27 de jul. de 2011

A PLUMAGEM DOS CANÁRIOS

A PLUMAGEM DOS CANÁRIOS 
Comprimento, pigmentação e colocação

A plumagem tem fundamental importância no Fenótipo dos canários!
Uma plumagem sedosa e aderente ao corpo, além de proporcionar maior beleza,
facilitará o visual do desenho dorsal e de flancos nos CANÁRIOS MELÂNICOS, assim
como permitirá melhora da colocação amarela ou vermelha nos exemplares
LIPROCRÔMICOS assim como nos MELÂNICOS. Dentre as características
complementares, este é o item de maior importância na Tabela de Pontuação da
OBJO/FOB, valendo 15% do total de pontos do exemplar em julgamento.

O COMPRIMENTO DAS PENAS
Existem três tamanhos básicos de pena: curtas, médias e longas.
As PENAS CURTAS são aquelas que ficam bem aderente ao corpo e podem ser
facilmente observadas nas espécies silvestres. Isto ocorre devido a necessidade de
rapidez no vôo e pela facilidade da cópula durante o acasalamento.
As PENAS MÉDIAS são aquelas que deixam o exemplar volumoso e, às vezes,
com facho lateral prejudicando sua estética.
Em nossos criadouros, quando acasalamos um canário que possua penas longas,
para facilitarmos a fecundação, cortamos o excesso de penas próximas à região da
cloaca, tomando cuidado para não cortarmos as plumas que saem diretamente da borda
desta.
Os silvestres em seu “habitat” natural, normalmente não têm este tipo de
plumagem, pois a própria natureza se incumbe de dificultar a multiplicação destas aves.
Existem várias evidências práticas que nos permite caracterizar o canário como
sendo de plumagem CURTA:
a) a plumagem é aderente ao corpo, sem fazer fachos laterais, assim como não
se sobrepõe exageradamente aos ombros.
b) Ao assoprarmos a barriga do pássaro, não teremos dificuldades em observar
sua pele e ou plumagem; e
c) O pássaro, após tomar banho, seca-se rapidamente.

TRANSMISSÃO GENÉTICA DO TAMANHO DA PENA
O comprimento da plumagem é transmitido geneticamente com comportamento
AUTOSSOMAL. Existindo uma relação de DOMINÂNCIA PARCIAL, entre seus alelos.
Como se sabe, cada elemento do casal colabora com 50% das informações
genéticas aos descendentes. Em se tratando de Dominância Parcial, o entrelaçamento
destas informações traduzirá CARACTERÍSTICAS INTERMEDIÁRIAS NO FENÓTIPO da
prole.
Assim sendo, devemos acasalar exemplares que possuam penas curtas x penas
médias, ou penas médias x penas médias, pois assim conseguiremos maior número de
filhotes com características de plumagem intermediária, de acordo com a curva de Gauss.
Não devemos acasalar penas longas, pois poderemos promover maior incidência
de quisto.
Por outro lado, o acasalamento consecutivo entre exemplares de plumagem curta
também deve ser visto com certa cerimônia, pois o resultado poderá apresentar alguns
filhotes muito finos, perdendo ponto na forma e, as vezes, com falta de pena em algumas
regiões do corpo.

A PIGMENTAÇÃO
As penas são formadas por dois tecidos: a EPIDERME e a MESADERME.
A mesaderme é responsável pela produção de células querantinizadas que
formam a estrutura das penas, sendo a mesaderme responsável pela pigmentação e
nutrição da plumagem durante seu crescimento.
Os pigmentos são fornecidos às penas através de células especiais chamadas
MELANÓCITOS.
Estes melanócitos produzem as melaninas e as depositam em forma granular nas
penas. Após realizarem sua função, os melanócitos se auto-extinguem.
Veja que a produção das melaninas é feita pelo próprio organismo do pássaro. As
Melaninas são divididas em EUMELANINA NEGRA, EUMELANINA MARRON e em
FEOMELANINA.
Qualquer das Eumelaninas se deposita nas penas de dois distintos:
CONCENTRADA na região central das penas formando as ESTRIAS e “PULVERIZADA”
SOBRE a plumagem formando a Envoltura.
A Eumelanina espalhada por todas as regiões da plumagem do pássaro
(envoltura), ao se misturar com o lipocromo e também afetados pelo fator Azul, modificam
a sensação visual provocada pelo lipocromo puro. Assim, os canários MELÂNICOS DE
FUNDO AMARELO, passaram a ter visual VERDE (por exemplo: nos verdes e nos ágatas
amarelos), assim com nos de FUNDO VERMELHO, esta mistura visual cor de COBRE
(por exemplo: nos canários Cobres e, em menos escala nos Ágatas Vermelhos).
Por outro lado, a FEOMELANINA se localiza, principalmente, nas bordas das
penas. Esta e indispensável em praticamente todas as cores em exceção dos FEOS e
dos CANELAS PASTÉIS, onde desempenham função decisiva na obtenção de
exemplares de alto nível. Como o hormônio feminino (progesterona) é estimulante da
presença de feomelanina, as fêmeas normalmente apresentam maior quantidade deste
pigmento que os machos (pelo menos numa mesma ninhada).

