28 de jun. de 2011

Canários de Cor

A Cor do Canário Branco

Toda grande mudança, avanço tecnológico, ou simples descoberta que traga com sigo resultados surpreendentes, geram polémicas, de todo tipo.
Dentro do nosso meio, a descoberta do Carophill Red como intensificador da cor dos canários vermelhos, certamente deve ter causado uma revolução, um espanto, reuniões, comentários e muitas críticas. De todas formas, como toda grande descoberta e inovação, ali está até hoje, embelezando nosso canários. Até hoje se diz que ele faz mal ao fígado, que afeta isto ou aquilo, mas a verdade é que nada disso foi cientificamente comprovado, os canários vermelhos estão à cada vez mais bonitos e criam tão bem quanto os sem fator.
Recentemente tivemos o caso dos amarelos marfins chamados de "turbinados". Uma cor verdadeiramente extraordinária, e cada um com o seu "segredo" sobre qual verdura fornecer, à que hora do dia, complementada com inúmeros protetores hepáticos, etc. etc
Nos últimos anos, a "bola da vez" são os canários brancos. Até 4 ou 5 anos atrás, os produtos usados para limpar e embelezar esse pássaros eram Shampoos conhecidos, comuns e acessíveis para todo mundo, de forma que as qualidades genéticas eram as que mais pesavam pois todos preparavam de forma mais ou menos igual e com os mesmos produtos ou mesma "química" como alguns gostam de chamar.
Foi então, que surgiram alguns canários esplendorosamente brancos, (alguns visivelmente azulados), que chamavam a atenção por se diferenciarem e muito dos outros da mesa. Todo mundo queria saber qual era o "segredo" de tanta brancura, pois ficava evidente que aquela pureza, não era fruto apenas de trabalho genético. Ninguém abria o jogo. Nenhum resultado se conseguiu no intuito de descobrir a "fórmula mágica". Se dizia que uns traziam um Shampoo fabricado na França. Outros que era um produto para clarear dentes; outros que era mistura de Anil com não sei mais o que, etc. etc.
Não conseguindo informações claras sobre o produto que efetivamente conseguia limpar os canários brancos com total eficácia, pessoalmente me dei ao trabalho de pesquisar com a ajuda de técnicos capacitados, e qual não foi a minha surpresa, quando chegamos à um resultado surpreendente. Os canários brancos ficavam incrivelmente limpos e brilhantes. Vários criadores no Campeonato Brasileiro usaram o produto com excelentes resultados. Permiti que vários testes fossem realizados, e depois do julgamento, ofereci o mesmo para vários criadores. O Sr. Alberto Puig do Uruguai foi um deles, e depois de ter usado, foi Campeão Mundial com branco na Argentina.
Achei muito mais honesto divulgar aos amigos a minha descoberta, do que ficar com o meu segredo de forma egoísta, com evidente vantagem nos concursos futuros.
Tudo isto, gerou, como é natural, uma polémica sobre o que estão chamando de "química". A final, quem é o criador competitivo que nunca uso qualquer produto para lavar os seus brancos e tentar exaltar a sua brancura? Centenas de produtos e "químicas" são usados e testados todos os anos pêlos criadores, buscando bons resultados. Por que tanta preocupação ao encontrar um caminho verdadeiramente efetivo e que está disponibilizado para todo o mundo?
O Carophill, está hoje disponível para todos os criadores, todos o usam, e ganha então o canário com melhor genética. Todos os criadores de amarelos marfins, sabem que a verdura é um aliado fundamental, assim como os protetores hepáticos, e hoje em dia, ganha o marfim com melhor qualidade genética.
Parece-me, que, sem ter escondido minhas descobertas à ninguém, agora, e como era até pouco tempo atrás, a tendência seja de que novamente tornem a vencer os brancos com melhores qualidades genéticas, e não os poucos daqueles que conhecendo um método eficaz de preparar os brancos, o guardam para si, levando uma enorme vantagem pessoal.
A final de contas, sempre é bom lembrar que o branco não é um lipocromo e sim a ausência do mesmo. Usando um produto que ajude na sua limpeza, restará o sucesso à aqueles que geneticamente tem mais brilho e fator de refração, forma elegância, etc.

A Pigmentação nos Canários de Fator Vermelho

Todos os canários vermelhos, tanto lipocrômicos quanto melânicos, derivam de cruzamentos com o Pintassilgo da Venezuela pequeno fringílido de 10 centímetros, de cor vermelho vivo e negro e com um patente dimorfismo sexual .Além das melaninas, em seu caso, os pigmentos fixados nas penas dos canários de fator vermelho são os carotenóides ou lipocromos que pertencem ao grupo dos lipídios isoprenóides ou também conhecidos como terpenos. Estes pigmentos, como o nome deles indica (de lipo = gordura e cromos = cor), são solúveis nas gorduras e nos solventes destes, como em álcool. Eles são substâncias muito instáveis que se oxidam facilmente com a luz e o calor, pelo que devem ser conservados em lugares frescos, na escuridão e perfeitamente fechados, quando se tratam de produtos artificiais.
Os canários de fator vermelho são incapazes de sintetizar estes pigmentos lipocromos que colorem as penas, por isso devem estar presentes na dieta, o mesmo que as vitaminas, sais minerais, ácidos gordurosos essenciais, etc., para evitar assim as penas com tons amarelos ou vermelhos muito pálidos, igual ao que ocorre, por exemplo, com os flamingos, que devem alimentar-se com crustáceos que contêm esses pigmentos, e que são incorporarados às algas vermelhas de que se alimentam. Quer dizer, sem esta contribuição extrema de carotenóides é impossível que os canários de fator vermelho e o próprio pintassilgo alcancem a coloração, de acordo com o limite de assimilação que suas características genéticas e sanitárias permitem.
Depois de serem ingeridos, os pigmentos vermelhos atravessam as paredes intestinais, armazenando-se no fígado onde sofrem algumas transformações, posteriormente passam à corrente circulatória e, por meio de vaso capilar, chegam à epiderme, donde passam às penas, onde são depositados nas barbas e barbulas, pigmentando-as. Também há depósitos de carotenóides no ovário, onde pigmentam a gema do ovo.
Os pigmentos usados são a cantaxantina, o carophyll rede e o betacaroteno (C40H36). Estes são empregados em quantidades distintas e proporções entre eles, segundo a experiência de cada canaricultor, tipo de variedade para pigmentar, etc. A cantaxantina e o carophyll-red são dois pigmentos praticamente idênticos, com algumas transformações em sua molécula, e dão os mesmos resultados. O carophylí-red é preparado a partir do cantaxantina. O betacaroteno (caroteno de b) apresenta uma cor vermelha mais apagada, mas confere mais brilho à plumagem. O cantaxantina presente na plumagem do pintassilgo produz uma cor vermelha mais intensa, menos sua superdosagem produz tons amarronzados ou violetas, que serão penalizadas em concursos. Estas substâncias podem ser Incorporadas às farinhadas de cria, biscoito, bolo, soluções oleosas, água, etc., para assim poder colorir os pássaros de fator vermelho.
Existem produtos naturais que contêm tais pigmentos em dose considerável, tais como a cenoura, pigmento vermelho, o tomate, as laranjas, diversas pétalas de flores, cogumelos, etc., mas o uso exclusivo destes produtos, como no passado se fazia e ainda hoje alguns canaricultores fazem, não é por si só suficiente para dará intensidade de coloração que vemos em outros exemplares tratados com colorantes artificiais.
A quantidade de carotenóides assimilada, a sua distribuição nas penas do canário, assim como o brilho com que se expressam esses pigmentos, são hereditárias, mas pode ser melhorada pelo criador com uma seleção adequada. Quanto mais próximo é o parentesco com o pintassilgo da Venezuela, a facilidade do canário para assimilar os pigmentos de carotenóides será maior, quer dizer, à medida que as gerações filiais (F1, F2, F3) se afastam do primitivo cruzamento com o pintassilgo, sua cor vermelha aparecerá com menos intensidade. Daqui também a conveniência de recorrer a híbridos com o pintassilgo para melhorar o lipocromo vermelho, a mesma coisa com a plumagem e a categoria mosaico.
O pássaro deveria terá sua disposição a quantidade necessária de colorante para que sua capacidade de assimilação veja-se saturada e em consequência pode expressar fenotipicamente todo o potencial genético que leva. Também existem outros fatores hereditários que influem negativamente sobre a capacidade de fixação do corante, tais como o estado de saúde do exemplar, especialmente as infecções intestinais, a presença de micotoxinas nas sementes que os pássaros consomem, idade, intensidade luminosa do criadouro, temperatura, tratamentos com antibióticos ou sulfamidas.
O excesso de vitamina A, além de outros transtornos patológicos (cegueira, por exemplo), reduz a fixação destes pigmentos nas penas, podendo produzir superdosagem, pois o betacaroteno é uma fonte de vitamina A.
As gorduras favorecem a fixação destas substâncias, dal a importância de administrar sementes oleaginosas como níger, cânhamo, linhaça, durante a muda, embora sempre, isso sim, com moderação, devido aos riscos de diarreia ou hepatite; porém é conveniente neste período administrar cloreto de colina, por ser um corretor hepático que melhora a digestão das gorduras e coopera no bom funcionamento do fígado. Também é conveniente administrar vitamina E, pois impede a oxidação das gorduras, já que não podemos esquecer que os colorantes são lipídios. Não é conveniente administrar carvão vegetal nem verduras em excesso, já que diminuem a fixação de pigmento, quando há uma ação laxante.
Para os pássaros adultos o momento da pigmentação é antes e durante a muda. Também é conveniente administrar uma coloração de manutenção, administrando os colorantes 1 ou 2 vezes por semana, ou reduzindo aos 15 ou 20% a dose habitual.Durante a muda não deve haver muita luz, deve haver um ambiente de semiescuridão ou penumbra, deste modo diminui-se o desgaste ao estarem os pássaros mais calmos, encurta-se a muda e facilita-se a pigmentação dos canários de fator vermelho. É muito importante não superdosar estas substâncias, pois estas podem ser tóxicas ao serem utilizadas em grandes dosagens, produzindo a mortalidade nos canários, a infecundidade e transtornos digestivos, especialmente nas crias, além da despesa desnecessária para quem cria. A superdosagem é observada pela cor avermelhada das fezes nas bandejas e pela aparição de uma cor vermelha escura, amarronzada (violáceo) na plumagem, devido a um excesso de colorante que o pássaro não pôde assimilar. Para diminuir estes reflexos violetas, ao término da muda, estes pássaros podem ser expostos ao sol, melhorando assim seu lipocromo para o concurso.
Nos pássaros intensos e nevados já colorir no ninho e nos mosaicos a partir dos 45 dias, tendo a precaução de, ao separá-los de seus pais, observar o estado das remiges e retrizes, para ver se alguma das penas está quebrada ou arrancada, dar tempo a sua reposição antes de administrar o colorante (no caso dos concursos no hemisfério sul, a regra é diferente, já que as penas de asa devem estar coloridas). Se durante as fases de preparação e postura administrarmos colorantes, melhorará a pigmentação das crias, mas isto não será feito com os canários mosaicos. Nas competições, as intensas e nevadas cópias podem ser admitidas com todos o remiges e retrizes sem colorir e os mosaicos podem os apresentar colorido, quer dizer, ao contrário, mas esteticamente isto é menos recomendável.
Os colorantes, como antes já dissemos, também podem ser incorporados à água, quando eles são hidrossolúveis, logicamente, mas podem produzir facilmente superdosagem, já que no verão os pássaros bebem mais, pelo que é conveniente reduzir a dose; também os bebedores e todo o material estarão coloridos de vermelho, o que é pouco apresentável, e o colorantes na água conservam-se pior, pois serão mais expostos à luz. É melhor a incorporação em pó dos colorantes na farinhada que nós oferecemos nesses momentos, mas ó necessário que estes estejam bem misturados com a comida; o que nós podemos fazer misturando primeiro o colorante para 10% com sêmola de trigo fina e logo adicionando as colheres de farinhada necessárias. Alguns criadores também usam ao mesmo tempo ambas as apresentações. A apresentação com excipientes oleaginosos tampouco é conveniente, já que prejudica mais o estado do fígado e intestino, e até mesmo as patas dos canários por causa dos contatos repetidos com este veículo oleaginoso (mal das patas).
É conveniente completar este colorante artificial com produtos naturais 2 ou 3 vezes por semana, como cenouras raladas e laranjas, que também contribuirão com outras vitaminas e minerais necessários além de reforçara pigmentação e prevenira diarreia.
Com respeito às doses de utilização destes colorantes, uma proporção utilizada por muitos criadores é de 2 partes de caroteno e 1 de cantaxantina (ou carophyll-red), outros usam cantaxantina e betacaroteno em partes iguais, outros só utilizam cantaxantina ou carophyll red, etc., já que aqui, como em muitas coisas, "cada mestre tem seu livro". A quantidade a ser utilizada destes produtos é algo que varia segundo os criadores e as variedades de canários vermelhos a serem pigmentados ou de pássaros cativos que apresentam a cor vermelha em sua plumagem em estado selvagem, assim como a pureza do produto empregado, o emprego de produtos naturais complementares, etc. Estas quantidades, em geral, estão em volume a 3-5 gramas de colorante para 10% por quilograma de farinhada, embora também possa chegar aos 10-15 gramas, segundo os criadores. Também é conveniente não variar a dose no processo de muda inteiro, para evitar o aparecimento de manchas avermelhadas com diferentes tonalidades, embora no final da muda possamos ir reduzindo a dose gradualmente, para evitar os reflexos violáceos na cabeça, assim como também não devemos interromper durante vários dias esta oferta de colorantes, um ou dois dias não importa, pois no fígado sempre existem reservas de colorante para vários dias (fim de semana), mas um intervalo maior pode dar lugar a penas mal pigmentadas. A dose também pode ser aumentada no caso da farinhada ser pouco apetecível para os canários e eles consumirem em pequena quantidade. É conveniente renovar diariamente a farinhada colorante para evitar a sua perda de eficiência.
Alguns criadores, para assegurarem um bom consumo do colorante, retiram durante algumas horas as sementes, obrigando os pássaros a ingerirem todo o produto em pouco tempo, evitando com isso que este se altere.
Maurice Pomaréde, notável professor de biologia francês, aconselha 150 gramas de betacaroteno misturado em um quilograma de sêmola de trigo. É diariamente usado esta mistura para colorir a farinhada. Uma colher de café (aproximadamente 8 gramas.) é bastante para a farinhada dedicada a 50 canários, quer dizer, 200-300 gramas. Também outra mistura recomenda é 50 gramas de cantaxantina e mais 100 grs. de betacaroteno, dispersos em 1 quilograma de sêmola; misturar isto com a farinhada habitual, o que equivale a uma proporção entre 34-52 gramas de colorante para quilograma de farinhada.
Como influencia a pigmentação em canários que não são de fator vermelho? Nos canários de fundo branco recessivo, não influencia em nada na sua cor, já que estes são incapazes de depositar na sua plumagem os carotenóides que ingere. Não ocorre assim com os canários de fundo amarelo, marfim e branco dominante, porque eles acusaram o fator vermelho e serão desqualificados durante o julgamento. É muito perigoso colorir durante vários dias a estas variedades, pois apresentarão uma tonalidade alaranjada. As colheres de sopa e recipientes para as farinhada de exemplares com fator vermelho devem estar bem separadas para evitar possíveis confusões, assim como também as gaiolas para que não possam cair restos de comida de umas e outras.

