11 de jul. de 2011

MUTAÇÃO FEOS

Os Feos
 João F. Basile da Silva
Criador e Juiz de Canário de Cor

 As inúmeras cores (mais de 300) que compõem a nomenclatura oficial dos canários de cor são fruto das combinações das diversas melaninas existentes e seus lipocromos.
Em 1963, na Bélgica, em uma criação de canários, surgiu uma mutação que depois de selecionada e melhorada de acordo com os padrões oficiais resultou no que hoje nós chamamos de FEOS.
As melaninas que compõem as cores dos Canários são basicamente 2: Eumelanina, (que pode ser negra ou marrom), e Feomelanina, (que é sempre marrom).
Esta mutação, como próprio nome diz, provoca uma inibição das eumelaninas, fazendo com que os exemplares mutantes apresentem apenas a Feomelanina, e são portanto marrons.
Como a posição da Feomelanina é na borda das pernas, que os exemplares Feos apresentam no dorso um desenho escamado, que mostra alguma semelhança como o conhecido "Carijó" das galinhas, comcoloração marrom.
A beleza desses exemplares como pode ser visto pelas fotos é muito grande, o que faz com que exista grande numero de criadores deste tipo de canário. Para se ter uma idéia, no campeonato brasileiro de ornitologia realizado em Londrina, em Julho passado, a série a que pertence os Feos teve 665 canários inscritos e é sem duvida dentro da linha escura, a série com o maior números de representantes.
Esta série possui as seguintes cores: e que são para efeito de concurso divididas em machos e fêmeas:
- feo albino
- feo albino dominante
- feo lutino intenso
- feo lutino nevado
- feo lutino mosaico
- feo lutino marfim intenso
- feo lutino marfim nevado
- feo lutino marfim mosaico
- feo rubino intenso
- feo rubino nevado
- feo rubino mosaico
- feo rubino marfim intenso
- feo rubino marfim nevado
- feo rubino marfim mosaico
Os albinos tem cor de fundo branco (são portanto marrons e brancos), os lutinos tem cor de fundo amarelo (marrons e amarelos) e os rubinos tem cor de fundo vermelho (marrons e vermelhos).
No artigo anterior, abordamos as principais características dos Feos, bem como as cores que compõem essa série para efeito de concurso.
Neste artigo, vamos falar sobre os principais pontos que devem ser observados pelo criador em relação a seus acasalamentos.
Iniciaremos com as regras básicas de acasalamento que servem para todas as cores de canários e não somente para os Feos. Em seguida, falaremos de algumas regras ou observações que são exclusivas dos Feos, e que nos ajudarão a obter melhores exemplares.
As regras básicas são as seguintes: Intenso x Nevado - Deveremos procurar acasalar canários intensos com canários nevados. Isso nos ajuda a obter exemplares como comprimento de pena ideal. Os produtos serão teoricamente 50% de intensos e 50% de nevados.
Os intensos possuem plumagem mais curta e aderente, enquanto que os nevados possuem mais longa e solta. Com esse tipo de casal teremos pássaros com boa plumagem; tanto intensos como nevados. O acasalamento entre dois exemplares nevados resulta em problemas e quistos de penas (bolas) e plumagem em excesso (que atrapalha a formação do desenho).
Por outro lado o acasalamento entre dois exemplares intensos resulta em problemas de plumagem muito curta e exemplares intensos em homozigose, que esteticamente ficam muito prejudicados porque chegam a possuir partes do corpo descobertas (penas muito curtas).
Portador x Puro - Os Feos são oriundos principalmente dos canelas clássicos, que são exemplares que estão mais próximos do canário original e, portanto, teoricamente (com confirmação na pratica), são mais resistentes do que os exemplares Feos - que são os mutantes e são também recessivos. Portanto, é possível e desejável trabalharmos com exemplares canelas portadores de feo.
O resultado desse acasalamento é 50% de exemplares Feos e 50% de exemplares canelas portadores de Feos (tanto machos como fêmeas porque não se trata de mutação ligada ao sexo).
A principal vantagem desse acasalamento é a prolificidade (numero de filhotes) e o vigor (capacidade de sobrevivência) da prole.
Falaremos agora sobre alguns pontos que devem ser observados especificamente nos acasalamentos de Feos.
O grande desafio neste tipo de acasalamento esta em conciliar carga melanica com desenho aliado a uma plumagem de boa qualidade.
Para nós orientarmos devemos ter em mentes dois detalhes sobre a distribuição da feomelanina nas pernas que são localização e tonalidade.
Localização - uma vez que a feomelanina se apresenta na borda das penas mais longas deverão ter uma maior área de atuação da referida melanina (isso pode ocasionar problemas de plumagem e confunde-nos na hora de escolher os portadores.
Tonalidade - quando mais próximo a região central da pena por uma questão de densidade dos pigmentos, a tonalidade do marrom é mais escura.
Essas duas considerações aparente antagônicas, devem ser manejadas pelo criador, de modo a obter pássaros, com plumagem curta, que serão mais escuros, mais não tão curta a ponto de se perder a borda feomelânica. Uma das maneiras de se conferir isso na pratica é trabalhar com alguns pássaros intensos que tenham boa carga melanica independente do desenho. Esses pássaros produzirão nevados com as características descritas acima.
O uso de portadores é importante, principalmente no tocante a produtividade do casal é viabilidade da prole entre tanto não existem provas que o uso de dois pássaros puros produzem qualquer efeito deletére em relação à qualidade das melaninas dos produtos. Quando se trabalha com portadores devemos utilizar pássaros que possuam boa carga tanto de eumelanina como de feomelanina. A eumelanina também é importante, porque ela será a responsável pelo desenho. No produto puro sua ação é inibida no desenho dorsal, deixando uma área "vazia" de melaninas, que alternando-se com as áreas feomelanicas resulta no chamado padrão "marmorizando", de grande valor para esses exemplares.
Resumindo, no acasalamento dos Feos devemos nos valer de:
- Pássaros escuros com a plumagem curta e aderente (sem uma perfeita justa posição das penas o desenho ficará confuso).
- Pássaros intensos com boa carga melanica
- Portadores com boa carga das duas melaninas (devemos visualizar as duas melaninas).
Conforme foi explicado, podemos assim aprimorar mais ainda a qualidade de um pássaro que, sem duvida, está entre os mais belos e interessantes de nossa nomenclatura.
Um pássaro que, se trabalhando corretamente terá sempre seu lugar de destaque em nossas exposições.
Sempre é bom lembrar que um feo deve ter: feomelanina densa e brilhante e desenho.
Os Feos com a melanina opaca e pouco desenho, mesmo que tenham bastante carga de marrom, e estão definitivamente superados.