A COLOCAÇÃO
Durante seu crescimento, as penas são coloridas pelos Carotenóides amarelos ou
vermelhos, dependendo das exigências genéticas do pássaro.
Os Carotenóides são pigmentos vegetais que, normalmente, fazem parte da
alimentação do canário e que, para colorirem as penas associam-se a substâncias
gordurosas.
OBS: como já vimos, os pigmentos melânicos são produzidos pelo próprio
organismo do pássaro, porém os Carotenóides são adquiridos através dos alimentos.
Geneticamente, os canário possui a propriedade de colorir sua plumagem, sendo
esta ação de três pares de genes diferentes:
FASE a) o carotenóide é absorvido pelo intestino;
FASE b) este é transformado no fígado em pigmentos lipossolúveis (lipocromo);
FASE c) o lipocromo é depositado na pela e posteriormente colore a plumagem.
De posse destas três informações podemos concluir que:
- quando estas três etapas forem completadas estaremos diante de um canário
de cor de fundo amarelo ou vermelha;
- se a fase “a” (ver acima) não ocorrer, ou seja, não houve absorção de
carotenóides pelo intestino, não haverá lipocromo a ser depositado na
plumagem. Logo, o exemplar será de fundo branco.
OBS: este exemplar acima citado pode ingerir até mesmo caroteno vermelho, que
mesmo assim, não apresentará nenhuma mudança na tonalidade do seu branco.
Entendeu porquê?

OS CAROTENÓIDES
Os carotenóides podem ser classificados em carotenos e xantofilas.
O caroteno mais conhecido é o Betacaroteno. Ele não consegue transpor as
paredes intestinais do canário, portanto não influi na colocação das penas, sendo
entretanto, muito importante, já que é formador da vitamina “A” necessária ao
desenvolvimento orgânico do pássaro.
As xantofilas são carotenódes que conseguem transpor a parede intestinal dos
canários, porém necessitam de substâncias gordurosas para conseguirem ser absorvidos
pelo organismo. As xantofilas mais conhecidas são: a luteína e a zeaxantina que dão
colocação amarela, além da cantaxantina e a rodoxantina que dão colocação vermelha à
plumagem.
A luteína e a zeaxantina são pigmentos naturais ingeridos normalmente na
alimentação diária do canário. A luteína provém principalmente da sementes, sendo este
o pigmento responsável pela coloração limão da plumagem.
A zeaxantina provém, principalmente, da gema do ovo e do milho amarelo. Esta é
transformada pelo fígado em corantes alaranjados, influenciando negativamente na
tonalidade ideal para concursos.
A cantaxantina e a rodoxantina são pigmentos que dão colocação vermelha,
porém não fazem parte da dieta dos canários, necessitando portanto, serem adicionados
diariamente à ração na forma industrializada para que se tenha a cor vermelha
uniformemente distribuída em toda a plumagem, pois o organismo não possui a
capacidade de armazená-las.
A cantaxantina é o pigmento que dará cor mais intensa e maior brilho à
plumagem, sendo o pigmento ideal para ser administrado. É encontrado em diversos
produtos.
A rodoxantina dará uma tonalidade mais fosca à plumagem, devendo ser evitada
na dieta dos canários com fator vermelho.
Uma boa carotenização vermelha depende além do tipo e da qualidade do
caroteno a ser ingerido, da qualificação genética que o pássaro possua, pois esta
absorção é feita pelo organismo, e controlada por genes que deverão ser capazes de
imprimir vermelho forte, permitindo seu melhor aproveitamento.
Logo, não adianta oferecer caroteno vermelho em excesso, pois a plumagem não
se tornará mais vermelha já que o organismo do pássaro devolverá todo o excesso
através das fezes. Verifique em seu criadouro, quando o pássaro estiver com fezes muito
vermelhas, significa que a oferta está grande, o ideal é que estas estejam com a
coloração rosada.
OBS: estes produtos são sensíveis ao ar, calor, luz e umidade. Portanto,
mantenha a embalagem que o armazena protegida do sol e bem fechada.


A INTENSIDADE DO LIPOCROMO
A intensidade do lipocromo é ligada ao comprimento da pena.
Procure observar que é muito difícil conseguirmos um exemplar de plumagem
volumosa que tenha coloração otimizada.
Pense neste exemplo:
Um pintor possui dois baldes de tinta de mesmo volume para pintar duas paredes
de tamanhos diferentes: uma medindo 3m x 4m e outra 5m x 7m.
PERGUNTA-SE em qual parede ele conseguirá cor mais concentrada utilizando o
mesmo volume de tinta?
RESPOSTA é claro que na de área menor!
Assim ocorre com a plumagem. Se a pena for curta, a tendência será termos
pena com maior intensidade de cor, porque a mesma qualificação genética do pássaro,
será mais fácil para ele imprimir mais caroteno numa área menor.

CONCLUSÃO
Como observamos neste artigo, a plumagem é realmente fundamental para uma
boa apresentação do canário nos concursos.
Se este possuir penas curtas ou médias, levará boa vantagem na colocação
destas, conseguindo maior intensidade de lipocromo, maior depósito de melaninas, assim
como, melhor forma do exemplar.
Outro item importante é a alimentação, principalmente enquanto a pena estiver
em crescimento, já que é através de alimentação adequada que obteremos melhor
qualidade e uniformidade do lipocromo, seja este amarelo ou vermelho.
A partir da total formação da pena, a coloração e a pigmentação só poderão ser
influenciadas pelo meio ambiente (sol, por exemplo) ou pelo uso de algum produto
químico.
Mas isto é assunto para outro artigo...

Fonte: Eliane Seixas e Gilberto Seixas   -  Revista da UPCC - 2001

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