Colorindo os Canários sem Fator

As cores dos canários são o produto da intenção de dois fatores de cor que nós chamamos de melaninas e lipocromos(estão no plural porque considera-se a existência de mais de um tipo de cada um deles). O efeito visual que nossos olhos podem perceber, é o resultado da combinação desses fatores de cor.
Quando se trata dos lipocromos dos canários, a alimentação bem como os aditivos alimentares tem enorme influencia na sua qualidade e manifestação.A alimentação e os aditivos alimentares tem pouca influencia em relação à qualidade das melaninas , sendo os fatores genéticos os mais importantes em relação à sua expressão.
O maior exemplo disso ocorre nos canários chamados de "com fator vermelho", através do uso da cantaxantina, o que é do conhecimento da grande maioria dos canaricultores. Para esse aditivo alimentar, existe já uma pratiea definida com relação à dosagens, época de uso, e outros cuidados que possibilitam aos criadores a obtenção dos exemplares desejados.
Os canários chamados de "sem fator vermelho", com exceção dos brancos(que não possuem lipocromo), tem sua expressão lipocromica definida pela alimentação e regida pêlos fatores genéticos envolvidos.
O que define a cor de um lipocromo é a combinação de pigmentos corantes chamados de carotenóides e que estão presentes em maior ou menor quantidade em uma grande variedade de alimentos. Uma prova disso, é o próprio canário branco, que só é branco porque possui um "defeito" genético que o impede justamente de fazer com que esses pigmentos se depositem nas células de suas penas.
Sabe-se também que se colocarmos um canário amarelo sob um regime alimentar isento de carotenóides, após o término de todas as reservas do tecido gorduroso (esse pigmento é depositado inicialmente nesse tipo de tecido), na muda seguinte esse canário se tornará branco.
Uma vez que os fatores genéticos determinaram primordialmente a capacidade de depósito dos pigmentos na plumagem dos canários, influenciando-o tanto de maneira quantitativa como qualitativa, , nos resta então, por meio da alimentação tentar otimizar esse processo e obter as tonalidades desejadas e exigidas pêlos manuais de julgamento.
Em outras palavras, partindo-se de um plantei com qualidade genética superior, podemos por meio da alimentação influenciar para melhor(ou para pior) o resultado desejado.
Com os campeonatos se tornando cada vez mais competitivos, com a melhoria dos planteis, aliados a criadores mais técnicos e bem informados, os desempates tem ocorrido em faixas de detalhes cada vez mais estreitas.Com isso, o manejo da alimentação dos canários sem fator com o objetivo de se obter um lipocromo ótimo, se torna obrigatório.
Nos canários com fator, a receita é relativamente simples : quanto menos carotenóides e mais cantaxantina(até a dose ótima), melhor deve ser o resultado.
Nos canários sem fator, a coisa se complica bem mais, pois para começar temos três "tipos" de lipocromos envolvidos(amarelo, amarelo marfim e branco dominante) e vários tipos de carotenóides envolvidos em concentração desconhecidas. Um criador que possui essas três variantes de lipocromo em seu plantei, não deve submete-las ao mesmo regime alimentar, pois se sabe que um amarelo marfim precisa de um aporte maior de carotenóides na sua alimentação para melhor expressar suas qualidades. Um branco dominante não deve, com certeza receber esse mesmo tipo de alimentação (deve receber menos carotenóides), e o amarelo normal, por sua vez deve ser trabalhado com um teor intermediário entre os dias.
Outro complicador em relação aos canários sem fator, é que não existe para eles nenhum aditivo alimentar que tenha sua tecnologia de aplicação dominada em termos de uso e dosagem como a que existe para a cantaxantina.
Com isso, nos resta conhecer melhor os alimentos usados nas nossas criações, e dentro do possível as quantidades de carotenóides que eles aportam, pois o resultado em termos de lipocromo(seja ele bom ou ruim - suficiente ou insuficiente) é o produto direto das "coisas" que damos para eles comerem.
Os carotenóides são uma classe de compostos amplamente distribuídos no reino vegetal e em algumas espécies animais. São responsáveis pêlos pigmentos de cor de inúmeras espécies como tomate, laranja, .verduras, milho, gema de ovo, plumagem dos flamingos, etc.
Nessa família dos carotenóides, existem mais de 500 compostos e incluem dois tipos diferentes de moléculas: os carotenos (licopeno, beta caroteno *, alfa caroteno, etc) e as xantofilas. As xantofilas são as responsáveis pela coloração da plumagem de nossos canários. Como exemplos desse tipo de carotenóide temos a zeaxantina, a cantaxantina, a luteina, a criptoxantina, etc.
As análises químicas dos diversos tipos de alimentos, dificilmente discriminam quais são os tipos de carotenóides presentes nos alimentos. Normalmente os resultados indicam apenas os teores de beta caroteno(o mais estudado dos carotenóides) ou mesmo sua atividade em termos de Vitamina A(da qual alguns carotenóides são precursores).
Sabe-se também que a zeaxantina(carotenóide presente no milho amarelo, planta pertencente ao género Zea, daí o nome zeaxantina),é responsável por pigmentações de amarelo mais forte, tendendo a laranja. Esse pigmento é encontrado também na gema do ovo, uma vez que as rações de galinhas são compostas em sua grande parte por milho amarelo.
Existem indicações que os vegetais de folhas verdes possuem, proporcionalmente mais luteinas, e portanto seriam mais indicados para se obter pigmentações mais desejáveis nos canários.
A tabela abaixo, nos dá uma indicação dos teores de carotenóides presentes nos alimentos mais usados na Canaricultura e pode servir como auxiliar no manejo da alimentação.

Teor de Carotenóides em Alguns Alimentos

SEMENTES COMPONENTES DA RAÇÃO (FARINHADA) VEGETAIS E FRUTAS OUTROS
ALTO - Milho amarelo Cenoura,
Folhas de Brócolis
e Espinafre
Gema de ovo
MÉDIO Colza,
Nabão e
Linhaça
Farelo de soja Almeirão,
Chicória,
Acelga e
Couve
-
BAIXO Alpiste,
Aveia e
Niger
Milho Branco,
Farelo de Trigo,
Germe de Trigo,
Farelo de Arroz e
Leite Desnatado
Maça e
Pepino sem casca
Clara de Ovo e
Arroz
Como não existe comercialmente disponível ao canaricultor um tipo de Xantofila - como acontece com a cantaxantina com tecnologia definida em termos de uso e dosagens, só nos resta tentar manejar da melhor maneira possível os alimentos disponíveis de maneira a tentarmos obter o melhor resultado possível. Nesse manejo, alguns fatores merecem destaque:
l) A literatura mostra que nas sementes, o principal carotenóide é a luteina.
2) O ovo, milho amarelo e seus derivados são ricos em zeaxantína.
3) Quanto mais verde, são as folhas das verduras, maior seu teor de carotenóides(sabemos que o teor de beta caroteno é alto, mas não sabemos o teor das xantofilas envolvidas).
4) Canários com cor de fundo amarelo, amarelo marfim e branco dominante devem preferencialmente ser submetidos á regimes alimentares distintos em termos de carotenóides.
5) Os carotenóides "amarelos", são acumulados no tecido gorduroso dos canários, e são liberados para efeito de coloração das penas à medida da necessidade, seja na muda de penas ou na substituição de penas caídas. Isso quer dizer que a cor daquelas penas que nascerem num determinado momento, reflete a alimentação ingerida pelo pássaro nos meses anteriores. Portanto, se o canário ingeriu carotenóides ' inadequados anteriormente, mesmo não estando na muda, isso pode se refletir na emplumação posterior. Isso quer dizer que a alimentação adequada, deve ser fornecida com bastante antecedência em relação à muda - no mínimo à partir da separação dos pais.
6) O fator ótico para o azul é fundamental nesse manejo e é presença obrigatória no património genético de nossos canários, pois se encarrega de imprimir a tonalidade "esverdeada" nos lipocromos amarelos, quando se obtêm o desejado amarelo limão.
* Segundo Frans Kop o beta caroteno, e por analogia os outros carotenos, não são responsáveis pela coloração das penas.

Linha Escura - Manejo das Melaninas

Sempre que avaliamos a qualidade das melaninas dos canários, observamos que existe uma grande diferença em termos de qualidade melânica entre os diversos criadores.
A criação desses canários no Brasil já vem de longa data, e nos perguntamos porque essa diferença ainda persiste.
Notamos também que essa distancia é maior nas cores em que a presença de feomelanina não é desejável como e o caso dos melânicos clássicos e os melânicos pastéis (com exceção do canela pastel). Nessas cores, a eliminação da feomelanina indesejável tem que ser feita a custa de seleção.
Nas cores em que a presença de feomelanina é necessária e desejável como os feos e canelas pastel, percebemos que a excelência de qualidade é mais facilmente atingida.
Nas cores em que a feomelanina, por força da mutação correspondente tem a sua presença inibida ou atenuada, observamos também uma aproximação em termos de qualidade entre os vários criadores (é o caso dos opalinos). Temos ágata opalinos por exemplo com excelente nível de qualidade.
Com isso chegamos à conclusão que o nosso maior problema tem sido a presença da feomelanina nas cores em que ela não e desejável.
O objetivo do presente artigo é debater alguns pontos que ao nosso ver orientam os criadores mais técnicos e que vêm possibilitando essa evolução tão grande no que respeita a qualidade de melaninas.
Ao nosso ver, o objetivo dos criadores que desejam aprimorar a qualidade melânica dos seus pássaros deve se centralizar em dois pontos:
• eliminação da feomelanina
• concentração das eumelaninas
Para melhor entender como chegar a esses objetivos devemos recordar a posição que cada uma das melaninas ocupa nas penas dos canários.
Sabemos que a feomelanina ocupa principalmente a borda das penas enquanto que as eumelaninas ocupam sua parte central.
Podemos tentar representar muito esquematicamente a distribuição dos pigmentos corantes fazendo um corte transversal num canário e observar que a feomelanina ocupa a parte mais superficial do manto do canário.
Dessa maneira, a feomelanina provoca um embaçamento no desenho das eumelaninas que estão num extrato inferior, tal como se fosse colocada uma cobertura semitransparente amarronzada sobre o manto do canário. Isso provoca uma confusão no desenho e impede a máxima manifestação das eumelaninas.
Isso posto, como um primeiro passo para a eliminação da feomelanina indesejável devemos eleger para reprodução pássaros com plumagem curta. O pássaro com plumagem curta tem uma tendência menor a manifestar a feomelanina, não necessariamente porque não a possua, mas sim porque a sua aparição é impedida , pelo simples fato de que a pena tem uma borda menor e no momento em que a feomelanina seria depositada a pena já não apresentar mais local para isso.
Um segundo ponto também de grande importância na obtenção de canários com mínima feomelanina é a seleção de exemplares que apresentem "fator azul" ou "fator óptico para o azul". Tal fator elimina os resíduos de feomelanina das bordas das penas permitindo uma maior manifestação tanto do lipocromo como das eumelaninas.
O fator azul se manifesta nas células das penas cuja estrutura possibilita a reflexão de raios luminosos azuis e o resultado disso são aqueles pássaros que impressionam pelo seu brilho. A modificação que ocorre na estrutura das penas com fator óptico é que determina a diminuição da presença de feomelanina nas bordas das penas.
Portanto selecionar-se no sentido de máximo fator azul, resulta sempre em mínima quantidade de feomelanina.
O criador deve ter em mente também que por ocasião do depósito dos pigmentos corantes nas penas dos canários, existe uma concorrência por espaço entre o lipocromo e as melaninas. (na realidade o melhor termo seria intersecção).
Isso quer dizer que nas regiões onde não existe depósito de lipocromo a presença de melaninas se faz mais acentuada, o que explica a melhor qualidade melânica dos mosaicos e dos canários com lipocromo ausente (prateados e azuis), como comportamento geral.
Os mosaicos devem ter o manto com menor presença de lipocromo possível e com isso pode-se trabalhar e obter pássaros com melhor qualidade de melaninas. O que se vê nos concursos hoje em dia são mosaicos e prateados com qualidade melânica superior aos intensos e nevados (mais uma vez generalizando e não se considerando a distribuição do desenho em si).
Além de conhecer o mecanismo de depósito das melaninas, o criador deve ter em mente também que só se consegue bons resultados à custa de uma seleção muito bem feita. Para conseguir isso, o criador deve se especializar nas cores de sua preferência e procurar fazer vários casais dessa cor. Com isso pode obter grande número de filhotes e realizar uma seleção rigorosa nos mesmos tendo os objetivos já citados em mente. Essa especialização também é uma característica dos criadores mais técnicos e ajuda a explicar seu grande progresso.

