7 de out. de 2010

CONSANGUINIDADE

Consangüinidade, uma técnica, muitas dúvidas.
O Vida de Periquito busca informar seus leitores sobre assuntos que interessam no melhoramento da criação de periquito e desta maneira traz a informação de pessoas que labutam nesta área e gratuitamente nos trazem as informações.







CONSANGUINIDADE
Fulvio Lucietto.
Juiz OBJO (Ordem Brasileira de Juízes da Ornitologia).



Hoje em dia é realmente fato que a utilização da consangüinidade, quando aplicada de maneira correta, pode trazer grandes benefícios para um programa de seleção genética consistente. No entanto, há várias maneiras de utilizá-la.

A consangüinidade muito próxima, entre pais e filhos, irmãos próprios e até mesmo meio-irmãos não é o método mais utilizado em programas de seleção genética de médio e longo prazo, que visam principalmente o aprimoramento genético consistente. Esses acasalamentos citados, embora possam ser realmente úteis em situações específicas, irão proporcionar em um curto período a produção de "clones" do indivíduo fundador da linhagem. Esse, certamente não é o principal objectivo de um programa consistente de aprimoramento genético que, como o próprio nome diz, busca sempre "ir além", produzindo a cada geração indivíduos mais elaborados.

Nesse tipo de programa de seleção genética, os acasalamentos mais utilizados são aqueles que abrangem a consangüinidade mais distante, como por exemplo, "Tio-Sobrinho", "Avós-Netos" e muito esporadicamente em casos de real necessidade para se perpetuar algum património genético "quase" extinto, os chamados meio-irmãos. Não bastasse isso, a consangüinidade mais próxima (pais com filhos, irmãos com irmãos) aumenta em muito a possibilidade de ocorrência das chamadas "homozigoses indesejadas", que nada mais são do que justamente a possibilidade de genes recessivos causadores de problemas físicos, que podem eventualmente estar sendo portado por um determinado exemplar, acabarem por se manifestarem pela ocorrência do confronto gênico que esse tipo de acasalamento propicia em uma percentagem muito maior.

Em todos esses anos em que venho desenvolvendo as minhas próprias linhas de sangue, pude constatar "na prática", que o tipo de acasalamento consangüíneo que mais oferece bons resultados, no que diz respeito ao aprimoramento genético, e com um risco muito menor de ocorrência de problemas físicos é, certamente, o acasalamento entre "Tio-Sobrinho".

Já li artigos sobre a utilização do "in-breeding" (consangüinidade bem próxima), que defende a ideia de que esse sistema seria o "ideal" para se homogeneizar um plantel. Se a intenção for formar um plantel de "clones", acredito que seja pertinente essa afirmação. No entanto, os grandes criadores da actualidade conseguiram uma consistência extraordinária nas suas linhas de sangue através do "linebreeding", que é justamente essa consangüinidade mais distante, principalmente entre tios-sobrinhos.

Vale lembrar, também, que seguir de maneira intransigente qualquer "fórmula mágica" para se produzir periquito campeões, seja no processo de selecção genética e até mesmo na criação e manejo, levará qualquer criador bem intencionado ao caminho da "frustração e da amargura".

O que esses grandes criadores fazem no que diz respeito ao programa de selecção genética, é sim a utilização do que eu chamaria de "sistema híbrido", onde se desenvolvem efectivamente as linhas de sangue, mas ao mesmo tempo também se busca o aprimoramento das mesmas através do choque de indivíduos que mesmo que não sejam "parentes diretos", são oriundos de linhas de sangue consistentes, que já vem há muitas gerações sendo acasalados na consangüinidade indireta. Esse processo é diferente do chamado "Out-Crosser", pois o outcrosser é caracterizado por acasalamentos entre indivíduos não aparentados e que também são originários de acasalamentos "aleatórios", sem a utilização da consangüinidade.

