REGISTRO DO PLANTEL
Um Degrau Para a Melhoria
Revista Pássaros – Ano 6 – Nº 29
Qualquer bom criador, ou pelo menos dedicado, tem objetivos e sonhos, que passam
por ter um bom aviário, bom plantel e o mais importante que este seja saudável e
produtor de bons resultados.
Para que estes objetivos sejam atingidos, são necessários vários requisitos: dedicar
muitas horas do seu tempo ao viveiro, investir algum dinheiro (em equipamentos,
alimentos, vitaminas, mão-de-obra, ou em novas aves), muita dedicação, muita paixão,
não olhar para o lado comercial, etc.
Mas muitas vezes seguindo estes requisitos e outros, observamos mesmo assim o
insucesso.
Muitos criadores, ao colher os insucessos, contabilizam os prejuízos, e seguem ainda
ano após ano, essa atividade inglória.
Quando são questionados, o argumento é de que a avicultura desportiva é mesmo
assim, mais sujeita ao insucesso que a vitórias. Outros acabam mesmo por abandonar a
atividade desiludidos e frustrados, culpando a sua má sorte ao “mau olhado do vizinho”,
pois muitas vezes sentem-se enganados, pela sua pouca experiência não ser
acompanhada da melhor forma pelos amigos.
Será que estes insucessos não passarão simplesmente por uma organização mais
cuidadosa de seu plantel?
Penso que sim, pois se dedicamos muito do nosso tempo, se gastamos muito dinheiro,
se temos boas aves e não lhes faltamos com nada; falta qualquer coisa que pode ser
apenas, a simples organização escrita do plantel, ou seja os registros de tudo o que se
passa durante todo o ano. Aí de certeza vamos encontrar as explicações para o
insucesso ou comprovar o sucesso.
Os registros são importantíssimos, com eles saberemos ao pormenor as despesas, os
rendimentos, as linhagens etc.
Muitas vezes, as aves deixam a postura, os ovos não eclodem, os filhotes morrem em
idades diferentes e por motivos diferentes, não sabemos quem é filho de quem, que
produtos usamos neste ou naquele pássaro etc.
Ficamos perdidos, tentamos várias soluções, sem encontrar a melhor, resolvemos
mudar tudo ou mesmo trocar os progenitores. Nessa hora esquecemos os bons casais
que temos e o quanto custaram a conseguir. Se houvesse registros confiáveis, com uma
análise cuidada e racional poderia-se chegar a possível ou possíveis causas do insucesso
ou problemas surgidos.
Mesmo assim encontramos muitos criadores que dizem ter casais a produzir 4/5 filhotes
por ninhada. Mas se lhe perguntamos, qual a média de filhotes anual por casal ou do
plantel, eles simplesmente não sabem ou atiram com qualquer número.
É possível que até tenham no plantel casais velhos ou doentes ou mesmo sofrendo de
infertilidade, que há muito não põe um ovo sequer, e se põem não eclodem. E quantos
casais existirão que produzem um ou dois filhotes por ninhada?
O que obtém o criador com um plantel assim?
-Financeiramente: prejuízo
-Emocionalmente: frustração
-Em relação aos outros criadores: sentimento de inferioridade, e atrasos devido ao
sucesso dos companheiros.
Muitas vezes questionam-se: “porque é ele que consegue e eu não?”
OS REGISTROS
Falamos então dos registros, eles que são elemento fundamental para o sucesso nas
criações, sendo feitos de maneira precisa. São eles que ajudam o criador a ter o registro
correto da trilogia da saúde que levará ao sucesso: alimentação, patrimônio genético e
todos os aspectos do ambiente que circundam os casais e filhotes. Sem anotações não
se pode fundamentar qualquer decisão séria e racional.
Serão eles também que nos vão dar o registro preciso das descendências e linhagens.
Os rendimentos por casal e do plantel. Em resumo, com os registros, teremos tudo
gravado do que se passou durante a época.