Mutação Eumo

Como prometido, estamos presente novamente nestas páginas para discorrer sobre esta mutação com a intenção de dividir nossas observações com todos vocês e para estimular uma discussão positiva.
A primeira providência é pedir desculpas por ter escrito erroneamente no artigo precedente (Itália Ornitológica. 8-9 ano 2002, pág. 14 e 15) que a mutação Eumo é alélica à mutação Féo; nossa intenção no contexto da matéria , era defini-la como "semelhante".
Voltando às observações de campo:
Olho Vermelho
Tipo base negra - confirmamos quanto ao já dito, a tonalidade do vermelho no olho parece estar ligada à quantidade de eumelanina preta e marrom presente no pássaro, e não devida puramente ao acasalamento. Segundo as nossas observações, poderíamos afirmar que a procura de uma plumagem sempre mais desenhada e com tonalidade cinza escura implicaria no progressivo escurecimento do olho; a cor vermelha escura definida nos critérios de julgamento é já hoje, nos indivíduos mais típicos,perceptível só em condições de luz ótima (visualmente poderia se comparar com olho do tipo base Isabelino).
Tipo base marrom - neste caso, nossas observações atuais nos levam a afirmar que o olho vermelho escuro é sempre visível também em indivíduos com desenho típico.
Acasalamento em pureza
** - Até hoje um número limitado de acasalamentos tem sido efetuado; portanto não consideramos os achados ainda completamente definitivos: tem se assistido sempre a um reforço da ação de redução das eumelaninas pretas e marrons, portanto o desenho menos marcado, tendendo a quebrar se com bordas mais evidentes sobre desenhos das rêmiges e retrizes.
Marrom Eumo
Encontramos, atualmente, nos sujeitos por nós manipulados, que a tipicidade do Eumo Marrom é mais evidente que nos outros tipos reconhecidos: Preto Eumo e Ágata Eumo; a diferenciação do tipo Isabelino clássico é clara pela presença de uma tonalidade mais marcada, contínua, como no tipo base marrom, maior redução da feomelanina, sobre a plumagem de fundo, evidentemente relevante.
Em geral sobre os tipos Preto e Marrom
Podemos afirmar que as falhas reveladas nos indivíduos das estações passadas, como a carência de estrias sobre a cabeça, tem sido eliminadas, e pensamos que com a seleção e o aporte do tipo base hoje presente nas nossas crias seguramente deveremos:
* melhorar ainda em termos qualitativos e quantitativos as estrias, a envoltura, as marcações;
* escurecer a tonalidade das eumelanina;
* reduzir a extensão das bordas sobre os desenhos (rêmiges e retrizes) e/ ou pesquisar uma borda cinza clara por evidentes reduções das feomelanina.
Estamos percorrendo uma estrada seletiva que no passado já foi em parte percorrida e depois abandonada, e que nos levará em pouco tempo a alcançar uma tipicidade e diferenciação sempre mais marcada pêlos outros tipos hoje reconhecidos. Para completar falaremos também dos Eumos Ágata, mesmo que as nossas observações se limitem a uma amostra limitada de indivíduos:
Uma alta variabilidade tem sido revelada, quase seguramente relacionada ao tipo base e não ao efeito da mutação, nas tonalidades do desenho que dá um cinza e que pode, em alguns indivíduos (só femininos???), aparecer cinza marrom.
Em geral nos parece que, no estado atual, os indivíduos do sexo feminino sejam inferiores de tipicidade pelo efeito do dimorfismo sexual. Tem se revelado, em alguns indivíduos, a característica do desenho claro como na mutação Topázio, menos perceptível nas retrizes; em outras palavras um puro Ágata Eumo poderia ser confundido com um Ágata Topázio se não fosse pela maior redução da feomelanina na plumagem. Também no Ágata Eumo a qualidade e quantidade de eumelanina parece incidir na tonalidade vermelha da íris. Quanto ao afirmado antes deve ser considerado válido para indivíduos que não tenham interferências aportadas de outros tipos (por exemplo, Ágata Eumo portador de Isabel ou de Féo).
Como das outras vezes, ficamos a espera de eventuais observações de quem gentilmente nos está lendo, confirmando ou contestando o que aqui foi escrito.

Observando as Melaninas

Para efeitos de classificação, dividem-se os canários de cor em dois grandes grupos á saber:
1. Canários de linha clara (ausência total de melaninas)
2. Canários de linha escura (presença de melaninas)
Chamamos tecnicamente de "tipo", o conjunto de manifestações melânicas visíveis na plumagem, pés e bico de todos os canários chamados de linha escura.
Dentro dos canários da linha escura, existe o grupo dos chamados clássicos, que são: os azuis, verdes, cobres, ágatas, canelas e isabéis, e as respectivas mutações, que são: pastéis, opalinos, feos, acetinados,asas cinza, topázios, onix e eumo.
Os pigmentos melânicos tem origem proteica e basicamente se dividem em 3 grupos:
* Eu melanina negra
* Eu melanina marrom
* Feo-melanina
Embora o tipo seja avaliado num único item na planilha de julgamento, a sua análise envolve um conjunto de características que os pássaros da linha escura apresentam, e a sua compreensão é fundamental para o sucesso na seleção, julgamento e acasalamento.
Para analizar o tipo dos canários, devemos subdividir os diferentes tópicos que irão compor o conjunto de pontos à serem atribuídos à cada exemplar.
Assim sendo, temos os seguintes elementos:
* Desenho
* Envoltura
* Teor melânico em pés e bicos (unicamente para exemplares negro-marrom oxidados)
* Presença de feo-melanina
DESENHO
Chamamos tecnicamente de desenho, à duas manifestações diferentes:
1. desenho originário das eu-melaninas (negra ou marrom)
2. desenho originário das feo-melaninas periféricas
3. desenho originário das feo-melaninas centrais (topázios)
Uma das características das eu-melaninas (negra ou marrom) é o seu depósito no centro das penas do dorso, cabeça e flancos, aferindo aos canários desenhos característicos, que variam de acordo com cada cor.
Basicamente, nos canários chamados de "oxidados" (azuis, verdes, cobres e canelas) ele deve se apresentar o mais largo e contínuo possível, e nos canários diluídos (ágatas e isabéis) deve ser fino e entrecortado.
Quanto mais expressivo o desenho se apresentar em todas as regiões de eleição (dorso, cabeça e flancos) mais valorizado será o exemplar.
O desenho tem uma tendência à variar de largura em todos os pássaros dependendo deles serem intensos, nevados ou mosaicos. A estrutura das penas de cada um deles é diferente, o que redundará num desenho mais ou menos largo entre um exemplar e outro.
Assim sendo, os canários intensos tem em média desenho mais fino do que os nevados, e estes por sua vez, mais fino do que nos mosaicos.
A cor e tonalidade do desenho dos canários, varia muito de acordo com cada cor ou mutação.
Sugerimos consultar o Manual de Julgamento de Canários de Cor da OBJO, onde essa tonalidade é descrita para cada cor clássica e suas mutações (azuis, verdes, cobres, canelas isabéis e as mutações pastel,opalino, acetinado onix, eumo, etc.).
A única exceção de desenho eu-melânico é a dos canários "asas cinza", onde por efeitos de seleção, e partindo de canários pastéis negro-marrons oxidados, a melanina negra se deposita prioritariamente na borda das penas, conferindo à plumagem uma característica própria de pigmentação, ficando o centro das penas claro e a borda mais escura.
Com referência às feo-melaninas, existem 2 manifestações diferentes no que refere ao desenho:
1. canários feo
2. canários topázio
Originalmente, as feo-melaninas (de cor marrom ferrugem) se apresentam na borda das penas.
Considerando que os canários feo inibem a manifestação de eu-melanina e somente possuem na sua plumagem feo-melanina, o desenho dos mesmos coresponde à características de "escamação" na cor da plumagem.
À través de seleção genética, foram obtidos exemplares que depositam feo-melanina no centro das penas chamados de "topázio" cujas caracterísitas de desenho obedecem as descrições dos canários com eu-melanina, respeitando a tonalidade própria referente à esta mutação.
ENVOLTURA
Embora muito se associe a presença de eu-melanina como sendo a responsável pelo desenho dos canários, ela também se manifesta na característica chamada de envoltura.
Podemos chamar de envolutra.a presença eu-melâica dispersa na plumagem, que não seja o desenho.
Se observamos um canário cobre intenso ou canela vermelho intenso, veremos no seu peito, uma coloração muito mais escura do que o lipocromo vermelho. Embora não exista nessa região nenhuma manifestação de desenho, vemos que existe uma tonalidade escura misturada com a cor vermelha. Essa manifestação, está presente em toda a plumagem desses exemplares.
Nos canários chamados oxidados (azuis, verdes, cobres e canelas), quanto mais oxidada seja a envolutra, maior a valorização no item "tipo" na planilha de julgamento.
Já nos canários chamados de "diluídos" (ágatas e isabéis), quanto menor ou menos oxidada a envolutra, maior será a sua valorização.
Por ser a envoltura uma característica das eu-melaninas, não se deve avaliar envoltura nos canários feos, uma vez que eles não apresentam qualquer vestígio de eu-melanina.
TEOR MEIANICO EM PÉS E BICOS
A presença de melanina nos pés e bicos dos canários somente fica nitidamente visível nos canários negro-marrons oxidados (azuis, verdes e cobres) com exceção dos feos e topázios.
Assim sendo, em todos os outros casos, tanto nos clássicos como nos mutados, se valoriza a maior presença de melanina (pés e bicos o mais escuros possível).
PRESENÇA DE FEO-MELANINA
A presença de feo-melanina periférica é penalizada na maioria dos canários da linha escura com a exceção dos canários canela pastel, e feo.
Nos canários canela, deve se prestar bastante atenção na avaliação, pois a tonalidade da envoltura e a presença de feo-melanina podem ser confundidas já que ambas são de cor marrom e a diferença de tonalidade entre ambas é muito sutil.