A razão pela qual a consangüinidade permite a perpetuação de características físicas nos exemplares, é pelo fato de que as características físicas são determinadas não pela ação de genes isolados (como ocorre na maioria dos casos na genética que determina as "cores" e os "desenhos de asas" dos periquitos), mas sim pela ação conjunta de vários genes (recombinação gênica), e que são desconhecidos pela ciência. O que se consegue avaliar é o resultado que essas recombinações gênicas propiciam, justamente através da criação de exemplares de alta qualidade.

O que se faz então é agrupar esses exemplares em "famílias", formando-se assim as chamadas "linhas de sangue". Na prática o que ocorre é que, no momento em que você está agrupando esses exemplares em famílias, você também está conseqüentemente, selecionando essas chamadas "recombinações gênicas" (que produzem os aspectos físicos desejáveis), mesmo sem conhecermos cientificamente "quem são elas" e "como elas agem". Essa prática, ao longo do tempo, geração após geração, é que permite o desenvolvimento de linhas de sangue e de plantéis extremamente consistentes, que atravessam décadas. Grande abraço a todos.

Tipos de "Face amarela" por Fulvio Lucietto

Tipos de "Face amarela" por Fulvio Lucietto
Sempre com a intenção de informar os leitores do vida de periquito trazemos artigos como este, escrito pelo grande criador de periquitos da cidade de Caieiras - SP, o Fulvio Lucietto.

TIPOS DE FACE AMARELA
Fulvio Lucietto
Juiz OBJO

Primeiramente, o comportamento hereditário de um gene deve sempre ser analisado em relação a um gene equivalente, principalmente quando se trata de uma das séries chamadas de "Alelos Múltiplos", em que o gene apresenta, além do estado selvagem, mais de um estado mutante diferente. No caso das mutações que produzem o aspecto visual Face-Amarela, embora elas apresentem comportamento hereditário de codominância sobre o azul (que é a forma mais recessiva dessa série específica de alelos múltiplos), são completamente inibidos pela ação do gene selvagem (verde) quando confrontados com o mesmo, o que mostra um comportamento de recessividade em relação ao gene nativo (selvagem). O Face-Amarela Cobalto Tipo I, tem como característica, além de uma tonalidade mais fraca de amarelo, o fato de o exemplar homozigoto (dois fatores) apresentar a face completamente branca, indistinguível em relação aos exemplares azuis. O Face-Amarela Tipo II, tem realmente a tonalidade do amarelo mais intenso, além do fato de o exemplar homozigoto (dois fatores) também ter a face amarela (diferentemente dos exemplares do Tipo I), só que o pigmento amarelo se restringindo basicamente à face, sem infiltração pelo corpo. O que eles chamam de "Face-Amarela" Tipo III é a mutação "Australian Yellow-Face", conhecida também como "Golden-Face” ou "Face Dourada". Os Golden Faces têm a intensidade do amarelo mais forte, das três mutações e também tem como característica a presença de pigmento amarelo restrita à face nos exemplares homozigotos. Na realidade, todas as mutações que produzem o aspecto visual (fenótipo) face amarela, apresentam um "defeito" na constituição do pigmento amarelo, o que faz com que esse pigmento se apresente em menor quantidade do que nos exemplares selvagens (verdes). Pois bem, se essas mutações apresentam "defeito" na produção do pigmento amarelo e, portanto uma diminuição na quantidade desse pigmento, não teria sentido dizer que os exemplares que apresentam um gene de verde e um gene de face-amarela (Verde portador de face amarela, sim, é possível usarmos essa denominação) tenha uma maior intensidade na tonalidade do amarelo da face, uma vez que o gene face-amarela diminui a produção de pigmento amarelo, e não aumenta. Nas exposições aqui no Brasil, os exemplares golden faces heterozigotos (com apenas um fator) também são julgados na série face-amarela. Espero ter colaborado para o esclarecimento das dúvidas! Grande abraço a todos!


