5 de ago. de 2011

PREVENIR E CURAR AS DOENÇAS

COMO PREVENIR E CURAR AS DOENÇAS
Franco Nicolini e G. de Baseggio – Itália
Revista SOBC 2002
Com a improvisação não é possível manter distante as doenças (F. Nicolini)
Infelizmente, não obstante os insucessos obtidos ano após ano, muitos "improvisadores"
(que não merecem o nome de "criadores") continuam a deter (e a fazer morrer), com
contínuo sofrimento, das pobres criaturas aladas que têm o azar de ter caído nas mãos
de pessoas que de tudo sabem fazer, exceto de ter humildade e vontade de aprender as
técnicas correras para manter distante as doenças, preferindo obter insucessos após
insucessos com a vã esperança de encontrar um "remédio milagroso" (que não existe!)
que possa resolver todas as dificuldades.
(Refiro-me às aquisições de novos exemplares, de inumeráveis proveniências negócios
de animais, mercado de aves, de captura, de importação e, até mesmo, adquiridos
também de criadores capazes etc.), todos amontoados juntos, num mesmo local,
freqüentemente em número excessivo (superpopulação) com escassa higiene e carência
de oxigênio, sem adequados controles e sem quarentena e sem as periódicas
desinfecções e desinfestações.
Nestas condições, sempre descobrimos as doenças que "empestam" tudo: aves,
utensílios, janelas, portas, paredes, chão, teto e a própria pessoa que detém, de modo
lastimável, os pobres pássaros.
Há tempos atrás G. de Baseggio me dizia que, nas criações mal conduzidas, a
Salmonelose (causada pela Salmonella typhi murium e outras espécies) e a
Colibaciolose (provocada pela Escherichia coli e numerosas variantes) estão muito
difundidas e podem facilmente infectar o próprio criador, o qual, por sua vez, pode
infectar outras pessoas e animais. E isto vale para muitas outras, mais que 20, doenças
que através de aves doentes podem atingir o homem.
Destacamos novamente os perigos potenciais (ou seja, aves doentes que podem
infectar o criador e vice-versa), para que os leitores levem em conta que "tendo-se aves
doentes e em ambiente anti-higiênico pode-se adoecer" (por ex. a pessoa toca em
utensílios ou nas aves doentes sem uso de luvas mãos sem luvas e depois pega na
comida ou enfia o dedo no nariz: o agente patógeno entra no corpo do criador que pode
adoecer).
Ao contrário, se as aves estão todas em ambiente saudável, criada com boas condições
técnicas, sem superpopulação, em número proporcional seja às dimensões do local e
seja "ao tempo disponível do criador", com periódicas desinfecções e "quarentena", as
aves estando bem, assim elas não podem infectar.
É um conceito simples! Mas, pelo meu conhecimento dos criadores, são pouquíssimos
aqueles que se preocupam com esses problemas sanitários.
Pode-se muito bem criar animais sem perigo, porém é necessário adotar-se as
necessárias normas higiênicas e correram técnicas.
É uma deletéria atitude, muito difundida, por parte de muitos "improvisadores", efetuarse
"tratamentos em massa", empíricos, sobre todos os sujeitos, freqüentemente
seguindo "conselho" de um bom "amigo", sem tomar nenhum parecer de um veterinário
especializado ou de uma pessoa verdadeiramente competente, mas somente pelo "ouvi
dizer". Esta desastrosa prática, seguramente cria uma infinidade de problemas
sanitários, enfraquecendo gravemente as aves (que, nestas condições, sempre mais
facilmente são agredidas pelas doenças), enquanto que outros agentes patológicos
(bactérias, vírus, fungos etc.) tornam sempre mais nefastos os "padrões" da situação, a
"resistência aos fármacos" (antibióticos etc.) se faz sempre mais incisiva, reduzindo ou
anulando o efeito curativo de muitos medicamentos!
No meu criadouro não pratico "terapia de massa" porque é desnecessária. Não porque
no meu criadouro não exista nenhum problema (criando-se espécies delicadas, os
problemas sempre existem), mas simplesmente porque, "adotando-se todas as
necessárias correias técnicas", sempre repetidas e destacadas por!
G. de Baseggio nos seus livros e artigos, os problemas, quando' aparecem, são mais
leves e, assim, quase sempre superáveis com resultados positivos.
Em um criadouro bem conduzido, salubre e higiênico, com a maior parte das aves com
perfeita saúde, o controle sanitário deste ou daquele sujeito, descondicionado ou doente
(que deve ser logo isolado, melhor se em um outro local, limpo e com aquecimento se
necessário), é assim sempre possível.