Padrão Técnico Provisório de Julgamento e Nomenclatura
OS CANÁRIOS ONIX


DESCRIÇÃO GERAL
A mutação ONIX caracteriza-se por uma forte redução da feomelanina e um aumento da eumelanina, influenciada pelo fator mutante. Essa característica expressa-se melhor nos pássaros com forte desenho dorsal e nos flancos, e que apresentem o máximo de eumelanina.
Dado que a feomelanina é substituída pela eumelanina, uma forte envoltura forma-se, notadamente entre as estrias, e em virtude da estrutura da plumagem, será muito mais escura na cabeça, nuca e dorso.
Por causa da forte redução da feomelanina, a cor das estrias não se aproxima da cor apresentada pêlos canários do tipo clássico equivalente, notadamente nos negro-marrons oxidados.
Os pássaros para concurso, nas séries negro-marrons oxidados, ágatas e canelas deverão apresentar as melaninas modificadas apenas pelo fator ONIX, isto é, sem a adição de outros fatores mutantes, especialmente o OPALINO (do qual o ONIX é um alelo co-dominante).
A cor de fundo, não sofrendo a influência da feomelanina dispersa na plumagem, será mais clara e luminosa, especialmente nos canários intensos.
NEGRO-MARRONS OXIDADOS ONIX
Nas séries negro-marrons oxidados, as rêmiges e as retrizes devem ser escuras (cor de chumbo) e de coloração uniforme. Busca-se a ausência da feomelanina no pássaro ideal. As estrias dorsais e os flancos devem ser bem marcados.
Em função da forte redução da feomelanina, patas, bico e unhas não são tão escuros como nas séries clássicas. No entanto, devem ser tão escuras quanto possível e unicolores.
A classificação dos exemplares julgados obedecerá aos seguintes padrões:
MUITO BOM
Por analogia com as séries clássicas, o NEGRO-MARRON OXIDADO ONIX apresentar um máximo de oxidação, o que nessas séries traduz-se por um escurecimento forte na cor dos exemplares, especialmente no dorso, pescoço e cabeça. Ausência de feomelanina.
Total de pontos...........24
BOM
Oxidação e impressão de escurecimento inferiores ao desejado nos exemplares MUITO BOM, mantendo todavia as estrias bem marcadas. Ligeira presença de feomelanina.
Total de pontos.............23
REGULAR
Oxidação e impressão de escurecimento medianos estrias ainda visíveis porém pouco marcadas. Presença de feomelanina.
Total de pontos.............20 a 22
FRACO
Oxidação e escurecimento gerais fracos, tendendo o exemplar ao tipo ÁGATA. Forte presença de feomelanina.
Total de pontos.............18 a 19
As séries seriam as seguintes:
- NEGRO-MARRONS OXIDADOS ONIX SEM FATOR:
- AZUL ONIX - AZ OX
- AZUL ONIX DOMINANTE - AZ OX DO
- VERDE ONIX INTENSO - VD OX IN
- VERDE ONIX NEVADO - VD OX NV
- VERDE ONIX MOSAICO MACHO - VD OX MS MC
- VERDE ONIX MOSAICO FÊMEA - VD OX MS FM
- VERDE ONIX MARFIM INTENSO - VD OX M F IN
- VERDE ONIX MARFIM NEVADO - VD OX MF NV
- VERDE ONIX MARFIM MOSAICO MACHO - VD OX MF MS MC
- VERDE ONIX MARFIM MOSAICO FÊMEA - VD OX MF MS FM
- NEGRO-MARRONS OXIDADOS ONIX COM FATOR:
- COBRE ONIX INTENSO - CB OX IN
- COBRE ONIX NEVADO - CB OX NV
- COBRE ONIX MOSAICO MACHO - CB OX MS MC
- COBRE ONIX MOSAICO FÊMEA - CB OX MS FM
- COBRE ONIX MARFIM INTENSO - CB OX MF IN
- COBRE ONIX MARFIM NEVADO - CB OX MF NV
- COBRE ONIX MARFIM MOSAICO MACHO - CB OX MF MS MC
- COBRE ONIX MARFIM MOSAICO FÊMEA - CB OX MF MS FM
ÁGATAS ONIX
Nas séries ágatas, as estrias devem ser de cor cinza-escuro, fortemente marcadas e de coloração compacta e uniforme.
A cor das rêmiges e retrizes deve ser a mais uniforme possível.
Busca-se a ausência da feomelanina.
As estrias dorsais e dos flancos devem ser bem marcadas, sobre uma cor de fundo luminosa.
Patas, bico e unhas devem ser unicolores, porém claras.
A classificação dos exemplares julgados obedecerá aos seguintes padrões: MUITO BOM
Nas séries ágatas os exemplares MUITO BONS apresentam desenho muito bem marcado, estrias de cor compacta e ausência de feomelanina. A transformação da feomelanina em eumelanina, efeito do fator ONIX, reduz o contraste entre o desenho e a cor de fundo, mas devem ser muito evidentes as características do tipo melânico ÁGATA.
Total de pontos.............24
BOM
Desenho menos nítido, mas com características melânicas evidentes do tipo ÁGATA. Ligeira presença de feomelanina.
Total de pontos.............23
REGULAR
Desenho pouco marcado, com características suficientes do tipo ÁGATA. Presença de feomelanina.
Total de pontos.............20 a 22
FRACO
Desenho muito pouco marcado, significativa presença de feomelanina, com características melânicas tendendo ao tipo NEGRO-MARROM OXIDADO.
Total de pontos.............18 a 19
As séries seriam as seguintes:
- ÁGATAS ONIX SEM FATOR:
- ÁGATA ONIX PRATEADO - AG OX PR
- ÁGATA ONIX PRATEADO DOMINANTE - AG OX PR DO
- ÁGATA ONIX AMARELO INTENSO - AG OX AM IN
- ÁGATA ONIX AMARELO NEVADO - AG OX AM NV
- ÁGATA ONIX AMARELO MOSAICO MACHO - AG OX AM MS MC
- ÁGATA ONIX AMARELO MOSAICO FÊMEA - AG OX AM MS FM
- ÁGATA ONIX AMARELO MARFIM INTENSO - AG OX AM MF IN
- ÁGATA ONIX AMARELO MARFIM NEVADO - AG OX AM MF NV
- ÁGATA ONIX AMARELO MARFIM MOSAICO MACHO - AG OX AM MF MS MC
- ÁGATA ONIX AMARELO MARFIM MOSAICO FÊMEA - AG OX AM MF MS FM
- ÁGATAS ONIX COM FATOR:
- ÁGATA ONIX VERMELHO INTENSO - AG OX VM IN
- ÁGATA ONIX VERMELHO NEVADO - AG OX VM NV
- ÁGATA ONIX VERMELHO MOSAICO MACHO - AG OX VM MS MC
- ÁGATA ONIX VERMELHO MOSAICO FÊMEA - AG OX VM MS FM
- ÁGATA ONIX VERMELHO MARFIM INTENSO - AG OX VM MF IN
- ÁGATA ONIX VERMELHO MARFIM NEVADO - AG OX VM MF NV
- ÁGATA ONIX VERMELHO MARFIM MOSAICO MACHO - AG OX VM MF MS MC
- ÁGATA ONIX VERMELHO MARFIM MOSAICO FÊMEA - AG OX VM MF MS FM
CANELAS ONIX
Nas séries canelas, as rêmiges e as retrizes devem apresentar cor tendendo ao canela-bege escuro, de coloração tão uniforme quanto possível.
Busca-se a ausência da feomelanina.
As estrias dorsais e dos flancos devem ser bem marcadas, sobre uma cor de fundo luminosa.
Patas, bico e unhas são de cor clara.
A classificação dos exemplares julgados obedecerão aos seguintes padrões:
MUITO BOM
Desenho dorsal e dos flancos muito bem marcado e simétrico, com estrias largas e contínuas, de tonalidade marron-begç escura. Cor uniforme e ausência de feomelanina.
Total de pontos.............24
BOM
Desenho dorsal e dos flancos nítido e simétrico, porém não tão marcado quando o ideal descrito para os exemplares MUITO BONS. Admite-se pequena variação da tonalidade de cor. Ligeira presença de feomelanina.
Total de pontos.............23
REGULAR
Desenho dorsal e dos flancos menos nítido, mas ainda suficiente para caracterizar o tipo melânico. Presença de feomelanina.
Total de pontos.............20 a 22
FRACO
Desenho dorsal e dos flancos pouco oxidado, com estrias pouco nítidas, apenas suficiente para caraterizar o tipo melânico. Sensível diluição nas rêmiges e retrizes. Forte presença de feomelanina.
Total de pontos.............18 a 19
As séries seriam as seguintes:
- CANELAS ONIX SEM FATOR:
- CANELA ONIX PRATEADO - CN OX PR
- CANELA ONIX PRATEADO DOMINANTE - CN OX PR DO
- CANELA ONIX AMARELO INTENSO - CN OX AM IN
- CANELA ONIX AMARELO NEVADO - CN OX AM NV
- CANELA ONIX AMARELO MOSAICO MACHO - CN OX AM MS MC
- CANELA ONIX AMARELO MOSAICO FÊMEA - CN OX AM MS FM
- CANELA ONIX AMARELO MARFIM INTENSO - CN OX AM MF IN
- CANELA ONIX AMARELO MARFIM NEVADO - CN OX AM MF NV
- CANELA ONIX AMARELO MARFIM MOSAICO MACHO - CN OX AM MF MS MC
- CANELA ONIX AMARELO MARFIM MOSAICO FÊMEA - CN OX AM MF MS FM
- CANELAS ONIX COM FATOR:
- CANELA ONIX VERMELHO INTENSO - CN OX VM IN
- CANELA ONIX VERMELHO NEVADO - CN OX VM NV
- CANELA ONIX VERMELHO MOSAICO MACHO - CN OX VM MS MC
- CANELA ONIX VERMELHO MOSAICO FÊMEA - CN OX VM MS FM
- CANELA ONIX VERMELHO MARFIM INTENSO - CN OX VM MF IN
- CANELA ONIX VERMELHO MARFIM NEVADO - CN OX VM MF NV
- CANELA ONIX VERMELHO MARFIM MOSAICO MACHO - CN OX VM MF MS MC
- CANELA ONIX VERMELHO MARFIM MOSAICO FÊMEA - CN OX VM MF MS FM
 
 
 
 
 
 

Artigos Gerais

Como eu faço Criação de Canário de Cor ?

MANEJO NA REPRODUÇÃO
PLANEJAMENTO
O planejamento do número de casais por cor é extremamente importante para um bom trabalho em longo prazo.
A seleção genética, nada mais é do que a fixação de genes desejáveis e de alta qualidade e a eliminação daqueles por nós considerados indesejáveis. Isto, tanto para o que se refere á qualidade propriamente dos indivíduos, como para o seu comportamento reprodutivo e resistência as doenças, fertilidades e fecundidade, fatores também diretamente ligados à genética. É, portanto, de extrema importância, o uso de um número expressivo de matrizes por cor ou raça criadas para obtermos um universo grande o suficiente que nos permita formar verdadeiras "famílias" dentro das quais possamos efetuar a devida seleção, sem necessidade praticamente nenhuma de recorrermos à compra de matrizes de outros criadores e fugindo ao mesmo tempo do fantasma da consanguinidade.
DESEMPENHO REPRODUTIVO
Todas as matrizes são avaliadas individualmente no final da temporada de cria, sendo eliminadas aquelas que não tenham alcançado metas mínimas de desempenho. Os limites mínimos exigidos são: postura mínima de 10 ovos em toda a temporada, cria mínima de 4 filhotes no mesmo período. Desvios de comportamento tais como: baixa fecundidade dos machos, fêmeas que botam no chão, tratam mal dos filhotes, bicam suas penas, quebras os ovos, etc. Também esses dados são rigorosamente anotados no histórico de cada reprodutor.
TRIAGEM
As fêmeas são divididas por sua avaliação em 3 categorias: 1) qualidade excepcional, excelente criadeira; 2) boa qualidade, excelente criadeira; 3) insuficiente como criadeira. As fêmeas de categoria 1 (aproximadamente 40%), são separadas e colocadas uma marca na voadeira, assegurando seu uso para o ano seguinte. As fêmeas de categoria 2 (aproximadamente 40%), também são separadas e identificadas e comercializadas. As fêmeas da categoria 3 (aproximadamente 20%) são colocadas num recinto separado e identificadas para evitar que sejam vendidas a criadores. Eliminados os reprodutores de baixo desempenho, o nível de evolução de qualidade dos filhotes indicará a quantidade de adultos a serem reaproveitados. Normalmente o plantei é formado aproximadamente de 20% de adultos de 1 ano e 80% de filhotes. São raríssimos os casos em que ficamos com reprodutores com mais de 2 anos. A eleição genética, pela sua complexidade, poderá ser abordado em um artigo separadamente.
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE DOENÇAS
Dividimos o ano em 3 etapas diferentes, pela sua exigência alimentar, vulnerabilidade, atividade, etc. 1) Muda (de janeiro a abril); 2) descanso (de abril a julho) e 3) cria (de agosto a dezembro).
O CALENDÁRIO ANUAL é O SEGUINTE:
Janeiro/Fevereiro: final da cria. São separados os reprodutores e aplicado Ivomec pour-on® em todos eles. Utilizamos este produto como aliado para eliminar parasitas externos e internos. Aplicamos o mesmo tratamento em todos os filhotes, aproximadamente 15 dias após separados da mãe. O motivo deste prazo é evitar o excesso de extress casos seja aplicada a medicação imediatamente depois desmamados.
Março: vacinação massiva (todos os adultos e filhotes) contra varíola (bouba)
Ano inteiro: A cada 40 dias tratamento preventivo contra micoplasmose com Linco-spectin® ou Tylar®. Considerando que o Linco Spectin® é menos agressivo para a flora intestinal, utilizamos o mesmo o ano todo com exceção de 2 aplicações com tylan® na época de "descanço" objetivando evitar qualquer resistência ao Linco Spectin®
A prevenção às doenças digestivas é feita mediante o uso de preventivos de última geração, não agressivos, tais como lactobacilos vivos, açúcares complexos, acidificantes etc. Adicionado na farinhada, o ano todo. Estes produtos têm reduzindo muito a mortandade de filhotes depois de separados.
Na época de cria é adicionado na farinhada utilizada para tratar dos filhotes, NF180® na proporção de 1gr por Kg de farinhada pronta e Nistatina®, 4 gotas para 10Og de farinhada pronta.
Fornecemos na água ou na farinhada, Multi-hepato® (Antitóxico e protetor hepático) e Multi-ativo® (eletrólitos).
Nos casos de ulcerações, inflamações, feridas etc, nas patas, utilizo uma pomada chamada equiderm®, de excelente ação contra fungos, bactérias e com função também antiinflamatória.
Possuímos 4 cómodos, sendo 2 para criação e 2 para colocar os filhotes. Assim sendo, os cómodos previstos para criação são esvaziadas com a maior antecedência possíveis, desinfetadas etc. para evitar ao máximo a existência de germes na hora do acasalamento. Todas as gaiolas, poleiros etc. passam por um tratamento rigoroso de desinfecção. Utilizamos o desinfetante Virkon® para tal finalidade por não enferruja o material e é de alta eficácia. Antes de iniciar os trabalhos no criadouro, todas as pessoas devem desinfetar a sola dos sapatos num pediluvio com Virkon® e também as mãos como o mesmo produto.
ACASALAMENTO
Começamos a acasalar a primeira semana de agosto. Considerando a quantidade de fêmeas a serem utilizadas (aproximadamente 500 gaiolas) deve-se realizar um trabalho prévio de organização. Nunca juntamos, antes do acasalamento, machos e fêmeas na mesma gaiola ou voadeira. Fazemos a seleção dos exemplares que serão utilizados como matrizes no mês de abril, antes de iniciar a venda. Guardamos aproximadamente 15% de matrizes a mais, como reserva, para substituir aquelas que falhares na cria, morrer etc.
Separamos as matrizes por cor e sexo para uma fácil localização na hora do acasalamento. Começamos escolhendo as fêmeas por cor e avaliando com extremo cuidado as características de cada uma. As ordenamos por qualidade, colocando nas gaiolas pela ordem descendente (a melhor primeiro). Desta forma, já sabemos para efeitos de seleção no ano seguinte, que a tendência é de que a primeira metade integre o plantei novamente e a segunda metade seja superada em qualidade palas melhores filhotas.
Os casais são formados sempre visando multiplicar virtudes e eliminar defeitos. Usamos sempre as melhores fêmeas com os melhores machos.
INSTALAÇÕES E IMPLEMENTOS
GAIOLAS: Utilizamos o mesmo modelo há anos. São do tipo de arame, com 6 comedouros externos de meia lua. Medem 50x26cm de altura x 30 de profundidade, com divisão ao meio. O fundo sobressai 5cm, de tal forma que a maioria das cassa das sementes caiam nele e sujem menos o chão.
Ninhos de armação de arame com forro de corda. Cálcio e areia: Colocamos "pedras" de cálcio que contém areia, ostra moída, casca de ovo. As mesmas podem ser substituídas por "grit". Separação: Separamos as gaiolas com divisões plásticas semitransparentes para evitar que os casais se vejam.
Material para ninho: Utilizamos aniagem, tecido de junta, cortado em quadrados de aproximadamente 5cm e prendemos na gaiola com pregador para que a fêmea retire o material necessário para confecção dos ninhos.
Potes: Utilizamos dois tipos diferentes para colocar a farinhada. Um menor, preso à porta, nas gaiolas que estão sem filhotes, e um maior, no fundo da gaiola, para as fêmeas com filhotes. Todos eles de plástico.
Identificamos de gaiolas: todas são numeradas. Criamos códigos para rápida visualização da situação de cada gaiola. No canto superior esquerdo, indica-se está em postura, chocando ou com filhotes.
Azul, indica chocando, o vermelho indica com filhotes. No canto superior direito, observações sobre comportamento reprodutivo, tais como: rejeição de anel, fêmeas que tratam pouco etc. No centro, colocamos indicação de alguma observação mais imediata (ex. suspeita de ter abandonado o ninho, rejeição do anel etc.)
ANOTAÇÕES
Uma informação precisa e completa é de extrema importância. No momento de acasalar, anotamos o número de anel, cor e características de cada fêmea. Por outro lado, o número de anel, cor, características do macho e gaiolos onde inicialmente irão cobrir. É praticada a poligamia, sendo quem por razões variadas, podemos variar os machos utilizados com uma fêmea entre uma ninhada e a outra.
Utilizamos um caderno em forma de agenda, onde serão anotadas diariamente o número das gaiolas que chocaram, número de anel e cor de macho; 10 dias depois, anotamos junto do número da gaiola a quantidade de ovos colocados e a quantidade fecundados. Também, diariamente, os filhotes anilhados, com número, e gaiola da qual são filhos. Finalmente, em outro setor, anotamos eventuais transferência de ovos ou filhotes de uma gaiola para a outra.
Tudo isto fica na forma de rascunho nesse caderno que depois é digitado para o computador onde os dados são processados deforma a termos uma informação rápida e completa de tudo que ocorre no criadouro.
ALIMENTAÇÃO
Utilizamos mistura de sementes com seqüestrante de mocotoxinas de Alltech que é um produto que inibe o efeito tóxico de eventuais fungos presentes nas sementes.
A farinhada deve ter um teor de proteína entre 18% e 20%, principalmente para o período de reprodução. Fornecemos farinhada diariamente no período de muda. A partir do mês de março começamos a folgar um dia por semana, depois 2 etc. até chegar a fornecer a farinhada 4 vezes por semana. Quando acasalamos, voltamos a fornecer farinhada diariamente, com exceção das fêmeas que estão chocando, que ficam somente se alimentando com mistura de sementes.

