5 de ago. de 2011

PERDA DE VOZ

PERDA DE VOZ
Luiz Alberto Shimaoka
Médico Veterinário CRMV-SP 6003
Falaremos neste segmento um pouco sobre um tema que é de grande interesse entre as
pessoas que apreciam aves canoras, pois tem um certo grau de incidência dentre as
aves que conhecemos.
A perda de voz é decorrente da inflamação da estrutura que chamamos de seringe que
é a dilatação da parte inferior da traquéia (leva o ar do bico até os pulmões). Seringe é
o órgão fonador, que emite som (de onde vem o canto), das aves. Devido a alterações
da parede da seringe temos a falha na voz da ave, podendo esta ficar com o canto falho
e até mesmo perdê-la totalmente. Alterações que podem decorrer de várias causas e
fatores, como:
- Desnutrição
- Processos infecciosos causados por bactérias, fungos, vírus, leveduras, etc.
- Parasitas como ácaros de traquéia, ácaros de sacos aéreos e vermes traqueais (que
causam pevite).
- Traumas físicos
- Corpos estranhos como sementes inteiras ou quebradas, alimentos, sondas, secreções,
objetos, etc.
- Neoplasias (câncer)
- Processos alérgicos
- Processos inflamatórios Dentre as causas de maior interesse no aspecto alimentar
temos a deficiência de vitamina A, que é de grande importância no bom funcionamento
do organismo. Atua de modo direto sobre a divisão celular e renovação de tecidos e
órgãos e a sua falta provoca um espessamento da parede de revestimento, podendo
acarretar na traquéia, o seu espessamento e a formação de placas de tecido morto, que
podem levar a sérios problemas respiratórios provocando assim alteração na qualidade
de canto das aves.
Os processos infecciosos podem levar a inflamação severa do sistema respiratório,
podendo acarretar numa maior dificuldade de respiração da ave e conseqüente alteração
da qualidade de canto da mesma. Nestes casos, se o processo inflamatório atingir a
seringe, fatalmente teremos alteração na qualidade do canto.
Os processos inflamatórios podem ser causados por processos infecciosos como vimos
anteriormente, mas também por processos irritativos como friagem (correntes de
ventos; mudanças bruscas de temperatura, exemplo ar condicionado), esforço para
cantar (forçar em demasia o canto em aves muito territorialistas); fornecer alimento ou
água muito fria em dia muito quente, promovendo o choque térmico; fornecimento de
alimentos de granulação que possam favorecer a irritação da região comum para a
respiração e alimentação (região orofaríngea) provocando sua extensão para a traquéia
e seringe; etc.
No caso dos ácaros e vermes traqueais temos as lesões ocasionadas pela ação direta
dos mesmos na região e que podem facilitar o desenvolvimento de bactérias e
fungos, levando a quadro respiratório de variados graus.
Traumas de traquéia com perda da conformação normal do mesmo podem levar a
alterações de voz, pêlos danos e estreitamento dos anéis traqueais e por ação direta
sobre região de seringe.
Corpos estranhos agem de modo direto, provocando lesão e alteração local, favorecendo
mudanças do padrão da respiração e voz. Neoplasias (câncer) também têm ação
semelhante aos corpos estranhos, apesar de serem extremamente raros.
Processos alérgicos podem levar ao aumento de secreção dentro da traquéia facilitando
o aparecimento de outros problemas secundários, como infecções bacterianas, fúngicas,
etc, afetando diretamente na qualidade da voz da ave.
Até agora nos atamos em causas de alteração de voz provocadas por alterações
presentes dentro da traquéia e seringe, mas devemos nos lembrar de que o que
promove a movimentação da seringe para efetuar a grande variação de notas dos
cantos das aves são conjuntos de músculos, situados perifericamente a mesma.
Logicamente temos que qualquer alteração na função da musculatura local provocará
uma desafinação e conseqüentemente alteração da voz, podendo até mesmo deixá-la
rouca ou mesmo sem voz. Friamente podemos dizer que alterações nestas duas
estruturas da seringe (porção física e porção muscular) é que afetarão diretamente na
qualidade de voz das aves.
Os sinais que antecedem a perda de voz podem ser iniciados de variadas formas:
- tosse
- espirros
- alteração no padrão de respiração como dificuldade de respiratória, sons alterados,
estalidos, etc.
- secreções pelas narinas e bico.
- até atingir alterações fortes levando a perda parcial ou total de voz.
O diagnóstico é baseado em:
- Anamnese - que nada mais é do que o histórico do processo, pois podem revelar
falhas de manejo que podem levar ao quadro do problema.
- Exame físico - é efetuado um exame minucioso da ave a fim de detectar alterações
que possam acarretar no problema.
- Exames laboratoriais – como cultura de bactérias e fungos a fim de detectarmos qual o
provável agente causador do problema caso for de fundo bacteriano ou fúngico, ou
outro agente.
- Radiografia - nos auxilia nos casos de obstrução por corpos estranhos, traumas,
câncer, etc.
- Endoscopia - em aves de portes mais avantajados onde se possam fazer este tipo de
exame, como complemento, para um diagnóstico mais preciso.
Como vimos existem muitas possibilidades de doenças que afetam o sistema
respiratório, levando a uma alteração no padrão de voz das aves.
Devemos ter como rotina efetuar o tratamento correio o mais breve possível para que o
problema não se tome crônico e dificulte o processo de cura da ave. Quanto mais rápido
for efetuado o diagnóstico e tratamento, maiores são as chances de total recuperação
das aves. Como recomendação podemos alertar quanto
a evitar efetuar tratamentos empíricos ou caseiros, pois estaremos facilitando o
desenvolvimento da doença e possivelmente dificultando o diagnóstico, quando esta
ave é encaminhada para um Médico
Veterinário. Procure auxílio de um Médico Veterinário sempre que possível.
Boa sorte a todos!
Luiz Alberto Shimaoka
Médico Veterinário CRMV-SP 6003

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