Álvaro Blasina - Juiz da OBJO/COM
Quando, como e porque usar?Sensibilidade e tecnologia. Estes são sem duvida os dois grandes ingredientes que levam um criador ao sucesso.
Considerando que a nossa atividade é uma arte, resulta extremamente importante aplicarmos todo o nosso
conhecimento junto com uma sensibilidade, para na hora de escolhermos os nossos reprodutores e formarmos
os casais, conseguirmos o maior proveito possível do material genético disponível, de tal forma que o produto
final seja filhotes de excelente qualidade, a tal ponto de se destacarem na hora dos concursos.
Devemos aliar a nossa sensibilidade, um máximo de tecnologia, no manejo, instalações, alimentação, etc. de
forma a que possamos obter também sucesso na produção e cuidado dos filhotes.
No campo tecnológico em todas as áreas da zootécnica ocorre avanços verdadeiramente expressivos no que a
reprodução se refere. Uma descoberta por todos conhecida de extremo valor, é a inseminação artificial, que
permite multiplicar incrivelmente a prole de certos exemplares machos de alto valor genético. Desta forma
consegue-se multiplicar muito velozmente as qualidades de um exemplar excepcional. Nós criadores de
pássaros ainda não dispomos de técnicas que permitam essa pratica, mas em várias espécies podemos utilizar a
poligamia com os melhores machos, de forma a obtermos maior quantidade de filhotes dos melhores machos
dos nossos planteis.
Uma descoberta mais recente mas não menos interessante, é a transferência embrionária, que consiste
resumidamente em estimular a ovulação de fêmeas de alto padrão, fecundar esses ovos e transferir os embriões
para "amas-secas" de inferior qualidade que terão como única tarefa de criar esses filhotes de alto padrão. Desta
forma, multiplica-se de maneira significativa o número descendentes de fêmeas excepcionais.
Esta tecnologia representa uma ovulação impressionante na qualidade de planteis, chegando a resultados
surpreendentes num período de tempo muito reduzido.
Existe na ornitologia um exemplo típico desta prática, que é a cria do Diamante de Gold, utilizando Manons
como "amas-secas".
Em canaricultura, o uso de amas secas permite, da mesma forma, que a possamos obter maior número de
ninhadas daquelas fêmeas que mais nos interessam, desde que se utilizem uma manejo adequado e cuidadoso.
COMO FAZER UM PLANTEL DE "AMAS-SECAS"
As "amas-secas" devem ser fêmeas de excelente desempenho como criadeiras, independentemente da sua
beleza. Como isto é recomendável que formemos um verdadeiro plantel com as mesmas, no qual o único
critério será o comportamento reprodutivo. Quando avaliamos o comportamento reprodutivo das amas-secas,
não nos referimos unicamente ao fato de alimentarem bem os filhotes, mas também a ausência de qualquer
desvio comportamental.
Desta forma serão eliminadas as fêmeas que rejeitem o anel, ou arranquem as penas dos filhotes, etc.
Em nosso canaril, iniciamos a experiência a três anos atrás, com cinco fêmeas sem raças definidas, filhas de um
casal de excepcional qualidade reprodutora, que nos foram presenteados por um criador amigo. Logo no
primeiro ano eles tiveram um desempenho formidável como criadeiras e das duas melhores, obtivemos filhotes
para aumentar o número de amas-secas para o ano seguinte. Desta forma, temos sucessivamente aumentado o
número de fêmeas sempre tirando filhotes das melhores "tratadeiras". Resulta extremamente importante quando
tiramos filhotes de amas-secas, que utilizemos machos filhos de fêmeas excepcionais criadeiras, para passar
para os filhos essas qualidades.
O MANEJO
Diferentes de outras espécies ( Diamante de Gold, por exemplo ), no caso específico da cria de canários, temos
observado que certos cuidados devem ser tomados, principalmente no que se refere a evitar o desgaste das
fêmeas cujos ovos são retirados para provocar uma nova postura.
Quando esta prática é aplicada com freqüência com a mesma fêmea, ela muitas vezes se mostra desgastada,
diminuindo o número de ovos das posturas ou demorando muito para iniciar uma nova postura. Desta forma,
quando retiramos os ovos de uma ninhada, deixamos que ela mesmo crie os filhotes da próxima, para retirar os
ovos da seguinte e assim sucessivamente.
Desta forma, consideramos que um número excessivo de amas secas, seja contraproducente, diminuindo a
produção em termos quantitativos.
Considerando um número razoável de amas secas pode oscilar o 10% do total das fêmeas utilizadas.
O manejo propriamente dito é muito simples. Controlamos a fertilidade das aves com 10 dias de choco, e
transferimos os ovos cheios das fêmeas de maior interesse nesse mesmo dia, retirando o ninho para que ela
"perca o choco", e recolhendo o mesmo, em dois dias, para reiniciar a postura.
OUTRAS VANTAGENS
Além da possibilidade de obtermos maior prole mais numerosa de melhores fêmeas do nosso plantel,
consideramos que as amas secas, por serem relacionadas pela sua qualidade para tratar os filhotes, nos oferecem
garantia de sucesso no desenvolvimento dos filhos das nossas melhores reprodutoras.
Por outro lado, também utilizando as "amas-secas" para testar a fertilidade dos machos do plantel que oferecem
dúvidas. Assim, quando, um macho de qualidade não "enche ovos" numa ninhada, colocamos o mesmo com
uma ama-seca para testar novamente a sua fertilidade, sem riscos. Quando o mesmo começa a fecundar ovos,
ele é reintroduzido no plantel.
O tema é interessante, alguns aprovam esta pratica e outros não. Nós tentamos, aprovamos e esperamos ter
contribuindo para que você tire suas próprias conclusões. Boa Sorte !!!
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