A ESPECIALIZAÇÃO RUMO A CRIAÇÃO AUTO-SUSTENTAVEL

Neste artigo tento deixar clara a necessidade de haver algum retorno financeiro na criação de canários, posto que as despesas com a criação: alimentação, gaiolas, funcionários, compra de novas matrizes, viagens para Campeonatos Nacionais, etc. acaba por engolir grande parte do orçamento familiar de muitos criadores. A grande maioria não dispõe em sua conta bancária de recursos suficientes para toda esta manutenção. Então porque não retirar da criação, um pouco, ou quem sabe, a totalidade dos recursos necessários? Não é simples, mas é possível! Para isto, no meu ponto de vista é primordial e vital para o pequeno e médio criador, a especialização, em uma das várias séries de canários de cor ou porte. O pequeno e médio criador (os criadores que montaram o seu plantel com 30 a 100 casais), costuma fazer uma verdadeira "salada" de cores dentro do seu criadouro, um casal daquele pois adoro aquela cor, outro casal deste porque minha filha ama esta fêmea e mais um casal daquele ali pois o pai fez 90 pontos no clube no ano retrasado. Certo, o canário fez noventa pontos, mas quando o procuraram para comprar algum macho igual àquele, qual foi a resposta? ...."Infelizmente só tirei um". Esse é o ponto em que eu queria chegar, o criador obteve dentro da sua "salada" um canário espetacular, mas na hora deste feito render algum dinheiro, não rendeu nada, pois não havia canário algum para vender. Mas se o criador tivesse no mínimo uns cinco machos iguais aquele disponíveis para a venda, já garantiria sementes e farinhada por um bom tempo. Por isso defendo a especialização no caso do pequeno e médio criador. Sei que não é fácil, e sim um trabalho árduo de paciência e perseverança com a montagem do novo plantel . E isto leva muito tempo (anos) e algum investimento inicial também. As vezes a ansiedade e a teimosia levam alguns criadores a gastar muito dinheiro em muito pouco tempo, digo isto porque já fui assim, e me arrependi amargamente por isso. Hoje me vejo já há três anos tentando me especializar em duas séries e sei que ainda falta muito tempo para começar a resgatar os frutos, mas aprendi a ter perseverança e paciência.
É preciso escolher a série em que vai se especializar e a partir daí, fazer um planejamento, que com certeza irá durar alguns anos. Vejamos um exemplo: um criador que possui espaço para 30 casais, escolheu a série dos Isabelinos sem fator para se especializar. Então em seu planejamento ele pode dedicar os dois primeiros anos no aprimoramento dos mosaicos, e depois mais dois ou três anos no aprimoramento dos intensos, nevados e prateados. Aí sim, ele estará pronto para fazer sua seleção dentro de sua própria linhagem de Isabelinos, e se tornar um ícone brasileiro na série escolhida. Vejamos vários exemplos na canaricultura brasileira em que a especialização foi um sucesso, como o Ivo Prado, de Itatiba, com seus disputados cobres, ou então o Paulo Cezar Azevedo com os Amarelos e ainda o Roberto Kobayashi com os seus famosos canários brancos e albinos. E por ai vai, tenha paciência, dedicação e acima de tudo amor pela arte de criar canários. E torne-se também um ponto de referência dentro de alguma série.
Um outro grande fator positivo na especialização, é o aprimoramento técnico que pode ocorrer com várias cores que hoje em dia estão deixando um pouco a desejar. E mais, contribuir com o retorno de algumas cores que estão sumindo, devido a falta de boas matrizes, como exemplo o canário Asas Cinza. É isso, a especialização pode ajudar e muito a canaricultura brasileira, podemos tomar a canaricultura europeia como exemplo, que está no patamar que se encontra hoje, devido única e exclusivamente à especialização.
Bom, tentei mostrar aqui uma nova tendência, que não é tão nova assim, de criar com técnica de seleção uma cor ou cores. Pois como é de conhecimento de todos, os campeonatos regionais e até mesmo o Campeonato Nacional vêm mostrando o quão é valorizado o campeão de série. E mais ainda, pergunte a quem já se especializou, o quanto mais rentável se tornou sua criação.
É importante salientar, que este artigo não tem como fim, recriminar os criadores que gostam de criar várias cores. A opção é de cada um em criar o que quiser e como quiser
Boa sorte e sucesso na criação!!

O que é criar canários ?

Ir em busca do que ainda não se conseguiu ? Ou aprisionar um ser criado por Deus ? Hoje em dia é muito comum alguém partir em defesa dos animais e aves presos em cativeiros, e a resposta mais comum que ouvimos dos criadores é que os canários vivem presos a mais de 500 anos e caso fossem soltos, morreriam de fome por não terem espírito de sobrevivência (é a mais insólita resposta para uma pergunta tão demagógica).
Criar é uma arte, uma pesquisa contínua, é um estudo de nós mesmos, é um processo ao qual pertencemos, no qual fomos gerados, é um complemento do instinto reprodutivo, já que ninguém cria canários para se alimentar deles, como ocorre com a bovinocultura, suinocultura, avicultura, etc.
Na área de pesquisa e estudo, vamos citar que o canário primitivo era verde e hoje temos mais de 300 cores diferentes, mais de 20 raças de porte e 3 tipos de canto distintos, fruto da pesquisa, estudo e persistência de nossos companheiros do Velho Mundo.
Hoje temos centros de pesquisas que utilizam os pássaros para vários testes de medicamentos e de genéticas para auxiliar o ser humano, mas no Brasil é um dos mais belos hobbyes.
Desenvolvido por aficionados criadores, a criação de canários é um relacionamento de amizade entre povos, um intercâmbio de cultura, um estudo permanente para um aprimoramento das raças realizado em um ambiente sadio, democrático e educativo.
A nossa opinião é que deveria ser incentivado às crianças a terem amor aos pássaros. Adquirindo essa cultura e conhecimento tão necessários em sua formação psicofísica.
Para que possamos entender o processo de criação sem termos conhecimento das leis básicas da reprodução e de Mendel torna-se impossível progredir nesse hobby.
A partir desse pequeno conhecimento, passamos a conhecer as necessidades nutricionais dos pássaros e para que é utilizado cada alimento e suas devidas carências. Para prevenir essas carências, cabe um estudo detalhado dos alimentos e suas composições. Após todos esses conhecimentos começamos a obter os primeiros resultados, e para conseguir novos resultados, necessitamos de mais estudos e de um maior aprimoramento.
A dedicação de um criador a seus canários só é suplantada pela dedicação aos seus próprios filhos. O prazer de admirar e se dedicar aos pássaros tornam os criadores de canários pessoas distintas com força de vontade e controle sobre sua criação.