OS CANÁRIOS FEOS
Daniel Hurtel
Tradução Arnaldo Silva Araújo
Revista União 1998

A mutação que deu origem aos FEOS surgiu em 1964 na criação de um canaricultor belga, Sr. Jean Pierre Ceuppens, de uma linhagem de CANELAS VERMELHOS, e posteriormente na prole de um casal de ISABELINOS AMARELOS. Progressivamente, este criador, seguido por outros aficionados belgas, introduziu a mutação em pássaros com cor de fundo branca e nos outros tipos melânicos clássicos. Originalmente esses pássaros eram muito diluídos, e o que atraiu os criadores foi a novidade e a presença dos olhos vermelhos. Nós conhecemos, então a mutação INO, que foi em seguida introduzida nos canários lipocrômicos, especialmente pelo famoso criador francês, Sr. Ascheri. Apenas alguns anos maiôs tarde esses mutantes atingiram o padrão dos pássaros atualmente denominados FEOS, que são por essência o resultado da associação CANELA. Pouco a pouco, conseguiu-se desenvolver o escurecimento da tonalidade marrom de seu desenho, aliado a uma bela escamação, traduzindo-se nos pássaros espetaculares que hoje conhecemos. Esse trabalho foi feito sobretudo por criadores belgas e franceses. Na França, há uma longa tradição na criação de FEOS, e foi com exemplares desta cor que nosso país obteve a maioria das medalhas nos Campeonatos Mundiais em que participamos.
A mutação INO introduzida no tipo melânico CANELA provoca o desaparecimento completo da eumelanina marrom, dando origem aos olhos vermelhos, mas deixa intocada a feomelanina. A tonalidade desta será medida por sua intensidade e pela pureza de origem (intensidade fraca se misturada com a eumelanina). 
HEREDITARIEDADE
A mutação INO é recessiva autossômica:
INO X INO = 100% DE INOS.
INO X CVLÁSSICOS = 100% DE CLÁSSICOS portadores de INO.
INO X  portador de INO = 50% de INOS e 50% de portadores de INO.
Portador de INO x portador de INO = 25% de INOS, 50% de portadores de INO e 25% de CLÁSSICOS. 
PADRÃO
Padrão das fêmeas, na França, é o mesmo que o padrão oficial da C.O.M. Vamos relembra-lo porque todo criador deve conhece-lo muito bem.
“Os FEOS não apresentam eumelanina negra, mas apenas a melanina marrom (feomelanina) em sua tonalidade máxima e sob a forma de desenho escamado. Este desenho deve apresentar excelente contraste: eixo das penas branco (sem melanina) com a borda marrom escuro. A escamação deve estar presente sobre a cabeça, sob a forma de pequenas estrias “limpas”, depois repartida regularmente sobre todo o dorso, nas espáduas e nos flancos. As remiges e retrizes devem apresentar bordas de tonalidade marrom bem escuro. A melanina marrom deve manifestar-se em rodo o corpo do pássaro, desde sobre o bico até o uropígio. O bico, as patas e as unhas são unicolores e claros. Os olhos são vermelhos”.
NA França os juizes sempre julgaram e apreciaram os machos, atribuindo-lhes freqüentemente títulos de campeões. É por este motivo que a criação de FEOS progrediu tanto em nosso país, porque os melhores machos de concurso são também os melhores reprodutores. Depois de três anos, foi elaborado um padrão para os machos, que será apresentado para aprovação da C.O.M.. Este padrão é o seguinte:
