30 de jun. de 2011

Mosaicos

O fator mosaico, gera polêmica quanto sua origem e em que cromossomo ele se situa. Na verdade o fator mosaico não se manifesta logo quanto os filhotes nascem, e sim, somente após a primeira muda de penas, onde as zonas coloridas pelo lipocromo são mais expressivas nos machos do que nas fêmeas, hoje são aprovados os canários com zonas lipocrômicas de menor extensão e bem definidas. 
Este fator é aceito tanto na linha clara como na linha escura, esta última mais difundida atualmente. Admiti-se que o fator mosaico seja resultante da ação de mais de um gene, porém, um gene autossomal é considerado o principal responsável pela fixação do lipocromo nas zonas índice, isto é, zonas onde após a primeira muda permanece o lipocromo. 
Quando há dimorfismo sexual, entre a extensão das zonas índice entre os machos e as fêmeas, os padrões para os dois sexos são diferentes. Por este motivo são julgados em separados. Estes padrões no, entanto, não são idênticos em todos os países. 
         Os padrões para os mosaicos aceitos pela Ordem Brasileira de Juízes de Ornitologia (OBJO) são: 

 

Machos


Fêmeas
Máscara facial ocupa a região do bico passando pelos olhos. Olando de frente devemos ver um anel ao redor do bico. Olahndo lateralmente, devemos ver uma “triângulo” com vértices na testa, região posterior ao olho e região um pouco inferior ao bico. 
Encontros deve aparecer uma nítida marcação de lipocromo cobrindo os ombros e se estendendo levemente até as remiges. 
Uropígio deve apresentar uma nítida marcação de lipocromo e ser bem delimitado, não devendo se estender para nenhuma outra região. 
Peito deve apresentar pouca quantidade de lipocromo porém de cor intensa, restrito a área de um pequeno triângulo, nitidamente separado da máscara facialde cor intensa, ininterrupta, bem delimitada e bem destacada do peito.
Linha dos olhos o lipocromo deve manifestar-se apenas como uma linha horizontal na altura dos olhos. Esta deve ser curta, bem delimitada e nítida, não devendo estender-se nem para a região superior do bico nem em direção à nuca.
Encontros Marcação lipocrômica nítida e intensa, com áreade atuação menor que a dos machos. 
Uropígio deve apresentar lipocromo intenso e bem delimitado, não devendo se estender para nenhuma outra região do corpo. 
Peito Ausência de lipocromo, torelando-se traços leves do mesmo. 
Principais Defeitos: Máscara interrompida e pouco nítida. Zonas de marcação mal delimitadas. Nevação nas zonas de eleição lipocrômica. Pouca expressão do lipocromo nas zonas de eleições. Máscara facial dividida na testa, presença de branco na região facial próxima ao bico.
Principais Defeitos: Lipocromo aparecendo a testa e sobre o dorso. Presença de máscara lipocrômica. Ausência de marcação nos olhos. Peito com excesso de lipocromo. Cor inexistente ou com nevação.


gene mo é responsável pelo surgimento do padrão mosaico quando ocorre em dose dupla e é recessivo em relação ao seu alelo MO que bloqueia o aparecimento do padrão. Assim, os genótipos possíveis são: 