AS DIFICULDADES
Por incrível que pareça, fazer o registro dum plantel, é uma atividade muito difícil e
ignorada pelos criadores, tendo as seguintes razões ou causas básicas inter-relacionadas
entre si:
-preguiça: descrédito (interrogando-se, se será mesmo uma atividade recompensadora)
-falta de material ou lugar para as anotações
-desconhecimento (para muitos a mais previsível)
Assim acontecendo, uma coisa reforça a outra, tornando o criador incapaz passando a
vida a achar que isso não “paga o trabalho”. Não embarca nessa onda do progresso,
porque não pode raciocinar sobre dados que não tem. Não pensa de maneira cientifica.
Aqueles que convencidos da importância do processo, dominam a preguiça, ultrapassam
as barreiras, e passam a ter meio caminho andado para a eficiência na criação, e os
resultados vão ser o testemunho do sucesso e a recompensa do esforço.
ONDE E O QUE REGISTRAR
Podemos utilizar apenas umas folhas de papel ou um simples caderno: hoje já existem
programas informáticos para o efeito, aqui temos a melhor solução, mas não ao alcance
de todos.
O melhor caminho é optar por um dos processos, mais simples de registrar e consultar.
O que devemos registrar? Essencialmente deve-se anotar os registros básicos numa
criação, estes em traços gerais são: o casal, os filhotes, linhagens, esquemas de
cruzamento, manejo sanitário, despesas com alimentação, equipamentos e outras, e
pequenas notas de situações pontuais verificadas.
Cada criador elabora aquela ficha que mais lhe interessa, pois vários modelos existem.
Devem ser feitas todas as anotações no momento que ocorrem: a postura, os
nascimentos, mortes (a causa provável), a troca de ovos e filhotes de pais, tratamentos
individuais etc. Outros semanalmente ou mensalmente como aquisição de alimento ou
equipamento, tratamentos coletivos, medida e cor dos ovos etc.
CONSULTA E TRABALHO COM OS REGISTROS
Em períodos que podem ser semanal, mensal, semestral ou mesmo anualmente, o
criador pode fazer consultas com levantamentos de dados obtendo o balanço da
situação.
Por essa altura alguns dados interessam sobremaneira:
-qual o número de filhotes desmamados?
-qual o número de filhotes nascidos?
-embriões mortos?
-número de ovos sem eclodir?
-qual a média de filhotes por casal?
-qual o número de casais sem produzir e quais?
-qual o consumo de alimento por ave?
-qual o custo de manutenção por casal?
-o custo por cada filhote?
-os resultados dos tratamentos?
Todos estes dados obtidos irão facilitar as análises que identificarão tendências,
surpreenderão fatos até mesmo antes de acontecerem e teremos a satisfação do
sucesso. Mas como importância maior, temos o aparecimento de respostas concretas
para aquelas questões mais simples:
-a criação de aves está a correr bem ou não?
-a criação teve bons resultados ou maus?
-que modificações há a fazer?
-o que tem que ser melhorado?
Isto em linhas gerais é o que nos permite estabelecer os níveis mínimos de qualidade e
produtividade que desejamos atingir na criação. Sem isto, ficamos a brincar ao “faz de
conta”, a tendência de muitos que deve ser abolida para dar lugar ao criador moderno
que tenha um crescente de qualidade no seu plantel ganhando competitividade no
cenário ornitófilo nacional e mundial.
Espero com estas modestas linhas, ter pelo menos alertado os menos atentos e os mais
preguiçosos, para a importância deste tema, fazendo com que se elevem os números de
quantidade, qualidade e competitividade da ornitofilia portuguesa.
A todos um bom ano de criações que agora começa e para aqueles que vão participar no
nosso mundial (que todos esperamos ser um sucesso, eu pelo menos tenho a certeza e
sei que vai ser um orgulho para todos nós Portugueses), a maior sorte do mundo e que
atinjam os objetivos pretendidos.
Até lá.
Um grande abraço e sempre ao dispor.
