.
A prevenção às doenças digestivas é feita mediante o uso de preventivos de última geração não agressivos, tais como lactobacilos vivos, açúcares complexos, acidificantes, etc. adicionados à farinhada o ano todo. Estes produtos tem reduzido muito a mortandade de filhotes depois de separados.
A época de cria é adicionado à farinhada utilizada para tratar dos filhotes, NF180 na proporção de 1gr. por kg de farinhada pronta e Nistatina 4 gotas para 100 grs. de farinhada pronta.
Fornecemos na água ou na farinhada Multi-hepato (Antitóxico e protetor hepático) e Multi-ativo (eletrólitos).
Nos casos de ulcerações, inflamações, feridas, etc. nas patas, utilizo uma pomada chamada Equiderm, de excelente ação contra fungos, bactérias e com função também antiinflamatória.
Possuímos 4 cômodos, sendo 2 para criação e 2 para colocar os filhotes. Assim sendo, os cômodos previstos para criação, são esvaziados com a maior antecedência possível desinfetados etc. para evitar ao máximo a existência de germes na hora do acasalamento. Todas as gaiolas, poleiros, etc. passam por um tratamento rigoroso de desinfeção. Utilizamos o desinfetante Virkon para tal finalidade pois não enferruja o material e é de alta eficácia. Antes de iniciar os trabalhos no criadouro, todas as pessoas devem desinfetar a sola dos sapatos num pediluvio com Virkon e também as mãos com o mesmo produto.
ACASALAMENTO
Começamos na primeira semana de agosto. Considerando a quantidade de fêmeas a serem utilizadas (aproximadamente 500 gaiolas) deve-se realizar um trabalho prévio de organização. Nunca juntamos antes do acasalamento, machos e fêmeas na mesma gaiola ou voadeira. Fazemos a seleção dos exemplares que serão utilizados como matrizes no mês de abril, antes de iniciar a venda. Guardamos aproximadamente 15% de matrizes à mais como reserva para substituir aquelas que falharem na cria, morrerem, etc.
Separamos as matrizes por cor e sexo para uma fácil localização na hora do acasalamento. Começamos pegando as fêmeas por cor e avaliando com extremo cuidado as características de cada uma. As ordenamos por qualidade, colocando nas gaiolas pela ordem descendente ( a melhor primeiro). Desta forma, já sabemos para efeitos de seleção no ano seguinte, que a tendência é de que a primeira metade integre o plantel novamente e a segunda metade seja superada em qualidade pelas melhores filhotas.
Os casais são formados sempre visando multiplicar virtudes e eliminando defeitos. Usamos sempre as melhores fêmeas com os melhores machos.
INSTALAÇÒES E IMPLEMENTOS
Gaiolas
Utilizamos o mesmo modelo há anos. São do tipo de arame, com 6 comedouros externos de meia lua, medida 50x 26 de altura x 30 de profundidade, com divisão ao meio. O fundo sobressai 5 cm, de tal forma que a maioria das cascas das sementes caiam nele e sujem menos o chão.
Ninhos de armação de arame com forro de corda. Cálcio e areia colocamos "pedras" de cálcio que contém areia, ostra moída, casca de ovo. As mesmas podem ser substituídas por "grit".
Separação
Separamos as gaiolas com divisões plásticas semitransparentes para evitar que os casais se vejam.
Material de aninhagem
Utilizamos tecido de juta, cortado em quadrados de aproximadamente 5 cm e prendemos na gaiola com pregador para que a fêmea retire o material necessário para confecção dos ninhos.
Potes
Utilizamos dois tipos diferentes para colocar a farinhada. Um menor preso à porta para as gaiolas que estão sem filhotes, e um maior no fundo da gaiola para as fêmeas com filhotes. Todos eles de plástico.
Identificação de gaiolas
Todas são numeradas e forma criados códigos para rápida visualização da situação de cada gaiola. No canto superior esquerdo, indica-se se está em postura, chocando ou com filhotes. Azul, indica chocando, e vermelho indica com filhotes. No canto superior direito, observações sobre comportamento reprodutivo, tais como rejeição de anel, fêmeas que tratam pouco, etc. etc. No centro, colocamos indicação de alguma observação mais imediata ( ex. suspeita de ter abandonado o ninho, rejeição do anel, etc.)
ANOTAÇÕES
Uma informação precisa e completa é de extrema importância. No momento de acasalar, anotamos o número de anel, cor e características de cada fêmea. Por outro lado, o número de anel, cor, características do macho e gaiolas onde inicialmente irá cobrir. É praticada a poligamia, sendo que por razões variadas, podemos variar os machos utilizados com uma fêmea entre uma ninhada e a outra.