Ar violeta face amarela

Ar celeste face amarela

celeste face amarela



ADA celeste face amarela


ADA celste face amarela


base das cores dos piriquitos

A base das cores dos periquitos

Só existem duas linhas de cor de periquitos: o verde, ao qual se inclui o amarelo, e o azul o qual se incluem os cinzas e os brancos. A linha verde é dominante, logo, se não portarem azul (ser filho de um pai ou uma mãe azul) seus filhotes serão todos verdes, e no teu caso o verde cinza, porque o cinza mistura com o verde.


O amarelo (lutino), amarelo de olhos vermelhos, só o macho pode dar uma filha amarela, mesmo sua fêmea sendo de outra cor. Mas quando se tem uma lutina (fêmea), ela não consegue passar filho (a) lutino com um macho de outra cor (cor normal). Porque esta mutação (lutino) é ligada ao sexo, é um caso onde só os machos passam. Para obter machos lutinos, ou albinos, somente com um casal de lutinos, ou albinos, ou uma fêmea ino com um macho normal portador de ino (qualquer outra cor). Porém, os filhos machos deste casal (o teu) serão portadores de ino (gene para o amarelo de olho vermelho, lutino, e para o branco de olho vermelho, albino, porque a mãe é lutina, ino).

Conchecendo esta e outras características genéticas (quem domina e quem é dominado) os resultados das proles podem até ser programados pois não fugirão a regra.

Ino .............................................lutino ou albino

Portador.......................................filho de pai ou mãe com aquela mutação

Verde............................................ dominante sobre o azul, anula, só permite amarelo

Azul...............................................dominante sobre o albino, porém combina, permite.

Normal....quanto a cor...........................qualquer cor que não seja albino ou lutino

Pra fazer lutino dar albino..............cruzar com azul, pois o branco vem do azul

Os filhos machos dos ino ............serão portadores de ino (não importa a cor deles)

Os filhos dos verdes com azul .......serão portadores de azul.

Os cinzas ........................................são considerados azul, procedem como tal

Tem que estudar não tem? Periquitos, mutações, genética em periquitos, herança ligada ao sexo, dominância, recessivos e vai por aí a fora. Ninguém em lugar algum do mundo sabe tudo, cada um sabe um pouco. E agente aqui procura colaborar um pouquinho também.

FAÇA VOCÊ MESMO


Comedouros Anti-Desperdicio
Um problema com que me deparei nas minhas voadeiras para as crias e no aviário foi o desperdício de comida.
Como não encontrei no mercado nada que solucionasse este problema (ou as que havia eram demasiado caras) resolvi construir eu os meus próprios comedouros anti-desperdício!


Construí comedouros com cerca de 7cm de profundidade e aproximadamente 10cm de largura, com madeira que aproveitei dos desperdícios das gaiolas de criação, como se pode ver na figura 1 (o comprimento foi de acordo com as necessidades de cada gaiola, tendo em atenção o número de aves que cada gaiola pode albergar).
Depois de construída a "caixa" preguei uma ripa ao comprido da mesma - figura 2. Esta ripa tem como objectivo prevenir que as aves pousem ou levantem voo directamente dentro do comedouro.

Outra coisa a ter em conta é nunca encher o comedouro a muito mais de meio da sua capacidade pois, em alguns casos, as aves entram lá dentro mas, como o comedouro apresenta umas altura elevada entre o nível das sementes e as paredes é muito raro haver desperdício de comida.
Ora bem, isto, apesar de ser uma solução aceitável também acarreta um inconveniente. Da mesma forma que não sai comida também não sai cascas o que faz com que haja necessidade de soprar a comida dos comedouros sempre que se quer colocar mais comida, uma vez que não queremos deitar fora as sementes boas que se encontram no fundo. É aqui que pode dar jeito uma máquina de limpar sementes no caso de se utilizarem muitos comedouros deste género.

É de salientar também que a madeira utilizada na construção destes comedouros não é a mais indicada, sendo preferível utilizar madeira de pinho, o que torna a destruição dos comedouros mais difícil por parte das aves. Eu apenas utilizei este tipo de madeira pois, como já foi referido, fi-lo com o objectivo de aproveitar os desperdícios de madeira da construção das gaiolas de criação.