FATORES DE MUTAÇÃO DO CANÁRIO NO PINTASSILGO
Aqui fica um artigo do Sr. ANGEL MARTIN MINANO- ESPANHA.Se nos concentrarmos apenas sobre os "olhos vermelhos", temos que levar em conta que no canário existem duas mutações com esta característica: o ACETINADO, que é ligado ao sexo, com o que as formulações são idênticas a todas mutações que tenham este mecanismo de transmissão hereditária (PASTEL, MARFIM, AGATA, CANELA e ISABELINO), e o INO, que é "recessivo", pelo que o que digamos sobre ele é aplicável às mutações que tenham este mecanismo hereditário (OPALINO e INO).
O problema básico está em que tenhamos que contar com a fertilidade dos F-1 (Pintagol) e seus sucessivos F-1. F-3 ETC., TANTOS os MACHOS como as FÊMEAS, e nos quais os "PORTADORES" não sejam fenotipicamente reconhecíveis o que, em especial, vá agonizar o problema na transmissão de caracteres recessivos, a não ser que montássemos, às cegas, todos os exemplares obtidos. Contando com este "handicap", passamos a expor as possibilidades teóricas.
1- Método de SUBCRUZAMENTO (acasalamento de híbridos entre si)
a) Para os “olhos vermelhos” “ligados ao sexo" (Acetinado) e as demais mutações "olhos negros” assim transmitidos. Montar 2 casais (para evitar o cruzamento posterior entre irmãos), com MACHO CANÁRIO ACETINADO e FÊMEA PINTASSILGO. Os F-1 Machos obtidos serão TODOS portadores de acetinado, e as Fêmeas serão TODAS acetinadas. Acasalando-se na seguinte geração um MACHO F-1 portador, com uma fêmea F-1 acetinado, obteremos o R-1, que nos dará 25% de machos acetinados, 25% de fêmeas acetinado e 25% de fêmeas normais. Agora então, se o híbrido se comporta como MENDELIANO, da sua totalidade dos R-1 obtidos, FENOTIPICA e GENETICAMENTE, 25% serão canários, 50% serão "Pintagóis" e 25% PINTASSILGOS, dos quais, utilizando os machos acetinados ou portadores com as fêmeas acetinado, ou então os machos acetinados ou portadores com fêmea silvestre (embora neste cruzamento só conseguiríamos fêmeas, a totalidade se empregarmos o acetinado e 50% se utilizarmos o portador), com o que, teoricamente, conseguiríamos a fixação.
Para o "olhos vermelhos" "recessivos", o mecanismo seria o similar. A diferença está em que acasalando dois casais de macho ou fêmea canário INO- ou OPALINO- com fêmea ou macho pintassilgo, os F-1 obtidos serão PORTADORES DE INO. Acasalando os F-1 macho e fêmea entre si, obteríamos os R-1 (também 25% de canários,50% idênticos a F-1 e 25% de pintassilgos), Porém destes pintassilgos, 25% seriam INO, 50% portadores e 25% normais, entre o portador e o normal não haveria diferença fenotipica, para o que no seguinte passo teríamos que cruzar os exemplares INOS- machos e fêmeas- com os exemplares não inos, para buscar a coincidência de que a fêmea ou o macho seja portador. Agora então, devido às dificuldades expostas no inicio, referentes a dificuldades de fertilidade da fêmea F-1 e, inclusive á possibilidade de que o "mendelianismo" não se produza pureza, penso que, dentro da dificuldade, tenha mais possibilidade, embora sendo a prazo mais longo, o seguinte método:
Método de "CADEI DE Fs" (cruzamento de um híbrido com uma das espécies que o produziu). Aqui se trata não só de fixar a característica de mutação desejada, como de ir eliminando em sucessivos cruzamentos sobre a espécie que se deseja fixar- neste caso, o pintassilgo- as características fenotipicas e genotipicas da outra espécie que deu lugar ao F-1- neste caso, o canário- que no F-1 constituem 50% e que nos sucessivos F, feitos sobre pintassilgo vão diminuindo progressivamente, até ficar reduzidos a um mínimo percentual em F-5, que já seria praticamente um pintassilgo (recorde-se o método de introdução no canário do "fator vermelho" a partir do F-1 de carduelis cucullata). É preferível partir, pela sua maior facilidade, de um casal constituído por macho pintassilgo e fêmea canária acetinado que como no primeiro método, se pretendemos obter o "pintassilgo acetinado", creio deve ser de lipocrômo amarelo para evitar o aparecimento do lipocrômo branco dominante não utilizando os prateados, enquanto que seria totalmente improcedente o lipocrômo vermelho- e com melaninas negro-marrons- JÁ que se utilizarmos um "melanina isabelino" nos aparecerá este fator- se bem que isto quer dizer que não seria interessante em outro terreno já que, à parte o pintassilgo acetinado, poderíamos chegar ao branco dominante ou ao isbelino.
O F-1 "pintagol" assim obtido será verde (negro-marrom com lipocrômo amarelo) PORTADOR DE ACETINADO. Cruzando este pintagol com fêmea pintassilgo teremos F-2; destes, 25% serão machos normais, 25% machos portadores de acetinado- embora não distinguíveis fenotipicamente, a não ser cruzamentos de prova - 25% de fêmeas normais e 25% de fêmeas F-2 ACETINADO. Cruzando uma destas fêmeas F-2 acetinado- com as possibilidades de fertilidade superiores a F-1- com um macho pintassilgo silvestre, obteremos o F-3 onde todas as fêmeas serão normais, porém TODOS OS MACHOS serão, novamente, portadores de acetinado. Repetimos o cruzamento desta F-3 com fêmea pintassilgo silvestre e obteremos o F-4, no que teremos novamente o resultado obtido no F-2. isto é, 25% de machos portadores, 25% de machos normais (não distinguíveis fenotipicamente), 25% de fêmeas normais e 25% de fêmeas acetinado. A partir daqui ainda bem caberia a possibilidade dos "cruzamentos a cegas", tentando localizar os portadores, ou inclusive cruzar uma destas fêmeas com um macho F-1, portador seguro de acetinado, porém que teria o inconveniente de aumentar a participação genética do canário que já temos reduzido a proporções mínimas, creio ser preferível fazer outro cruzamento mas de uma destas fêmeas acetinado F-4 com um pintassilgo Sivestre, com o que já teremos o F-5 macho portador de acetinado, quase pintassilgo puro, que já pode fixar-se com a fêmea acetinado F-4. Ou então pode-se continuar com as sucessivas gerações alternativas (como vemos, em uma conseguimos o macho portador e na seguinte a fêmea acetinado(, para maior depuração, dos restos de canário.
Por outro lado penso que uma outra possibilidade seria a criação de quantidade de pintassilgos silvestres, inclusive aproveitando exemplares mutados em liberdade que alguma vez, como em todos os pássaros silvestres, podem encontrar-se, inclusive em alguns casos, utilizando a consangüinidade. Penso que mais cedo ou mais tarde apareceriam as mutações, tal como em alguns criadouros europeus tem ocorrido, com o carduelis cucullata. O que acontece é que com os pássaros abundantes, tanto da Fauna americana( no Brasil), como os de Fauna européia, ao ser muito fácil conseguir-se exemplares de captura, é difícil o interesse pela reprodução em cativeiro a parte do fator que poderíamos denominar de "rentabilidade econômica", do qual já fez parte, por exemplo, o nosso "verderon" ( Chloris); praticamente ninguém se dedicava a criá-lo em cativeiro, até o aparecimento e fixação de uma série de mutações de elevado preço, desencadeando sua proliferação em nossos criadouros.
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