Utilizamos um caderno em forma de agenda, onde serão anotadas diariamente o número das gaiolas que chocaram, número de anel e cor do macho, 10 dias depois, anotamos junto do número da gaiola a quantidade de ovos colocados e quantidade fecundados. Também diariamente os filhotes anilhados, com número, e gaiola da qual são filhos. Finalmente em outro setor, anotamos eventuais transferências de ovos ou filhotes de uma gaiola para outra.
Tudo isto fica na forma de rascunho nesse caderno e é digitado para o computador onde os dados são processados de forma a termos uma informação rápida e completa de tudo que ocorre no criadouro.
ALIMENTAÇÃO
Utilizamos mistura de sementes com seqüestrante de micotoxinas que é um produto que inibe o efeito tóxico de eventuais fungos presentes nas sementes.
A farinhada deve ter um teor de proteína entre 18% e 20%, principalmente para o período de reprodução. Fornecemos farinhada diariamente no período de muda. À partir do mês de março começamos a folgar um dia por semana, depois 2, etc. até chegar a fornecer farinhada 4 vezes por semana. Quando acasalamos, voltamos a fornecer farinhada diariamente, com exceção das fêmeas que estão chocando , que ficam somente se alimentando com mistura de sementes.
TÉCNICAS DE ACASALMENTO NOS CANÁRIOS LIPOCRÔMICOS
Por Álvaro Blasina
Resulta fundamental para atingir o sucesso na criação de canários, a compreensão de que as "técnicas de acasalamento" começam bem antes de efetivamente juntarmos os canários que iremos utilizar na criação. Permito-me enfatizar algumas etapas fundamentais de extrema importância para o sucesso na criação.
Planejamento saber exatamente qual a cor que desejamos criar, o espaço de que dispomos para a criação, fazer uma projeção o mais detalhada possível será o primeiro passo para o sucesso.
Conhecimento Uma vez definida a cor que desejamos criar, devemos nos aprofundar no conhecimento teórico e prático dessa cor. Quais são os critérios de julgamento, e quais os canários de melhor qualidade no momento para podermos dessa forma definir com mais clareza quais os canários do plantel que tem padrão suficiente para aspirar a um resultado animador e quais estão longe o suficiente de nossas aspirações de forma que os mesmos sejam descartados da criação. Considerando que em quase todas as cores evidenciamos uma evolução notória na qualidade dos exemplares apresentados, resulta fundamental uma permanente reciclagem e apurada observação para nos sentirmos mais capacitados para uma justa avaliação dos nossos exemplares e comprar as matrizes mais convenientes.
Fatores de seleção
O acasalamento é o momento mais importante no calendário ornitológico pois cabe a nós extrairmos do material genético disponível, o maior proveito com produtos de alta qualidade. Assim sendo, dependerá das decisões que tomemos, a qualidade dos filhotes resultantes. Para tal fim, creio fundamental lembrar que podemos dividir os inúmeros fatores de seleção, em dois grandes grupos, cuja compreensão é de extrema importância. Chamaria estes grupos de "extremos" e "intermediários". Os fatores de seleção "extremos" são aqueles que visam a máxima expressão sempre. O objetivo é: quanto maior expressão, melhor. Assim sendo, um vermelho, quanto mais vermelho, melhor; a plumagem, quanto mais sedosa melhor. A distribuição do lipocrômo, quanto mais homogênea, melhor. Para estes fatores extremos, não há limites de qualidade e portanto, nos pais devemos sempre procurar a maior expressão possível. Já os fatores "intermediários" o cuidado é maior, considerando que o ponto ideal é um equilíbrio entre os extremos. Temos como exemplo, o fator nevado. A névoa não pode ser nem muito longa nem extremadamente curta. Os fatores que determinam a forma sempre estão sujeitos a um equilíbrio constante. Ex. tamanho entre 13 e 15 cm, cabeça nem muito grande nem pequena, peito nem muito profundo nem muito fino, etc.
Nestes casos, a formação dos casais deve sempre visar o complemento, ou seja, que (considerando que nenhum canário é perfeito), os defeitos de cada componente do casal sejam compensados com as virtudes do outro.
Prioridades Finalmente, devemos lembrar na hora do acasalamento, quais as prioridades que serão levadas em conta na hora dos nosso pássaros serem julgados. São nessas prioridades que devemos concentrar o nosso objetivo de qualidade, é claro, sem desprezar os outros fatores. Nos canários lipocrômicos, por eles não apresentarem melaninas, 50% da pontuação no julgamento corresponde à variedade (cor) e categoria ( intenso, nevado e mosaico). Concluímos portanto que caso desviemos nossa atenção para outros fatores, ( tamanho, forma, etc.) as chances de insucesso estarão aumentando.
Resta apenas desejar aos amigos canaricultores, muito sucesso e excelentes resultados,