Mosaico
Portador de mosaico
Não mosaico
mo
mo
MO
mo
MO
MO

Mosaicos II

Os canários domésticos começaram a ser criados pelo homem por volta de 1400. Desde então as mutações, fenômeno natural que ocorre em todas as espécies animais, foram sendo selecionadas e multiplicadas com o objetivo de se obter exemplares aos nossos olhos. 
Na natureza, os indivíduos mutantes são mantidos à margem de população e considerados como “defeitos genéticos”.O homem, ao contrário, interessa-se, seleciona e melhora justamente esses indivíduos “defeituosos”. 
Na busca de exemplares diferentes, por volta de 1920, um criador alemão, com o objetivo de produzir um canário vermelho, conseguiu introduzir no patrimônio genético destes, gens de um pintassilgo selvagem conhecido como Tarim da Venezuela. Esse pássaro é muito semelhante ao nosso pintassilgo, com a diferença de possuir vermelho vivo nas áreas onde o nosso é amarelo. 
Por meio de vários cruzamentos, o homem conseguiu adicionar o fator vermelho ao patrimônio genético dos canários, abrindo com isso uma nova gema de combinações de cores, aumentando ainda mais as variedades já existentes. 
A maioria dos pássaros, e os pintassilgos não são exceção, possuem uma característica muito interessante, conhecida como dimorfismo sexual, que faz com que os sexos (masculino e feminino) tenham a aparência distinta ou seja, o macho é diferente da fêmea. 
Esse dimorfismo pode ser mais ou menos acentuado, dependendo da espécie. No caso do canário original, o dimorfismo é pouco acentuado (existe uma certa dificuldade em se diferenciar os sexos). 
Nos psitacídeos em geral ele é quase inexistente, mas nos pintassilgos, ao contrário, ele é bem marcante, ou seja, a diferenciação entre is sexos é bem visível. 
Durante essa tentativa de se criar o canário vermelho, os gens responsáveis pelo diformismo sexual dos pintassilgos, foi inadvertidamente transmitido aos canários. Inicialmente os criadores não perceberam essa característica e descartavam os exemplares mosaicos, considerandos fora do padrão. 
Atualmente essa categoria de canários representa boa parte da nomenclatura de canários de cor em vigência. 
As diferenças entre machos e fêmeas são tão grande que eles são inclusive julgados separadamente. 
As principais características de cor dos canários mosaicos são: 
Nos machos – maior presença de cor (lipocromo nas seguintes regiões: máscara facial, encontros (ombros), uropígio (região próxima à cauda) e peito. 
Nas fêmeas – atuação mais reduzida da cor nas mesmas regiões do macho, sendo que a máscara facial é substituída por um leve traço de cor na altura dos olhos. 
Além dessas diferenças em relação à cor; os canários mosaicos apresentam outras características morfológicas que evidenciam a masculinidade ou a feminilidade do exemplar. 
Essas características, apesar de presentes em outras variedades, são muito mais pronunciadas nos mosaicos. Os machos mosaicos possuem peito mais amplo, cabeça maior, pescoço e bico mais forte do que das fêmeas. 
Em relação ao tamanho, normalmente os machos são maiores do que as fêmeas, o que nem sempre ocorre nas outras variedades. 
Resumindo, nos mosaicos, os machos são mais “masculinos” e as fêmeas mais “femininas” do que nas outras cores. 
Todas essas particularidades fazem com que os mosaicos sejam uma categoria diferenciada dentro da canaricultura de cor de competição, o que explica o seu crescente número de adeptos.

Mosaicos III

O padrão mosaico de distribuição lipocrômica é uma herança genética da hibridação do canário com o tarim – pintassilgo da Venezuela que através de seleção rigorosa, durante muitos anos, atingiu o limiar da perfeição se assim o podemos dizer. Há, entretanto controvérsias neste artigo. Os autores italianos Canali e Gasparini defendem que o fator mosaico é na realidade uma mutação e não resultado de transferência genética de hibridação conforme consenso aceito mundialmente. Cores bastante apreciadas entre os criadores podemos dizer que se os Belgas se gabam de ser os melhores do mundo, a frente dos italianos, nós não ficamos atrás. Temos visto pássaros fantásticos em criadouros nacionais e posso até mesmo dizer que melhores do que os europeus.

Na realidade há um certo equilíbrio entre os mosaicos da Bélgica e os italianos. Para isto basta observar os resultados do último campeonato mundial e comparar. D-8 Lipocrômicos amarelo mosaicos
Bélgica: não classificou
Itália: 1 lugar
D-14 Lipocrômicos vermelho mosaicos
Bélgica: não classificou
Itália: 1 lugar
D-22 Lutinos mosaicos
Bélgica: 1, 2 e 3 lugares
Itália: não classificou
D-24 Rubinos mosaicos
Bélgica: 1, 2 e 3 lugares
Itália: não classificou
Deixando de lado a disputa européia voltemos ao nosso tema do artigo. Existem dois padrões muito bem definidos de canários mosaicos: um para o macho (Tipo 2) e outro para a fêmea (Tipo 1).
Standard Tipo 1
Principais características
- Linha ou traço ocular
- Marcação do peito
- Marcação dos encontros
- Marcação do uropígio
a) Linha ou traço ocular
Devem ser bem definidas, simétricas e de preferência partindo atrás dos olhos. A falta de simetria deve ser penalizada proporcionalmente. Qualquer imprecisão não é bem vista. Não há porque tolerar pássaros com marcações oculares espalhadas se sabidamente temos exemplares que preenchem os requisitos do padrão. Sua ausência também não é aceita.
b) Marcação dos encontros
Deve ser bem visível, concentrada e precisa. Não deve se estender muito ao dorso e nem muito às remiges. O lipocromo deve ser o mais intenso possível nesta área.
c) Marcação do peito
Uma pequena mancha colorida (em torno de 1 cm2 de área) ovalada preenche os requisitos do standard. Sua ausência é menos grave do que uma marcação muito ampla, borrada. Aqui, também, o lipocromo deve ser o mais intenso possível.
d) Marcação do uropígio
É a menos importante de todas no julgamento embora deva se ater ao preconizado no padrão. Marcações extensas não são desejáveis. O ideal é que seja mais concentrada e mais precisa. Seu brilho e intensidade também são importantes.
 