Um Degrau Para a Melhoria
Revista Pássaros – Ano 6 – Nº 29
Qualquer bom criador, ou pelo menos dedicado, tem objetivos e sonhos, que passam
por ter um bom aviário, bom plantel e o mais importante que este seja saudável e
produtor de bons resultados.
Para que estes objetivos sejam atingidos, são necessários vários requisitos: dedicar
muitas horas do seu tempo ao viveiro, investir algum dinheiro (em equipamentos,
alimentos, vitaminas, mão-de-obra, ou em novas aves), muita dedicação, muita paixão,
não olhar para o lado comercial, etc.
Mas muitas vezes seguindo estes requisitos e outros, observamos mesmo assim o
insucesso.
Muitos criadores, ao colher os insucessos, contabilizam os prejuízos, e seguem ainda
ano após ano, essa atividade inglória.
Quando são questionados, o argumento é de que a avicultura desportiva é mesmo
assim, mais sujeita ao insucesso que a vitórias. Outros acabam mesmo por abandonar a
atividade desiludidos e frustrados, culpando a sua má sorte ao “mau olhado do vizinho”,
pois muitas vezes sentem-se enganados, pela sua pouca experiência não ser
acompanhada da melhor forma pelos amigos.
Será que estes insucessos não passarão simplesmente por uma organização mais
cuidadosa de seu plantel?
Penso que sim, pois se dedicamos muito do nosso tempo, se gastamos muito dinheiro,
se temos boas aves e não lhes faltamos com nada; falta qualquer coisa que pode ser
apenas, a simples organização escrita do plantel, ou seja os registros de tudo o que se
passa durante todo o ano. Aí de certeza vamos encontrar as explicações para o
insucesso ou comprovar o sucesso.
Os registros são importantíssimos, com eles saberemos ao pormenor as despesas, os
rendimentos, as linhagens etc.
Muitas vezes, as aves deixam a postura, os ovos não eclodem, os filhotes morrem em
idades diferentes e por motivos diferentes, não sabemos quem é filho de quem, que
produtos usamos neste ou naquele pássaro etc.
Ficamos perdidos, tentamos várias soluções, sem encontrar a melhor, resolvemos
mudar tudo ou mesmo trocar os progenitores. Nessa hora esquecemos os bons casais
que temos e o quanto custaram a conseguir. Se houvesse registros confiáveis, com uma
análise cuidada e racional poderia-se chegar a possível ou possíveis causas do insucesso
ou problemas surgidos.
Mesmo assim encontramos muitos criadores que dizem ter casais a produzir 4/5 filhotes
por ninhada. Mas se lhe perguntamos, qual a média de filhotes anual por casal ou do
plantel, eles simplesmente não sabem ou atiram com qualquer número.
É possível que até tenham no plantel casais velhos ou doentes ou mesmo sofrendo de
infertilidade, que há muito não põe um ovo sequer, e se põem não eclodem. E quantos
casais existirão que produzem um ou dois filhotes por ninhada?
O que obtém o criador com um plantel assim?
-Financeiramente: prejuízo
-Emocionalmente: frustração
-Em relação aos outros criadores: sentimento de inferioridade, e atrasos devido ao
sucesso dos companheiros.
Muitas vezes questionam-se: “porque é ele que consegue e eu não?”
OS REGISTROS
Falamos então dos registros, eles que são elemento fundamental para o sucesso nas
criações, sendo feitos de maneira precisa. São eles que ajudam o criador a ter o registro
correto da trilogia da saúde que levará ao sucesso: alimentação, patrimônio genético e
todos os aspectos do ambiente que circundam os casais e filhotes. Sem anotações não
se pode fundamentar qualquer decisão séria e racional.
Serão eles também que nos vão dar o registro preciso das descendências e linhagens.
Os rendimentos por casal e do plantel. Em resumo, com os registros, teremos tudo
gravado do que se passou durante a época.