“Como nas fêmeas, a melanina marrom deverá manifestar-se em sua tonalidade máxima e o desenho deverá ser bem escamado. O tipo d 4eescamação será semelhante ao observado nas fêmeas. A envoltura do exemplar deverá ser diferente da verificada nas fêmeas, de forma a marcar sua característica de macho. Sobre a cabeça, a melanina deverá aproximar-se do bico sem toca-lo. Portanto, na face deverá exprimir-se constituindo uma “máscara” luminosa, na qual se poderá perceber leve presença melânica. A partir do contorno da “máscara” facial, o desenho melânico partirá em sua tonalidade máxima. A nuca e as bochechas será bem marcadas (escamas melânicas). Os lados do peito também será bem marcados, mas em seu centro o lipocromo deverá aparecer levemente, através de uma névoa melânica regularmente repartida”. 
PRINCIPAIS DEFEITOS RELACIONADOS NO PADRÃO
Deficiência da tonalidade marrom: feomelanina de intensidade muito fraca ou misturada em sua origem com a eumelanina marrom, que ao desaparecer por causa da mutação INO, faz com que nos enganamos quanto à verdadeira tonalidade do marrom.
-Má escamação: estrias dorsais muito largas e que se misturam umas com as outras. Desta forma, elas serão também menos numerosas do que o recomendado no padrão.
-Falta de desenho na cabeça ou nos flancos: é semelhante à falta de estrias eumelânicas sobre a testa e os flancos dos portadores, que se reproduz nos FEOS.
-Falta de contraste: pode ser provocada pela feomelanina muito diluída no lipocromo por uma má escolha dos reprodutores portadores de FEO. Também pode ser originada nos machos muito feminilizados ou sem fator ótico. O bom macho para reprodução corresponde ao que foi descrito anteriormente para um bom macho de concurso.
-Fronte clara ou diluição facial: é a ausência ou diluição da feomelanina na zona frontal da cabeça. Nos portadores se manifesta numa fronte de cor acinzentada.
-Mau desenho das espáduas: se a plumagem é muito larga, as penas de cobertura do dorso caem e recobrem as espáduas, ocultando a parte mais espetacular do desenho. 
ESCOLHA DOS REPRODUTORES E ACASALAMENTOS
Empregue exclusivamente exemplares com cor de fundo BRANCO DOMINANTE, porque eu jamais vi um FEO ALBINO RECESSIVO tão marrom quanto o desejável. Não use muita verdura ou outro tipo de alimentação que possa provocar o aumento das incrustações amarelas nas remiges.
-As fêmeas portadoras deverão ser muito marrons, com estrias finas e entrecobertas, apresentando assim um aspecto “apastelado”.
Os machos puros ou portadores utilizados por mim são sempre os irmãos das melhores fêmeas. Eles não deverão ser muito marrons no peito, porque isso acarretaria estrias muito largas e tendência à plumagem excessivamente longa.
Devemos acasalar sistematicamente pássaros de fundo amarelo, e puros com portadores. Isso permite conservar a melhor tonalidade de feomelanina, com coloração “avermelhada”. Na criação de exemplares com lipocromo amarelo, com uma rigorosa seleção pode-se obter a mesma qualidade de melanina presente nos de fundo branco. Somente será necessário eliminar os exemplares com lipocromo amarelo, com uma rigorosa seleção pode-se obter a mesma qualidade de melanina presente nos de fundo branco.
Somente será necessário eliminar os exemplares com lipocromo dourado.
-Nos marfins, devemos evitar o acasalamento de dois exemplares puros (marfins).Através da seleção da intensidade do lipocromo, com uma feomelanina muito escura, você poderá obter exemplares de alto padrão.
-A qualidade da plumagem nos FEOS é muito difícil de se obter, e portanto é necessário uma rigorosa seleção quanto a este fator.
-A maioria dessas regras se aplica também na criação de FEOS mosaicos, vermelhos ou amarelos.
  