Respeitando-se as correras técnicas, as normas higiênicas e evitando-se ao máximo os
erros alimentares, pode acontecer que um exemplar fique "fofo" (plumagem arrepiada),
entristeça, se isole num poleiro; ao exame se encontre um "esterno afiado" (músculos
laterais atrofiados) ou o abdome fique avermelhado e/ou inchado ou o fígado
hipertrofiado (visível como uma mancha violácea ou amarronzada na borda do lado
direito do abdome, logo abaixo das costelas). Estes casos, mesmo em um criadouro
"são", são muito raros, mas acontecem (as causas são tantas: as mais freqüentes são
as sementes velhas, mofadas, sujas).
Nestas situações não se deve perder a calma (geralmente efetuando o grave erro de
uma "terapia de massa"), mas enfrentar o problema com bom senso.
Como se comportar quando um sujeito adoece?
O isolamento do doente num outro local, dentro de uma "gaiola enfermaria" ou em uma
gaiola recoberta por um xale de lá (deixando aberto só na frente), talvez apoiada sobre
dois baldes invertidos, com adequada distância um do outro, colocando entre os dois
baldes um soquete sob a gaiola com uma lâmpada de 40 ou 60 watts acesa (que aquece
o interior da gaiola com temperatura entre 22 a 26° C, medida com termômetro) é a
primeira coisa a se fazer para evitar a difusão de eventuais doenças contagiosas.
Se o sujeito apresenta o ventre inchado e avermelhado, me comporto como se segue.
Aqueço-o como acima foi dito. Observar o sujeito: tem-se a plumagem normal, não
fofa, e o bico fechado (tem o bico aberto se existe uma doença do aparelho respiratório)
significa que a temperatura está certa; tem-se a plumagem fofa, significa que faz frio;
se tem a plumagem muito aderida e o bico aberto com respiração ofegante, a
temperatura, neste caso, está excessiva).
A - Suspender a administração de verduras e de pastas;
B - Oferecer uma mistura de sementes frescas e não muito rica em gorduras (sem
niger; são ótimas as sementes de alpiste, perila e alface branca);
C - A cada manhã, em um bebedouro de 50cc, colocar na água de beber (melhor se
água oligomineral leve) 10 gotas de Fordin(r) (Formenti) adicionada a 4 ou 5 gotas de
um bom vinagre. À tardinha retirar tudo, renovando a solução na manhã seguinte, isto
por 3 a 4 dias seguidos;
D - Sucessivamente, em dias alternados, por 5 a 6 dias consecutivos, administrar um
integrador biológico, à base de lactofermentos vivos e vitamina do complexo B: Neolactoflorene(
r) (Monte Farmaco), para uso humano, que se adquire em farmácia sem
receita, em 7 flaconetes. Dose: o conteúdo de um flaconete em meio litro de água
(manter tudo em refrigerador).
Normalmente, depois de alguns dias do referido tratamento, as aves se restabelecem
plenamente. Se são notados sinais de fígado hipertrófico (mancha escura no lado direito
do abdome) não é necessário o isolamento em outro local, mas em uma pequena gaiola
no mesmo local. Inicia-se o seguinte tratamento:
l - Administrar uma mistura de sementes frescas e com pouca gordura;
2 - Oferecer um hepatoprotetor, por ex. Polievo(r) na apresentação injetável (não usar
o produto em suspensão nem em comprimidos; é necessária uma receita médica ou
veterinária), para uso humano, em farmácia. É a base de aminoácidos sulfurados. Dose:
uma ampola para cada litro d'água oligomineral leve (duas ampolas/litro nos casos mais
graves), durante 6 a 8 dias seguidos;
3 - Abolir verduras e pastas.
Nota: o Polievo(r) tem se demonstrado muito útil durante a muda e com os sujeitos
recém-adquiridos.
Se após 15 dias do início do tratamento o sujeito não responde positivamente, há a
possibilidade de se estar diante de uma hepatite micótica (candidíase etc.) quase
sempre acompanhada de fezes moles e esbranquiçadas; se, ao contrário, as fezes são
diarréicas, extensas, e/ou esverdeadas, é provável a presença de uma salmonelose ou
uma colibacilose, ou ambas.
Como comportar-se no caso de uma hepatite micótica
Tratando-se de uma aspergilose, que eu saiba, não existe uma cura eficaz, mas
somente prevenção ambiente.
Muito seco, higiênico, desinfetado, com "duplo fundo" para evitar o contato direto com
as fezes, papel absorvente no fundo desinfetado; abolir os fundos que causem poeira;
sementes sãs isentas de micotoxinas etc.).