AS DIFICULDADES
Por incrível que pareça, fazer o registro dum plantel, é uma atividade muito difícil e
ignorada pelos criadores, tendo as seguintes razões ou causas básicas inter-relacionadas
entre si:
-preguiça: descrédito (interrogando-se, se será mesmo uma atividade recompensadora)
-falta de material ou lugar para as anotações
-desconhecimento (para muitos a mais previsível)
Assim acontecendo, uma coisa reforça a outra, tornando o criador incapaz passando a
vida a achar que isso não “paga o trabalho”. Não embarca nessa onda do progresso,
porque não pode raciocinar sobre dados que não tem. Não pensa de maneira cientifica.
Aqueles que convencidos da importância do processo, dominam a preguiça, ultrapassam
as barreiras, e passam a ter meio caminho andado para a eficiência na criação, e os
resultados vão ser o testemunho do sucesso e a recompensa do esforço.
ONDE E O QUE REGISTRAR
Podemos utilizar apenas umas folhas de papel ou um simples caderno: hoje já existem
programas informáticos para o efeito, aqui temos a melhor solução, mas não ao alcance
de todos.
O melhor caminho é optar por um dos processos, mais simples de registrar e consultar.
O que devemos registrar? Essencialmente deve-se anotar os registros básicos numa
criação, estes em traços gerais são: o casal, os filhotes, linhagens, esquemas de
cruzamento, manejo sanitário, despesas com alimentação, equipamentos e outras, e
pequenas notas de situações pontuais verificadas.
Cada criador elabora aquela ficha que mais lhe interessa, pois vários modelos existem.
Devem ser feitas todas as anotações no momento que ocorrem: a postura, os
nascimentos, mortes (a causa provável), a troca de ovos e filhotes de pais, tratamentos
individuais etc. Outros semanalmente ou mensalmente como aquisição de alimento ou
equipamento, tratamentos coletivos, medida e cor dos ovos etc.
CONSULTA E TRABALHO COM OS REGISTROS
Em períodos que podem ser semanal, mensal, semestral ou mesmo anualmente, o
criador pode fazer consultas com levantamentos de dados obtendo o balanço da
situação.
Por essa altura alguns dados interessam sobremaneira:
-qual o número de filhotes desmamados?
-qual o número de filhotes nascidos?
-embriões mortos?
-número de ovos sem eclodir?
-qual a média de filhotes por casal?
-qual o número de casais sem produzir e quais?
-qual o consumo de alimento por ave?
-qual o custo de manutenção por casal?
-o custo por cada filhote?
-os resultados dos tratamentos?
Todos estes dados obtidos irão facilitar as análises que identificarão tendências,
surpreenderão fatos até mesmo antes de acontecerem e teremos a satisfação do
sucesso. Mas como importância maior, temos o aparecimento de respostas concretas
para aquelas questões mais simples:
-a criação de aves está a correr bem ou não?
-a criação teve bons resultados ou maus?
-que modificações há a fazer?
-o que tem que ser melhorado?
Isto em linhas gerais é o que nos permite estabelecer os níveis mínimos de qualidade e
produtividade que desejamos atingir na criação. Sem isto, ficamos a brincar ao “faz de
conta”, a tendência de muitos que deve ser abolida para dar lugar ao criador moderno
que tenha um crescente de qualidade no seu plantel ganhando competitividade no
cenário ornitófilo nacional e mundial.
Espero com estas modestas linhas, ter pelo menos alertado os menos atentos e os mais
preguiçosos, para a importância deste tema, fazendo com que se elevem os números de
quantidade, qualidade e competitividade da ornitofilia portuguesa.
A todos um bom ano de criações que agora começa e para aqueles que vão participar no
nosso mundial (que todos esperamos ser um sucesso, eu pelo menos tenho a certeza e
sei que vai ser um orgulho para todos nós Portugueses), a maior sorte do mundo e que
atinjam os objetivos pretendidos.
Até lá.
Um grande abraço e sempre ao dispor.
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