O NOVO FEO
João F. Basile da Silva
Revista SOV 2004
Entre as cores que mais evoluíram nos últimos anos estão sem dúvida os feos sem fator. 
Dez anos atrás, um feo de qualidade razoável era uma raridade no Brasil.
Com as importações e trabalho de alguns criadores Brasileiros, o padrão dos feos foi evoluindo de maneira firme e acelerada.
A ânsia dos criadores Brasileiros em obter feos com boa carga melânica era tão grande que a seleção e os esforços foram dirigidos principalmente nesse sentido. Os passos foram dados de maneira acelerada e com isso nos anos recentes, notadamente nos últimos 2 ou 3 anos, o padrão dos feos em termos de carga melânica, evoluiu ao ponto de chegar ao mesmo nível dos melhores criadores europeus. Podemos dizer que estão no Brasil alguns dos melhores
planteis de feo sem fator do mundo.
Tudo isso é muito positivo e as pontuações dos feos nos concursos nos mostram essa qualidade. Entretanto nós podemos e devemos exigir mais dos feos. A mesma importância que nós demos até agora à carga melânica. deve ser dada também ao desenho.
A facilidade em se avaliar a carga melânica, e a impressão que ela causa numa primeira vista, nos levou à selecionar os exemplares que contemplavam essa característica. Entretanto devemos fazer mais.
Para isso relembramos trecho do artigo intitulado "Trabalhando com os feos", escrito 3 anos atrás :
"Essa carga melânica deve ser a maior possível, desde que não interfira no desenho, ou seja, o feo deve apresentar em cada pena uma região com feomelanina (bordadura) e uma região sem melaninas (parte central).
O grande desafio no acasalamento dos feos está em conciliar carga melânica com desenho aliados a uma plumagem de boa qualidade.
Para nos orientarmos nesse tipo de acasalamento, devemos ter em mente dois detalhes sobre a distribuição da feomelanina nas penas, que são localização e tonalidade.
A) Localização - uma vez que a feomelanina se apresenta na borda das penas, pássaros com penas mais longas deverão ter uma maior área de atuação da referida melanina (isso pode ocasionar problemas de plumagem e nos confunde na hora de escolhermos os portadores).
B) Tonalidade - quanto mais próximo à região central da pena, por  uma questão de densidade dos pigmentos, a tonalidade do marrom é mais escura. 
Essas duas considerações, aparentemente antagônicas, devem ser manejadas pelo criador, de modo a obter pássaros, com plumagem curta, que serão os mais escuros, mas não tão curta a
ponto de se perder a borda feomelânica. Uma das maneiras de se conferir isso na prática, é trabalhar com alguns pássaros intensos que tenham boa carga melânica independentemente do desenho. Esses pássaros produzirão nevados com as características  escritas acima.
O uso de portadores é importante, principalmente no tocante à produtividade do casal e viabilidade da prole, entretanto não existem provas que o uso de dois pássaros puros produza qualquer efeito deletério em relação à qualidade das melaninas dos produtos. Quando se trabalha com portadores devemos utilizar pássaros que possuam boa carga tanto de eumelanina como de feomelanina. A eumelanina também é importante pois ela será a responsável pelo desenho. No produto puro sua ação é inibida no desenho dorsal deixando uma área "vazia" de melaninas, que se alternando com as áreas feomelânicas resulta no padrão marmorizado aludido anteriormente.
Resumindo, no acasalamento dos feos devemos nos valer de :
-Pássaros escuros com plumagem curta e aderente.
(sem uma perfeita justaposição das penas o desenho ficará confuso).
-Pássaros intensos com boa carga melânica.
-Portadores com boa carga das duas melaninas. (devemos  visualizar as duas melaninas). 
Conforme foi explicado, podemos assim aprimorar mais ainda a  qualidade de um pássaro, que sem dúvida está entre os mais belos e interessantes de nossa nomenclatura.
um pássaro que se trabalhado corretamente terá sempre seu lugar de destaque em nossas exposições.
Sempre é bom lembrar que um bom feo deve ter : feomelanina densa e brilhante e desenho escamado.
Os feos com melanina opaca, e pouco desenho, mesmo que tenham bastante carga de marrom, estão definitivamente superados.
 

 

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