Planejando a Criação

Antes de começar uma criação de canários é necessário decidir sobre as seguintes questões:
+ Tipo, raça e cor do canário;
+ Local;
+ Gaiolas e acessórios;
+ Constituição do plantei;
+ Onde adquirir.
Escolha do tipo, raça e cor
- Canários de cor (com ou sem fator vermelho);
- Canários de porte (posição, forma, desenho, com topete e frisados);
- Canários de canto clássico (Harz, Malinois e Timbrado).
Escolhendo canários de cor, aconselhamos optar inicialmente pêlos canários sem fator vermelho que não exigem utilização de intensifícadores de cor durante a muda, sejam da linha clara (brancos e amarelos) ou da linha escura (verdes, azuis, ágatas, canelas etc).
Aqueles que optarem por canários de porte deverão especializar-se em uma determinada raça: border, norwich, yorkshire, lizard, gloster, fife fancy etc. Da mesma forma, os que se dedicarem a criação de canários de cor, deverão especializar-se em uma série (lipocrômicos ou melânicos clássicos, feos, acetinados etc).
Tanto os canários de cor quanto os de porte e de canto possuem características próprias que deverão ser observadas e melhoradas. Com relação aos canários de canto clássico é necessário ser dotado de um certo dom musical. Estes pássaros são avaliados pelas notas ou conjuntos de sons musicais que emitem.
Escolha da cor
Os canários de cor dividem-se em LIPOCRÔMICOS (linha clara) e MELÂNICOS (linha escura).
Lipocrômicos - tem a sub-plumagem branca e a cor das penas isenta de pigmentos preto ou marrom. Classificam-se de acordo com a variedade (cor de fundo), em Branco Dominante (inibição do lipocromo, com traços visíveis nas penas das asas); Branco Recessivo (inibição total do lipocromo) chamado apenas de Branco; Amarelo; Vermelho; existindo também uma mutação de olho vermelho denominada Ino e outra Marfim (lipocromo diluído) nas mesmas variedades de cor.
A seleção é feita em função de: pureza (qualidade do lipocromo), sendo melhor quando a tonalidade é limão; intensidade (quantidade depositada nas penas) e uniformidade (distribuição da cor no pássaro).
Melânicos - tem a sub-plumagem pigmentada e são caracterizados pelo desenho formado de estrias escuras (eumelaninas negras e/ou marrons e feomelanina canela) na cabeça, dorso e flancos/peito, além do manto ou envoltura que se distribui sobre o lipocromo. Bico, pés e unhas escuros.
Além dos melânicos clássicos são reconhecidas as mutações: pastel, opalino, feo (ino melânico), acetinado, asa cinza, topázio, eumo e onix. Classificam-se de acordo com a variedade (conforme lipocromo de fundo) em verde ou amarelo, azul ou prateado e cobre ou vermelho e quanto ao tipo (natureza c grau de pigmentação) em oxidados, os possuidores de estrias escuras largas e contínuas (verde, azul, cobre, canela) e diluídos onde as estrias são mais claras, finas e interrompidas (ágata e isabelino).
CATEGORIAS:
Tanto os lipocrômicos quanto os melânicos subdividem-se, de acordo com o depósito de lipocromo nas penas, em três categorias:
- Intenso (o lipocromo cobre toda a superfície da pena estendendo-se até a extremidade);
- Nevado (o lipocromo não atinge a borda das penas deixando uma faixa branca) e
- Mosaico (o lipocromo atua somente em algumas regiões: - no macho, máscara facial, peito, encontro das asas, e uropígio), diferenciando-se das fêmeas (dimorfismo sexual), estas, sem máscara, com marcações apenas no uropígio, peito e risco nos olhos.
Local
Quanto ao local, o ideal é que seja especialmente destinado a criação; bem iluminado, voltado para o nascente e arejado, com janelas amplas guarnecidas com tela, para evitar mosquitos e providos de um tanque com água canalizada.
EQUIPANDO O CANARIL
Gaiolas
A gaiola ideal para a ciração de canários é de arame, com divisória central removível, grade de piso também removível, bandeja, duas portas, comedouros e bebedouros externos e poleiros de madeira ou plastico (no mínimo 2 por gaiola).
A padronização das gaiolas é fundamental para facilitar o manejo. Dispor de comedouros, bebedouros, grades e poleiros em duplicata, também facilita a troca para a limpeza sempre que necessário. Mais tarde será necessário adquirir algumas gaiolas individuais (tipo Exposição), de modo a permitir o preparo de exemplares para concurso e, eventualmente, para separar algum pássaro por qualquer outra razão: doença, briga, canibalismo,observação, etc.
Considerando que a gaiola de cria ideal deve possuir 6 suportes externos para comedouros/bebedouros, recomenda-se usar um para areia, outro para mistura de sementes e o terceiro como bebedouro, igualmente de cada lado da divisória, isto evita que se percam pássaros, inadvertidamente, por sede ou fome, quando se esquece uma divisória central.
Comedouros e bebedouros
Prefira os do tipo externo, de plástico, com cúpula destacável em forma de meia lua, para permitir boa limpeza interna.
Banheiras
Banheiras de plástico são apropriadas para o banho. A frequência dos banhos depende da temperatura ambiente e das fases da criação, sendo muito comum propiciá-lo as vésperas da eclosão dos ovos para facilitar o nascimento dos filhotes, caso a umidade relativa do ar seja baixa.
Ninhos
Os ninhos poderão ser de arame ou de plásticos, no formato de cuia, devendo ser revestidos de feltro, papel machê, carpete ou com forro de barbante, feito em croché.
Ao colocar os ninhos nas gaiolas, convém pulvetizá-los com inseticida em pó a base de carbaril a 5%, para evitar a infestação de piolhos.
Aniagem (juta) cortada em pedaços de 10 x 10 cm deve ser presa nas gaiolas para que as fêmeas retirem os fios para fazer os ninhos
Amarre também fios de barbante de algodão na gaiola para distrair a fêmea, evitando desta forma que arranque penas do macho ou dos filhotes, material mais macio que costuma ser usado na terminação do trabalho de tecelagem do ninho.
Convém adquirir também alguns ovos de plástico (indez), de cor azul, que serão utilizados para substituição dos originais, durante a postura da canária. Inclua na lista tesoura ou cortador de unhas, anilhas, escova de dentes macia, palitos de plástico para alimentar os filhotes e medicamentos, constituindo sua farmácia especializada.
Suportes
Para pendurar as gaiolas use estantes ou cabides apropriados que são mais higiénicos, por manter as gaiolas afastadas da parede.

Pontos Nevrálgicos

Na busca incessante para atingirmos as condições ideais de criação de canários; entre muitos fatores um de suma importância é a sanidade dos alimentos consumidos pêlos pássaros.
Vamos analisar primeiro as sementes que compõem a mistura de grãos indispensáveis aos pássaros granívoros.
No processo de colheita das várias espécies de grãos (alpiste, colza, niger, senha, nabão, linhaça, aveia etc...), junto com as sementes, vem impurezas diversas. Que são sementes de outras espécies nascidas junto com a "cultura principal". Que, na terminologia agronómica, seriam as espécies invasoras que concorrem com a "cultura principal".
Após a colheita temos uma mistura da "semente principal" juntamente com outras sementes e impurezas que variam de granulometria (gravetos até poeiras).
Portanto, as sementes devem sofrer um processo de limpeza que vai desde a separação por ventilação até a mesa gravitacional. A ventilação eliminaria as partículas com pesos específicos inferiores aos da "semente principai". A peneiração seria a passagem da "semente principal" por peneiras reguladas para somente retê-las.
Enfim hoje existem maquinarias específicas para limpeza de várias sementes ou grãos, variando desde cereais, café até sementes de pastagens (gramíneas e leguminosas).
O objetivo é conseguir o máximo de pureza das sementes. Quando estas são destinadas ao plantio considera-se também o índice de germinação (a pureza e a germinação determinarão o Valor Cultural).
No nosso caso seria considerar o grau de pureza. Obter sementes livres de corpos estranhos sejam eles de que tamanho forem.
Por uma razão bastante lógica do ponto de vista prevencionista de doenças do aparelho respiratório, do trato digestivo e do sistema ocular das aves.
Ao "descascar" as sementes com os bicos, as impurezas presentes penetram no trato digestivo e são também inaladas pelas vias respiratórias. Isto acarreta inúmeros distúrbios digestivos e respiratórios, que vão se acumulando ao longo dos tempos (fase grave à aguda). Aí... tome remédios... Aí a reprodução é afetada, bem como a saúde como um todo.
Já paramos para refletir sobre a taxa de natalidade e fertilidade de nossos planteis, e o consumo exagerado e indiscriminado de Medicamentos?
Após a colheita e benefício, as sementes devem ser armazenadas em condições de temperatura, umidade e arejamento controlados; para que não se desenvolvam microrganismos que no seu metabolismo (fermentações) liberem toxinas nocivas aos nossos pássaros.
Observemos os países desenvolvidos como tratam esta questão. O controle de qualidade é ponto de honra da mercadoria posta à disposição dos criadores.
Estamos longe de chegarmos lá... É uma questão de conscientização e de exigirmos qualidade; imprescindível para a saúde de nossos pássaros.
No dia-a-dia ao manipularmos a maioria das sementes em nossos criadouros, sentimos o efeito daquela "poeirinha" nos incomodando tanto nas narinas quanto na pele (efeito urticante... coceiras); imaginem nas aves.
Ao retirarmos os recipientes de alimentação, após terem sido consumidos os grãos constatamos uma quantidade considerável de material inerte presente no fundo dos recipientes. Isso não é só perda económica, mas risco à saúde dos pássaros. Se a semente suja custa menos, pague um pouco mais por uma semente limpa.
Cuidado com sementes muito tempo armazenadas em condições tecnicamente imperfeitas. Da mesma forma que somos precavidos em não consumir alimentos deteriorados (embolorados... prazos vencidos), nossos pássaros também são sensíveis à intoxicações.
É muito simples, observe na Natureza onde e que tipo de alimentos os pássaros vão buscar. Os mais fresquinhos, saudáveis e limpos. No cativeiro são obrigados a "engolir" o que dermos a eles.
Aí seu organismo ter que se desdobrar na elaboração de mecanismos de defesa. E gasto de energia... é diminuição de vida reprodutiva.
Nossos Clubes, através de uma Consultoria Técnica, devem debater o problema democraticamente e orientar seus associados.
Com relação às rações farinhadas critérios rigorosos devem ser observados. São substratos ricos em proteínas, vitaminas, probióticos etc... e tem que obedecer a critérios rigorosos de controle de qualidade. Felizmente temos no mercado produtos controlados com responsável técnico no comando.
Mesmo assim ao servirmos a ração aos pássaros devemos ter o cuidado de dar a quantidade suficiente para o consumo do dia (principalmente se for umedecida). Qualquer "sobra" pode acarretar fermentações tóxicas aos pássaros. Um ponto que se tem discutido é sobre a validade de fornecer vitaminas líquidas no bebedouro.
E extremamente importante o fornecimento desse complexo vitamínico aos canários. Isto completa a alimentação: mistura de grãos - farinhada (ração) - vitaminas via líquida.
Argumenta-se que a solução vitamínica no bebedouro pode servir de meio de propagação de microrganismo.
Ora, se um canário consome aproximadamente de 5 a 10 centímetros cúbicos de água por dia; devemos por à disposição dele uma solução vitamínica suficiente para o consumo diário. E isto está dentro dos ditames técnicos: "a água deve ser trocada diariamente". Não há necessidade de vermos os bebedouros individuais "cheios até a boca"; basta colocarmos a quantidade a ser consumida no dia.
Assim procedendo podemos dar soluções vitamínicas via líquida durante todo o tempo. Entretanto, devemos ter o cuidado de usar bebedouros de paredes escuras, para evitar decomposição de certos nutrientes.
Quanto ao fornecimento de verduras aos canários sabemos que temos que tomar dois cuidados fundamentais:
1° - Lavagem das folhas em água limpa e corrente por bastante tempo.
Isto com a finalidade de eliminar algum resíduo de defensivo agrícola (existe o prazo de carência do defensivo: intervalo entre a última aplicação e o consumo do alimento).
2° - Eliminação de bactérias, protozoários, helmintos etc... que podem se alojar nas folhas.
Para tal usamos uma solução de Hipoclorito de Sódio a 2,5% e Cloreto de Sódio (estabilizante).
Recomenda-se usar 10 gotas para cada litro de água. Deixar as folhas em imersão nessa solução durante meia hora; depois lava-las em água corrente e servir aos canários.
No mercado existem vários produtos a base de Hipoclorito de Sódio. Um deles é o "Puri-Verd" em frascos de 30 ml; bastante prático e a venda em varejões de verduras e frutas.
Muitas diarreias são ocasionadas por microrganismo e vermes presente nas verduras.. Essa recomendação acima é valida para nós humanos também.
É bom lembrar que ao varrermos o chão do canaril (criadouro), devemos antes pulverizar uma névoa fina de água para não levantar poeira (prejudicial a nós e aos pássaros).
Vamos abrir o debate sincero e chamar os académicos para participar.
Nosso objetivo é aprendermos sempre, desde as conversas ao pé da escada da sede da UCCC até os umbrais das Universidades onde se depura o método científico.
Tem muito assunto... Tem muitos temas... Teclas já batidas... Mas sempre bem lembradas.

