5 de ago. de 2011

CUIDANDO DOS REPRODUTORES

CUIDANDO DOS REPRODUTORES...E DOS PÁSSAROS DE
CONCURSOS
Antonio Celso Ramalho
Brasil Ornitológico Nº 55
O confinamento indiscriminado de reprodutores em voadeiras não é o ideal, mesmo que
o número de pássaros seja compatível com o espaço livre do gaiolão.Na realidade a
maioria dos criadores maneja incorretamente os reprodutores no estágio final da
temporada de cria, direcionando a manipulação aos filhotes obtidos. Assim, os canários
adultos são levados as voadeiras sem quaisquer cuidados, exatamente quando estão
mais debilitados pelo estresse natural da estação de cria e em início da muda de penas.
Todo criador mais atento já observou que, numa comunidade, alguns pássaros, mercê
as suas melhores condições físicas e/ou pelo seu “temperamento”, passam a atacar
constantemente outros, mais fracos ou “dóceis”, que além de traumatizados fisicamente
não conseguem alimentar-se adequadamente e, na maioria das vezes, acabam
sucumbindo. Os pássaros com esse tipo de comportamento são chamados pelos
europeus de “dominadores” e “dominados”. Esse fato é mais dramático entre os machos
adultos, especialmente durante a fase final da muda de penas, quando alguns que já
estão mais adiantados e mais fortes, dominam os mais fracos na competição pela
alimentação e espaços no gaiolão. Inclusive, entre canários adultos, é comum observarse
que os machos dominados chegam mesmo a ser subjugados sexualmente e acabam
desenvolvendo modificações do comportamento sexual, tornando-se, freqüentemente,
improdutivos quando acasalados. Entre os filhotes também se observa o comportamento
dominador-dominado e, a simples intervenção do criador, separando em tempo o
pássaro dominado, propiciando-lhe tranqüilidade e alimentação adequada, na maioria
das vezes, constitui medida suficiente para a sua recuperação A nossa experiência como
criador e expositor, tem mostrado que os filhotes individualizados precocemente, por
traumatismos ou debilidade, acabam não só se recuperando, mas também se
destacando pelo seu desenvolvimento e qualidade de empenação. Se o pássaro possuir
então qualidades potenciais, esse procedimento evidenciará sem dúvida alguma, todo o
seu padrão. Sabemos, entretanto, que mesmo numa criação de pequeno porte é
praticamente inviável a individualização de todos os pássaros, principalmente por
problemas de espaço, assim, é difícil prescindir o uso de voadeiras.
Mas alguns cuidados precisam ser tomados. Os pássaros adultos devem ser
cuidadosamente examinados para avaliação do seu estado geral, decidindo-se então a
forma mais conveniente de alojá-los. Deve-se proceder à limpeza dos pés e o corte das
unhas, pois temos observado que os problemas dos pés, provavelmente por causarem
dor, deixam os pássaros estressados, indispondo-os para a alimentação, resultando
muitas vezes, na porta de entrada para a instalação de diversas patologias com maior
comprometimento ainda do seu estado físico. Nessa ocasião deve-se também realizar
tratamento preventivo ou curativo dos problemas respiratórios e pulverização contra
ácaros (e parasitários). Os pássaros devem ser alojados de forma que os mais “fracos”
não permaneçam junto com os mais “fortes”, reservando-se a individualização para
aqueles que inspirem maiores cuidados. O uso de poleiros individual evita a bicagem, o
que, especialmente entre os mosaicos, é de fundamental importância e, se o número de
indivíduos for adequado à área da voadeira, os pássaros, além do espaço necessário
para as suas atividades, conseguirão manter-se tranqüilos, não sendo constantemente
importunados pelos seus vizinhos. Os filhotes também podem ser alojados inicialmente
em voadeiras, observando-se a idade e/ou o estado físico dos mesmos. No início da
muda de penas devem ser transferidos para gaiolas de cria, procurando-se alojar no
máximo 4 espécimes por gaiola, considerando sistematicamente os critérios já
discutidos. Dessa forma, mesmo a rápida inspeção diária, permitirá identificar os
pássaros que estão com problemas, os quais devem ser individualizados para a
competente atenção. Se o criador possuir gaiolas individuais tipo exposição poderá
iniciar a separação dos melhores pássaros destinados aos concursos. Senão, poderá
utilizar as próprias gaiolas de criação providas de grades de separação, alojando um
pássaro de cada lado, tomando, entretanto o cuidado de dispor os poleiros de tal forma
que evitem danificar as penas da cauda pelo roçamento constante contra as barras das
gaiolas. Evidentemente, essas medidas são do conhecimento da maioria dos criadores,
que infelizmente as negligenciam. Por essa razão voltamos a destacá-las e, quem sabe,
com a sua aplicação, muitos criadores possam substituir o desânimo comum da época
da muda de penas pela satisfação em acompanhar o desenvolvimento sadio do seu
plantel.

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