Se estivermos diante de uma candidíase (infecção por Cândida) deve-se procurar
entender como tal doença pode se desenvolver (as causas principais são: ambientes
úmidos, excesso de verdura, pastas úmidas administradas secas, resíduos de pastas
úmidas não retirados, falta de periódicas desinfecções com sais quaternários de amônia:
por ex. Steramina G (r) [Formenti];
sementes mal conservadas em ambientes úmidos e que têm desenvolvido as
micotoxinas; sementes germinadas ou amolecidas ou fervidas não bem preparadas e
não tratadas com antimicóticos e assim por diante).
Na presença de uma candidíase, como comportar-se?
A candidíase (chamada também "oidiomicose" ou “monilíase") é uma grave doença
micótica (causada por micetos), provocada pelo agente Cândida albicans. A doença
atinge preferencialmente o trato superior do aparelho digestivo (em particular: boca,
garganta, faringe, esôfago e papo); tanto nos adultos, mas mais freqüentemente nos
filhotes (placas esbranquiçadas no cavo oral), devido a pastas úmidas e sementes
fervidas, germinadas e amolecidas contaminadas pelo agente.
Lesões: placas esbranquiçadas (às vezes amareladas, esverdeadas ou amarronzadas),
aspecto cremoso, na cavidade bucal, faringe e papo. Raramente lesões a nível de
intestino. Enfim lesões: encefalite.
Sintomas: os sujeitos atingidos ficam abatidos, plumagem "dura", se isolam num canto
da gaiola. Notam-se: regurgitações freqüentes, dificuldade para se alimentar e para
deglutir, emagrecimento rápido; freqüentemente dificuldade respiratória, dispnéia, a
nível do bico uma substância sero-mucosa esbranquiçada (baba); enfim distúrbios
nervosos (tipo encefalo- malácia). Às vezes nas narinas e no bico e na base deste,
aparecem formas cutâneao-necróticas; enfim nas patas, raramente, formação brancoacinzentada
com anormal corneificações.
A candidíase é freqüentemente causada pelo prolongado uso de antibióticos.
Profilaxia: abolir tudo o que possa elevar o grau de umidade acima de 55%.
Possivelmente deve-se manter a umidade relativa do ar entre 40-45% (mediante
desumidificador). Abolir todas as causas que favoreçam a reprodução e difusão do
fungo.
Desinfetar tudo: utensílios, pavimentos, paredes, janelas, portas, teto, gaiolas e
voadeiras, mediante abundante e repetidas borrifações com uma solução de um bom
antimicótico (por ex. Steramina G (r) (Formenti); ou Sanisa (r) (Chemivit); Desi-plus(r)
(Nekton) e também antimicótico-desinfetante (G.de Baseggio aconselha um produto,
encontrado em farmácias, já pronto:
Germozero-spay (r) da Cario Erba. Comedouros e, principalmente bebedouros, devem
ser mergulhados em uma solução antimicótica, por ex. Sanisa (r): 10cc (1 cc=20 gotas
de conta-gotas) em um litro d'água; ou Steramina G (r) (uma colher em um litro
d'água) ou outros produtos similares; depois de serem bem lavados, os bebedouros
devem ser imergidos em um balde contendo a solução antimicótica pelo menos por duas
horas; depois escorrer (sem reenxaguar) antes de colocar a água de beber.
Terapia da candidíase
A boa profilaxia e a higiene geral acurada são determinantes para prevenir as doenças
(atenção aos alimentos úmidos e mal conservados; pastas, sementes, verduras
contaminadas). Atualmente, o veterinário J.P. André acha que não exista uma cura
totalmente eficaz. Em cada lugar há um medicamente anti-cândida. O Dr. F. Tarozzi
aconselha: Fungilin (r) xarope (Squibb), com anfotericina B; doses: 2 a 3 cc em um litro
d'água nos primeiros 5 a 6 dias; depois 1 cc/litro d'água por mais outros 7 dias
consecutivos. Renovar a solução 2 vezes aos dia, em bebedouros desinfetados.
O Dr. G. Venturelli aconselha: Micocid i (r) (Chemivit); doses: em um kg de uma pasta
leve seca colocar 100 gr do remédio, por um período de 7-10 dias consecutivos (um
envelope de 50g para 500 gr da pasta).
Um veterinário belga aconselha: por 10 dias consecutivos:
Nistatina (r): 1 ml/litro de água ou 2 ml/kg de pasta.
Do livro "Allevamento dei Carduelidi - Volume II

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