Princípios básicos da criação de canários

LOCAL DE CRIAÇÃO
Para iniciar uma pequena criação de canários, geralmente pode-se adaptar algum cómodo já existente na casa. De preferência, a acomodação deve ser provida de ampla(s) janela(s) voltada(s) para o sol nascente. As janelas devem ser protegidas por tela de malha fina para evitar a entrada de insetos, e dispostas de maneira a evitar a corrente de ar direta sobre as gaiolas, para prevenir o desenvolvimento de problemas respiratórios.
Entretanto, é necessário que haja circulação de ar, o que muitas vezes pode ser solucionado com pequenas aberturas junto ao teto que facilitarão a saída do ar aquecido.
A previsão do número de casais deve ser feita de acordo com as dimensões do criadouro, sempre tendo em mente que o mesmo também precisará acomodar os futuros filhotes e que a superpopulação é uma das causas de insucesso na criação de pássaros.
GAIOLAS
As gaiolas indicadas para a criação de canários são de arame galvanizado com grade divisória removível com suportes externos para bebedouros e comedouros.
Existem no comércio diversos tipos de gaiolas e excelentes fabricantes. Antes de adquiri-las é recomendável fazer uma pesquisa cuidadosa, para eleger um modelo mais conveniente, o melhor acabamento e preço, sendo interessante ouvir a opinião de criadores experientes. Feita a escolha, deve-se adquirir as gaiolas iguais e do mesmo fabricante, com a finalidade de padronizar o equipamento e facilitar o manuseio. Embora um pouco mais caro, deve-se adquirir para cada gaiola uma grade-piso sobressalente que facilitará a limpeza.
Os fundos das gaiolas (bandejas) devem ser forrados com papel absorvente (pode-se usar folhas de jornal) e sempre que houver acúmulo de dejetos, troca-se a forração (dias alternados). Pelo menos duas vezes por semana as grades-piso devem ser trocadas por outras limpas. As grades retiradas devem ser imersas em água por algumas horas, depois cuidadosamente esfregadas, e imersas novamente em uma solução desinfetante.
É preciso cuidados especiais também para os poleiros, que devem ser mantidos limpos e, se possível, trocados a cada duas semanas.
ACESSÓRIOS E UTENSÍLIOS
São muitos e variados os acessórios e utensílios destinados a equipar as gaiolas de criação que podem ser encontradas no comércio. Deve-se evitar sobrecarregar as gaiolas com equipamentos muitas vezes supérfluos e que acabam dificultando a manutenção da higiene.
Os melhores e mais práticos são os comedouros e bebedouros plásticos em fornia de concha ou meia-lua, usados no exterior da gaiola. Esses recipientes devem ser mantidos rigorosamente limpos, não se admitindo que os bebedouros criem limo (algas) e os comedouros acumulem pó. Além da limpeza diária dos bebedouros, com pincel, escova e esponja, pelo menos uma vez por semana os mesmos devem ser mergulhados por algumas horas em solução de cloro (Quiboa, Cândida, etc...) e depois enxaguados em água corrente. Os comedouros destinados às sementes devem ser constantemente esvaziados para evitar o acúmulo de pó e podem ser trocados para a lavagem em espaços de tempos maiores. Para ministrar alimentos úmidos como farinhada e papas, usa-se vasilhas de louça, vidro ou plásticos, que devem ser substituídas diariamente e tratadas com os mesmos rigores higiénicos.
Os canários precisam tomar banhos frequentes e para isso pode-se adquirir banheiras plásticas de tamanho grande mas que permita sua passagem pelas portas das gaiolas.
Durante a época de criação deve-se fornecer aos casais, ninhos adequados de modelos diversos existentes no mercado, que são duráveis e de fácil higienização. Esses ninhos devem receber forros de flanela, corda ou feltro, comente encontrados em lojas especializadas.
É boa prática trocar os ninhos quando os filhotes são anilhados e sempre usar ninhos limpos a cada nova ninhada ou quando se fizer necessário.
Após a abertura dos olhos dos filhotes não convém manusear os ninhos, para evitar que os mesmos o abandonem prematuramente, causando sérios inconvenientes.
FORMAÇÃO DE PLANTEL
Como o objetivo da canaricultura é a qualidade e não a quantidade, o criador inexperiente não deve iniciar a sua criação com um número muito grande de casais.
Se a intenção for ter um ou dois casais, por passatempo, sem a preocupação com os resultados, qualquer casal serve, desde que seja saudável. Entretanto, se o objetivo for criar canários pensando em desenvolvimento técnico ou em concursos deve-se começar com casais de "porte ou cor" de acordo com a preferência, mas de qualidade reconhecida. O criador deverá então filiar-se a um Clube Ornitológico que lhe possibilitará a compra de anilhas para registros oficiais, além da assistência técnica e convívio com outros criadores. Para conseguir bons pássaros é prudente visitar criadores de prestígio e clubes Ornitológicos, que poderão dar valiosas orientações sobre os acasalamentos pretendidos e fornecer matrizes de qualidade técnica indiscutível.
Algumas regras já estabelecidas são importantes e devem ser lembradas na hora da compra:
* Desconfie dos pássaros baratos pois geralmente são de qualidade inferior ou portadores de alguma afecção. É preferível começar com poucos casais de qualidade do que com muitos ruins;
* Compre somente canários que possuam anilha e solicite de seu vendedor o seu "pedigree";
* Não confie somente em seu "gosto" para avaliar um canário que deseja comprar. Certifique-se se ele está dentro dos padrões de cor ou de raça desejada. Se possível solicite os conselhos de um especialista e leia o Manual de Julgamento da Ordem Brasileira de Juizes de Ornitologia, inteirando-se das características técnicas que os pássaros devem possuir;
* Não compre exemplares fracos ou enfermos por melhor que seja o seu "pedigree" pois um pássaro nessas condições não será um bom reprodutor;
Lembre-se que um pássaro saudável é esperto e alegre. Sua barriga deve ser limpa e sem manchas, seus pés e dedos sem crostas ou tumorações e sua respiração silenciosa e sem chiado.
Segundo alguns canaricultores "nem sempre um canário que obteve um primeiro lugar é o mais adequado para a criação. Existem canários espetaculares em termos de plantei e criação que não teriam grandes chances numa mesa de julgamento, ou por estarem com a plumagem desarrumada, ou por terem o rabo aberto ou por estarem um pouco gordos quebrando assim a harmonia visual. Seria muito fácil se você comprasse um macho campeão e a fêmea campeã e acasalando-os, obtivesse o novo campeão".
Claro que os pássaros classificados em concursos devem possuir qualidades, mas também é muito importante a sua origem e potencialidades genéticas, o que justifica o ditado muito popular entre os canaricultores; "É preferível um pássaro razoável de uma excelente criação do que' um pássaro excelente de uma criação razoável".
ACASALAMENTO
Considerando-se as variações naturais da luz solar, anualmente ocorre um aumento gradual e contínuo do tempo de duração da luminosidade do dia, a partir de 21 de junho, alcançando o máximo em 21 de dezembro. Esse período considerado foto-período positivo, influencia o ciclo reprodutivo dos canários. Assim, entre a segunda quinzena de julho e a primeira de agosto, em nosso hemisfério, é a época recomendada para iniciar os acasalamentos.

Os machos e as fêmeas deverão ser colocados nas gaiolas de cria, separados pela grade divisória, para um período de adaptação, fornecendo-se às fêmeas, o ninho e fios de estopa (desfiada ou em pedaços de 5x5 cm) presos nas gaiolas. Quando os pássaros começarem a trocar comida através da grade, e a fêmea confeccionar o ninho remove-se a grade divisória, sendo então bem menor a possibilidade de brigas geradas por incompatibilidade ou despreparo do casal.
POSTURA
A postura do primeiro ovo sucede + ou - 8 dias após a primeira cópula e as posturas mais frequentes são as de três e quatro ovos.
A canária normalmente põe os ovos em dias seguidos, mas em alguns casos pode ocorrer intervalo de um dia entre dois ovos.
Nas primeiras horas da manhã (entre 5 e 7 horas) a canária realiza a postura e depois é coberta pelo macho, o que assegura a fecundação dos ovos posteriores. Por isso, não é conveniente entrar no canaril muito cedo.
Todas as manhãs, depois das 7 horas, os ovos recém postos devem ser retirados e substituídos por ovos de plástico. Os ovos recolhidos devem ser colocados em recipiente com areia, algodão, ou semente esférica (evitar sementes pontiagudas como o alpiste, que podem perfurar a casca) e mantidos em temperatura ambiente. Após a postura do último ovo, que normalmente é de cor mais escura , os ovos devem voltar ao ninho, sendo este considerado o primeiro dia da incubação. A razão deste procedimento é para que os filhotes nasçam no mesmo dia e tenham a mesma oportunidade de desenvolvimento.
INCUBAÇÃO
Normalmente a incubação é de treze dias e nesse período é conveniente que o ambiente seja tranquilo e que as manipulações na gaiola sejam rápidas, evitando-se perturbar a canária.
Durante a incubação, os ovos perdem água através da casca que é porosa e permite também o intercâmbio de gases necessários para a vida do embrião. Nesse processo de "respiração do ovo" o vapor de água expelido deve ser reposto. Dai a necessidade,nesse período, de umidade relativa do ar mais elevada. As canárias por instinto regulam a umidade molhando suas penas, sendo conveniente colocar banheiras, particularmente ao final da incubação (3-4 dias antes do final) momento em que os ovos necessitam de maior umidade e menor temperatura para que os estímulos de eclosão sejam eficazes e os filhotes possam romper facilmente a casca (70-90% de umidade).
Se a fêmea não se banha é conveniente pulverizar os ninhos com água.
Em períodos de baixa umidade pode-se também colocar esponja úmida no fundo da gaiola, embaixo do ninho.
Durante a incubação pode-sefazer odiagnóstico da fertilidade dos ovos a partir do quinto ou sexto dia, examinando-os por transparência através de um foco de luz e comprovando a existência do complexo embrionário. Para isso emprega-se um "ovoscópio" que consiste numa caixa contendo uma lâmpada no interior e um orifício sobre o qual se coloca ovo.
Observando-se um ovo não sulfúrico, sobre os ovos fencudado, por esse método, a gema é perfeitamente distinguida enquanto nos ovos fecundados, a partir do 39 ou 49 dia da incubação já não se distimgue a gema, como se ela estivesse misturada com a clara.
Com a prática, a olho nú pode-se distinguir os ovos "claros dos fecundados, pois estes, aos seis dias de incubação adquirem uma coloração mais intensa e fosca.
Segundo Perez e Perez (Bases biológicas y de aplicacion prática de la canaricultura), os ovos abortados constituem perigo pelas emanações que produzem, principalmente ácido sulfúrico, sobre os ovos normais, podendo ser esta a causa de fracasso da incubação. Por essa razão, esse autor recomenda a ovoscopia em dois períodos, aos 5-6 dias para descobrir ovos infecundados e aos 10-11 dias para eliminar os embriões mortos.
Após os seis dias de incubação a casca dos ovos fecundados adquirem uma coloração mais intensa e fosca. Enquanto os não fecundados adquirem uma coloração menos intensa.
NASCIMENTO
Na maioria dos casos o nascimento ocorre exatamente no décimo terceiro dia de incubação.
Entretanto, se o nascimento não ocorrer dentro do previsto, deve-se ter paciência e aguardar. Várias circunstâncias podem causar o atraso. Há fêmeas que não chocam e saem do ninho com frequência. A falta de umidade também pode influir. Não abra ou jogue fora um ovo pelo menos até o décimo quinto dia de incubação, e, mesmo assim faça mais um teste de vitalidade.
Para isso coloca-se os ovos em um recipiente com água morna e aguarda-se alguns minutos. Se o embrião estiver vivo, o ovo flutuará com a ponta para baixo, uma vez que a câmara de ar ocupa o polo mais largo e balançará ligeiramente. Os ovos abortados flutuarão de lado sem qualquer movimento ou afundarão.
ANILHAMENTO
Para identificar as aves o sistema mais prático e seguro, consiste na colocação de anilhas nas pernas dos filhotes. A anilha é um anel de alumínio, fechada, inviolável, nas quais estão gravadas as siglas da federação e da Sociedade que as hoemitiu, o ano do nascimento, o número de ordem, o número do criador. Esta anilha é a identidade do pássaro, pois não sairá mais de sua perna, acompanhando-o por toda a vida.
Os pássaros para serem apresentados em Exposições e Concursos Oficiais devem portar obrigatoriamente anilhas. As anilhas são colocadas nos canários com poucos dias de vida, de quatro a sete, mas sempre tendo-se em conta o desenvolvimento de suas patas, evitando-se que a operação seja traumatizante no caso de grande desenvolvimento ou que o pássaro a perca, se a manobra for realizada muito cedo.
O anilhamento é um processo delicado e às vezes é difícil, para um principiante. Deve ser feito sobre a mesa forrada com um papel, pois ao pegar os filhotes é comum que os mesmos defequem.
Para anilhar, toma-se o filhote com a mão esquerda, com a direita o anel. Passa-se a anilha pêlos três dedos anteriores, deslizando-se até o início da articulação. Segura-se a ponta desses dedos e desloca-se a anilha através do dedo posterior, que deve ertar no mesmo sentido da perna, fazendo com que o anel passe para a perna. Em seguida, liberta-se o dedo posterior desenganchando-o da anilha. Essa operação pode ser facilitada, untando-se os pés dos filhotes com vaselina ou outro lubrificante neutro.
SEPARAÇÃO DOS FILHOTES
A permanência no ninho até vinte dias é considerada normal. As ninhadas bem nutridas deixam o ninho entre quinze e dezoito dias. Poucos dias depois, os filhotes começam a bicar os alimentos, principalmente a farinhada, frutas e verduras. Com um mês devem descascar e quebrar as sementes, podendo então ser separados dos pais.
Uma regra prática interessante é não separar os filhotes enquanto esses não percam as penugens da cabeça (espécie de pêlos).
Normalmente, por volta do vigésimo quinto dia, a fêmea inicia outro ciclo e começa a se preparar para a nova postura. Nesse período os pais podem depenar os filhotes em busca de material para confeccionar um novo ninho. Isso pode ser evitado, separando-se os filhotes dos pais pela grade divisória da gaiola e oferecendo ao casal material para a confecção do ninho. Os pais alimentam os filhotes pela grade, bastando para isso a colocação de poleiros baixos e próximos a grade divisória, dos dois lados.
ALIMENTAÇÃO DOS FILHOTES
Deve-se oferecer aos pais alimentação farta e variada. A farinhada com ovo cozido deve ser administrada em pequenas quantidades e várias vezes ao dia. Pode-se usar verduras corno almeirão, chicória e couve, sempre muito bem lavadas e frescas, bem como maçã e jiló.
O uso de variedades de sementes também é importante. Além do alpiste, a aveia sem casca (especialmente na primeira semana) e o Níger devem ser oferecidos em comedouros separados.
Algumas canárias não alimentam ou alimentam mal seus filhotes, apesar dos cuidados do criador. Recomenda-se além da retirada do macho, oferecer água de beber fortemente açucarada por um dia e pedaços de maçã.Alguns criadores costumam usar pão molhado no leite, com muita aceitação pelas fêmeas. O preparo é feito usando pão d'água, amanhecido, descascado e cortado em fatias que são mergulhadas em água. As fatias intumescidas são espremidas e oferecidas aos pássaros várias vezes. Depois, mergulhadas no leite novamente espremidas e oferecidas aos pássaros.
Outro recurso que pode ser usado, principalmente para as canárias que saem pouco do ninho, é retirá-lo com os filhotes por alguns momentos. Essa manobra faz com que a fêmea se alimente e ao voltar ao ninho, acabe alimentando os filhotes.
É sempre interessante colocar-se várias fêmeas para chocar ao mesmo tempo, ainda que para isso seja preciso esperar alguns dias. Caso falhe todas as manobras para estimular uma fêmea preguiçosa a tratar de sua ninhada, resta a possibilidade de distribuir os filhotes entre as fêmeas que estejam tratando bem.
Alguns criadores costumam auxiliar as fêmeas, administrando alimentos pastosos no bico dos filhotes. Este procedimento, além de importante, tem suas vantagens, pois permite administrar aos filhotes vitaminas e medicamentos eficientes no tratamento de várias doenças, dentre elas a Colibacilose, patologia responsável pela maioria das mortes no ninho. Além disso, auxilia o desenvolvimento inicial mantendo os filhotes em condições de se levantarem e pedirem alimentação às mães, aumentando o índice de sobrevivência.
As fórmulas das farinhas que devem ser misturadas ao ovo cozido e passado pela peneira para fazer a "farinhada" ou "farofa", são muito variadas. Esse assunto é bastante polêmico e cada criador tem sua própria receita, guardada muitas vezes com grande segredo.
O objetivo final dessa farinhada é obter uma mistura com proporções adequadas de carboidratos, proteínas e gorduras, além de sais minerais e vitaminas, o que na maioria das vezes não é alcançado. Nas revistas e livros especializaods encontram-se várias sugestôes para o preparo dessas misturas.
Existem hoje no comércio, rações balanceadas e adequadas para a mistura com ovo cozido, que estão sendo usadas por criadores de renome.
CUIDANDO DO SEU CANÁRIO
O canário, assim como qualquer animal, necessita de alguns cuidados básicos para que viva em perfeitas condições de saúde e reproduza com sucesso.
ALGUNS CUIDADOS
Mantenha o local sempre limpo e ventilado, mas sem corrente de vento. Mantenha as gaiolas sempre limpas e abastecidas com comida fresca. A água sempre abundante, deverá ser de boa qualidade, pois muitas são as doenças que vêm através dela. Não modifique com frequência a alimentação e nem a iluminação do criadouro, pois poderá provocar muda nas aves. A mudança de local das gaiolas também deve ser evitada.