 


Mosaico tipo 1 (fêmea) Aspecto lateral, observando-se linha do traço ocular, partindo atrás do olho e ainda apresentando belo constraste entre o manto e o encontro (bem definido, porém de intensidade que deixa a desejar).

Mosaico tipo 1 (fêmea) Visão frontal com destaque para marcação do peito - sutil - observando-se ainda, testa desprovida de lipocromo conforme requerido pelo padrão.

Standard Tipo 2
Principais características:
- Máscara
- Encontros
- Marcação do peito
- Uropígio

a) Máscara
O padrão para o macho é bem diferente daquele para a fêmea. Maior quantidade de lipocromo é observada respeitando naturalmente características do padrão. Deve ser bem evidente e bem definida. Não pode se estender à nuca e nem ao peito. Seus limites devem ser precisos ao máximo. Olhos centrados dentro dela. Um defeito freqüente é a falta de contorno bem desenhado embaixo do bico. Quanto mais intensa melhor.
b) Encontros
Devem ser simétricos e bem marcados por lipocromo intenso de preferência. A cor não deve subir ao manto dorsal porem são mais evidentes do que nas fêmeas. Pássaros “intensos” (plumagem muito curta) tendem a apresentar melhor marcação de encontros.
c) Uropígio
Bem definida, intensa de preferência e não se estendendo muito à cauda.
 
 


Mosaico tipo 2 (macho) Máscara bem definida, com bom contorno inclusive em baixo do bicxo, apresentando lipocromo vermelho intenso de boa qualidade.

Mosaico tipo 2 (macho) Aspecto lateral destacando-se a forma triangular da máscara com o olho bem centrado.


 
 


Mosaico tipo 2 (macho) Visão frontal, observando-se sufusão lipocrômica adequada no peito, encontros bem delimitados e máscara de bom contorno. (fotos G.Vecchio).

Mosaico tipo 2 (macho) Detalhe do encontro, observando-se boa intensidade de coloração e contraste em relação ao manto. Discreto nevadismo em sua área central.


 


Mosacio tipo 2 (macho) Visão posterior com destaque para a nuca, parte alta do dorso e encontros. Máscara terminando de acordo com o padrão sem estender à nuca.

Mosaico tipo 2 (macho) Detalhe do uropígio. Seria desejado maior intensidade de cor.

CONSELHOS PARA CRIAÇÃO
Embora atualmente se admita o consenso da criação dirigida para obtenção de machos ou de fêmeas é preciso ressaltar que de um determinado casal de bom padrão possa nascer bons machos e boas fêmeas, com certa freqüência. Assim é preciso considerar aspectos inerentes aos anseios e limites de cada criador. Aqueles que se dedicam exclusivamente à linha clara com ou sem fator e criando com número elevado de casais devem trabalhar com fêmeas mascaradas para obter melhores machos e machos com máscara pouco evidente para se obter boas fêmeas. No entanto, aos pequenos criadores aconselhamos o acasalamento de dois bons exemplares bem definidos de acordo com o padrão específico. Ressalta-se que machos com características de fêmeas podem não ser prolíficos. Por outro lado machos com máscaras exuberantes, estendendo-se à nuca jamais deverão ser acasalados com fêmeas fora do padrão sob risco de se obter somente machos e fêmeas mal definidos. O conceito de se introduzir canários brancos e branco dominante para melhorar o manto dos mosaicos (torna-lo mais branco) é equivocado e não conduz a pássaros mais bem marcados.
CONCLUSÃO
Os canários mosaicos representam uma das mais belas categorias sendo apreciados pela maioria dos criadores mas, no entanto, são de difíceis de se trabalhar. Obter vários exemplares com as características desejáveis do padrão requer um bom manejo e seleção rigorosa.
Finalizando sugerimos que os criadores de mosaicos da linha clara com fator somente devam usar substâncias corantes (cantaxantina ou similar) após a oitava semana de vida do filhote, evitando ainda que tenham penas arrancadas para não quebrar a simetria. Não se esqueçam da forma e do tamanho pois são itens fundamentais no conjunto.

 

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