PROBLEMAS COM AS PENAS

As penas das aves são a sua roupa, a sua marca, seu cartão de apresentação, é o revestimento de proteção, defesa, de segurança, de saúde, enfim uma somatória de qualidades, finalidade e objetivos. Não vamos aqui dar detalhes técnicos de sua formação, discutir finalidades, tipos de penas e sim os problemas de quedas, ausência, muda comum, francesa, crónicas, as massas de penas, etc.
Primeiramente porque as aves arrancam as penas ?
Porque problemas há, senão, não o fariam, e qual é o fator que estimula a queda ou retirada das penas ?
Sendo a tireóide a responsável pelo empenamento, são fatores hormonais os responsáveis pela muda normal da penas, e somados aos climáticos, à quantidade de calor e luz, normalmente nos meses de janeiro a março ocorre a muda, embora há os retardatários ou os apressadinhos que costumam fazê-la fora de época, devido evidentemente à varias causas, que discutiremos aqui. Os periquitos e outros tipos de psitacídeos costumam fazer 3 trocas de penas durante o ano, enfim a muda é muito complexa e complicada e não é tarefa fácil tanto para o criador quanto para o profissional que milita na área, a saber:
Primeiramente devemos estabelecer e verificar cada caso, se é falta de crescimento da pena, desenvolvimento inadequado, destruição delas, em qual fase desta ocorre o problema, esse é o primeiro passo para ministrar a solução. Não esqueça que as aves tem áreas apterigenas, ou seja, áreas de seu corpo desnuda, onde não tem ou apenas apresenta penugens, isso não é falta de crescimento, exemplo regiões do dorso, pescoço, ao redor dos olhos, peito, etc. Só pra se ter uma ideia e exemplificação, no caso de desenvolvimento anormal: fatores stressantes de temperatura pra cima ou pra baixo, correntes de ar, vírus, problemas de tireóide, nutrição, alimentos, etc.
Destruição de penas; devido bactérias, fungos, traumatismos, debicagens, densidade demográfica aumentada, ectoparasitos, etc.
Algumas considerações antes de falarmos sobre a queda de penas
O principal hormônio responsável pela formação das penas vem da tireóide, portanto toda atenção pra ela é valida.
As aves não têm glândulas sudoríparas, portanto não suam.
Problemas hepáticos refletem na beleza das penas, na formação, na coloração.
Doenças tanto locais quanto sistémicas (internas) podem causar lesões e anormalidades das e nas penas, alterando lhes contornos, morfologia, quedas, encroamento, ausência de mudas ou aumento delas. Muitas vezes nódulos ou caroços, pensa-se em tumores e na verdade são problemas com penas, focalizadas em determinadas áreas, com eritema ulceração, secreção, sangramento, laceração, etc, estimulando a formação de massas amareladas.
Na muda a bainha da pena é retirada no desenvolvimento normal do processo da formação da mesma formando um tipo de "caspa", como se fosse flocos brancos, isso é normal.
Em filhotes que administramos alimentos (auxiliando) a mãe na alimentação da prole, pode-se ter uma queda de penas na altura do engluvio (papo), ou seja, lesão cutânea na porção cranial ventral do tórax, devida administração de alimentos um pouco mais quente que o normal, cai as penas. O que é muda? É a troca das penas que as aves fazem sazonalmente, sendo um processo fisiológico de substituição das antigas pelas novas, é uma verdadeira troca celular, morrendo e caindo as velhas para surgimento das novas e mais bonitas, com mais vidas.
Muda crónica - é um período prolongado de troca das penas, que recomeça após dois ou três ensaios de renovação interrompidos.
A muda normal nos canários começa no final do verão e principio do outono (finais de janeiro, fevereiro e até março), e tem a duração aproximada de dois meses. É ela uma fase hormonal natural e que a ave necessita passar por esse período anualmente para ter seus hormônios balanceados. Causa nas aves stress, queda de resistência, abatimento orgânico, fadiga, e uma imunossupressão. O desenvolvimento e formação de novas penas requerem do corpo da ave muita energia e proteína, daí a necessidade de uma dieta diferenciada, hiper proteica e hiper calórica. Ficam as aves irrequietas, nervosas, sujeitas a stress tanto de ambiente quanto psicológico.
Muda francesa - Muito se houve falar dela, mas na realidade poucos sabem defini-la, ou seja, grande problema para o criador é este tipo de muda, ela consiste na perda lenta e progressiva das penas, é uma muda que nunca se completa, nunca se acaba, sendo sua principal causa distúrbio nutricional, densidade demográfica aumentada, hereditariedade, ácaros, ectoparasitos e a somatórias desses fatores.
Tão logo começa os indícios da queda de penas, os canários devem ser tratados com muito cuidado. A simples presença de pessoas não frequentes ao ambiente, diferentes do criadouro, pode ocasionar-lhes alteração de comportamento, com variação hormonal e em consequência paralisação da muda. Sabe-se que eventuais visitantes, estranhos ao ambiente, stressam muito as aves na fase de muda, quando então elas mais susceptíveis, principalmente se as pessoas chegarem muito perto das gaiolas, muitas vezes o fazendo involuntariamente, e a pessoa não se dá conta do dano que está causando, quem não evita tem sérias consequências, e paga caro. Evite visitas na época da muda, não exite em falar pró visitante, que o momento é impróprio, dê uma desculpa e mande-os voltar outra época, mesmo que para falar isso tenha que ficar corado, é melhor, tanto para as aves como pra você criador consciente.
Só para você ter uma ideia, um canário com a muda interrompida por alguma razão, por exemplo, essa acima citada, após dois meses recomeça tudo de novo e todas as penas se renovam pela segunda vez, quando ainda não foi recuperada da Imunossupressão, a sua saúde está ainda abalada, a situação fica mais delicada do que a primeira muda.
Caso a ave esteja fraca, esta segunda fase da muda a debilitará ainda mais, porque a emissão e formação de novas penas exige um grande suplemento sanguíneo. É fator comprovado cientificamente e há vários trabalhos sobre isto, que a muda causa uma queda geral nas aves, portanto bastante calma e tranquilidade para as mesmas neste período, pois caso contrário elas vão continuar replumando e perdendo penas num circulo vicioso. Nunca é demais recomendar absoluto ou o máximo de silêncio e o mínimo de manuseio para com as aves na muda.
Quanto mais tranquilidade , melhor é o repouso e calmaria, mais rápido ocorre a recuperação, juntando com uma boa dieta, variedade de alimentos que a situação requer, sais minerais e vitaminas adequadas para a época. Verduras? A ave agradece !
Quais as principais causas de quedas de penas
São muitas as etiologias, mas vamos citar as mais comuns, somente pra se ter uma ideia de quão complexo é o problema, sendo fundamental os dados fornecidos pelo proprietário, pela sua observação e conduta, ai então o veterinário poderá dar um diagnóstico o mais correto possível e um tratamento mais próximo do ideal e eficaz, sanando satisfatoriamente a causa. Se possível identificar a causa da origem (falta de crescimento, falha de desenvolvimento ou destruição das penas), já estará dando um grande passo para a solução, sendo que aqui vale a adequada informação do criador, juntamente com os exames realizados pelo profissional, dessa forma partindo-se para a etiologia da questão, que pode ter um destes artigos como fonte:
1) Dieta inadequada, a mais comum.
2) Erro de manejo.
3) Desbalanceamento da farinhada e ou grãos.
4) Distúrbio de tireóide, obesidade.
5) Sarna.
6) Fungo.
7) Ácaros.
8) Ectoparasitos (piolhos dos mais variados).
9) Falta de vitaminas.
10) Desiquilibrio das vitaminas.
11) Fatores psicológicos (presença de cães, gatos, no recinto, aves que ficam sozinha o dia inteiro, poluição sonora e ambiental), etc.
12) Densidade demográfica aumentada.
13) Auto mutilação
14) Enfermidade infecciosa.
15) Viroses.
16) Intoxicações, crónicas ou agudas.
17) Problemas de fotoperiodismo.
18) Temperatura elevada, local e ambiental.
19) Alergias.
20) Fatores hereditários (genética).
21) Neoplasias e tumores.
22) Massas (amareladas) anómalas na epiderme.
23) Cistos.
24) Dermatite de contato.
25) Penas encroadas.
26) Muda normal.
27) Mudafrancesa.
28) Fatores nutricionais.
29) Stress.
30) Erros de comportamento.
Essas são algumas das principais e possíveis causas de queda das penas, e há outras, porém essas são as mais frequentes, e para se chegar à um diagnóstico correto e bem científico, teremos que dar os seguintes passos:
a) Fazer lâmina direta das lesões (verificar presença de piolhos, ácaros, fungos, bactérias, sarnas, etc.).
b) Raspagem do local com leitura microscópica.
c) Pesquisa de fungos.
d) Pesquisa de bactérias.
e) Cultura e antibiograma.
f) Biópsia de pena, e do local.
g) CSC (contagem sanguínea completa).
h) Raio X da ave (verificando presença de hepatomegalia ou outra alteração significativa.).
Teste das 3 semanas
Poderá ser feita pelo criador, para a solução ser mais rápida e uma boa ajuda ao veterinário para identificar a causa do problema, ou uma luz para orientar na resolução.
Arranque uma pena, aproveitando-a para biópsia e exames, de preferência próxima do ou no local onde está caindo as mesmas. Observe durante 3 semanas.
- Se não nascer nada no local, problema sistémico.
- Se nascer nova pena, bonita e normal e depois cair, problema psicológico, ou debicagem posterior, etc.
- Se crescer e ficar anormal, na morfologia ou estrutura, problema metabólico, doença, ou de formação folicular.
- Se a ave arranca-a novamente, bicamento, automutilação, erro de alimentação, ou de manejo.
Alguns conselhos úteis
Durante a muda é de bom alvitre preservar as aves de corrente de ar, de ruídos, e ffatores que podem assustar, para evitar que as mesmas entre na muda crónica.
Dar dieta hiper proteica e hiper calórica durante esta fase.
Erros de comportamento - há aves que depenam seus filhotes, prestar bem atenção, se for caso esporádico nada a temer, caso seja contínuo, em outra ninhada acontecer o mesmo, mude o parceiro, ou descarte-a, pois o problema pode ser hereditário, ou passe os ovos para um ama seca, e caso ela nunca perca esse vício, descarte-a.
Limpeza e conduta - Isole as aves com os problemas se não for generalizado, assim se evita o canibalismo.
Lave as gaiolas com um bom desinfetante.
Lavar o local e as paredes, ao menos 1 vez por mês.
Manejar adequadamente os alimentos (administrando-os de boa qualidade, e de firmas idóneas).
Dar vitaminas A e E.
Combater piolhos e ácaros, tanto nas aves e no ambiente.
Dar sol ás aves.
Dar banhos, ao menos uma vez por semana.
Dar verde (almeirão, chicória, agrião, etc).
Pulverizar contra ectoparasitos (piolhos, sarna, ácaros), tanto as gaiolas, puleiros, paredes, aves, ninhos, etc.).
Consulte sempre um veterinário de sua confiança e especialista da área.